Em 9 de setembro, comemora-se o Dia do Médico-Veterinário. Nessa data, em 1933, a profissão foi regulamentada. E lá se vão 91 anos com muitas conquistas e novos duros desafios, como acontece em vários outros ofícios. Contudo, falamos de uma categoria próspera.
Esse profissional não está só na lida do campo ou em clínicas. Está no controle e vigilância sanitária, desenvolvimento de pesquisas e trabalho de extensão rural, seja em empresas, academia ou em órgãos públicos; além de funções gestoras ou mesmo empreendedoras, como executivos.
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Quem reuniu paixão e dedicação é José Abdo Hellu, diretor técnico e fundador da J. A. Saúde Animal.
Técnico renomado da bovinocultura seletiva, ele desenha como era vista “essa profissão” pela sociedade, lá por meados da última década de 70. “Não era nada disso. Não tinha valor”, explica.
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Empreendedorismo
Mas o empresário, em função de tantas dificuldades, passou a valorizar sua categoria e de uma observação de mercado – “faltava um medicamento importante e bastante usual” – iniciou o próprio negócio. Para ele, era uma questão de “estar antenado e acertar a mão com a necessidade”.
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Já para Janaína Braga, outra empreendedora, sócia da BE Animal, empresa especializa em consultoria para o bem-estar animal, entende que “empreender é um aprendizado; em outras palavras, escolha de ações que vão dar certo outras erradas, tudo no sentido de descobrir o melhor caminho”.
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Na opinião da empresária, “nenhuma tecnologia substitui ou substituirá 100% a presença de um profissional. O veterinário funciona como intérprete da realidade para uma determinada fazenda, pois nem toda a tecnologia é viável, em condições específicas, e categorias animais e sistemas produtivos”.
Desenvolvimento científico
Além disso a presença de um veterinário traz a capacidade de avaliar o todo, o cenário, ver detalhes, olhar todo o ambiente de maneira holística, fazendo com que o uso da tecnologia seja de fato a mais eficiente possível. Isso remete que a experiência de campo é sempre fonte para o desenvolvimento de ciência pura.
E nesse segmento, com muita formação e carreira acadêmica, também o médico-veterinário tem contribuído, sobremaneira, com a evolução de tecnologias e suas aplicações na produção tropical.
“Universidades por este país continental e a Embrapa trabalham nisso, sistematicamente, com grandes resultados”, conforme abordagem de Alessandra Nicácio, veterinária e pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS).
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Extensionismo e assistência técnica
E todas essas pesquisas chegam no produtor pela extensão, pelo técnico que faz o atendimento no campo, nas propriedades, por órgãos públicos ou privados, empresas fabricantes de insumos ou consultorias. Para Nicácio, isso é possível pela “boa formação universitária” desses novos profissionais.
A extensão rural pública assiste mais os pequenos produtores, enquanto os médios e grandes, mais por técnicos dessa iniciativa privada. “É um trabalho bastante efetivo e competente que reflete diretamente na produtividade do rebanho brasileiro”, afirma a pesquisadora.
Desafios
Mas José Abdo entende que, entre os grandes desafios da profissão, está o aprimoramento dos cursos de graduação no sentido de melhorar o trabalho médico de campo, dos diagnósticos às terapias e até intervenções cirúrgicas. “Há muita informação, porém pouca intervenção”, reforça.
Alessandra Nicácio acrescenta ainda a constante necessidade de atualização, por parte dos veterinários em exercício, exatamente, porque “a cada segundo surge novo conhecimento ou uma nova solução. São novas tecnologias, recursos para diagnósticos, tratamentos e medicamentos para respaldar o trabalho”.
O profissional tem de saber o que serve para esta ou aquela propriedade. Muitas vezes as respostas são distintas. “Eu entendo que quem não se mantiver atualizado, perderá espaço no mercado”, conclui a pesquisadora.