Produção brasileira de milho cai sem ameaças; ouça

A colheita da 2ª safra de milho 2023/24 tem início com estimativa de queda devido à redução de área e condições climáticas irregulares

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Puxada, exatamente, pelo Mato Grosso do Sul e Paraná, segundo a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, a estimativa de produção é 96,7 milhões de toneladas – 10,5% abaixo da temporada passada – com produtividade de 98,8 sacas por hectare (7% menor que na safra 2022/2023). Os dados envolvendo a 2ª safra de milho 23/24 foram apresentados no dia 23 de maio durante evento virtual.

“Apesar de ser uma safra menor, há bom potencial de produtividade em Mato Grosso e Goiás, compensando parte da quebra no MS e PR”, aponta André Debastiani, coordenador do Rally.

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Partindo do mesmo cenário, a Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho) vê a manutenção da normalidade.

É o que nos mostra Glauber Silveira, diretor executivo da entidade. Para ele, problemas eventuais de abastecimento interno podem surgir apenas em regiões específicas, aquelas mais distantes dos centros de abastecimentos.

Até por isso ele insiste em “intervenção estatal para um controle mais efetivo de estoques”.

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OUÇA  os comentários de Glauber Silveira

Cenário de lavoura – A expectativa inicial de um calendário ruim para implantação da 2ª safra não se concretizou. O encurtamento do ciclo da soja abriu uma janela muito favorável para o plantio do milho nas principais regiões produtoras.

Grande parte das áreas produtoras no Mato Grosso foi semeada em uma janela ideal, com chuvas bem distribuídas durante o desenvolvimento. O estado registrou o segundo plantio mais rápido de sua história – o primeiro ocorreu na safra 2022/23.

Goiás também implantou as lavouras de milho dentro de uma janela ideal e recebeu bons volumes de chuva em abril. Segundo levantamento da Agroconsult, 80% e 65% das lavouras desses estados, respectivamente, possuem alto potencial produtivo.

Já o Paraná e o Mato Grosso do Sul, apesar de terem implantado as lavouras em calendário muito mais favorável do que na safra anterior, devem registrar perdas decorrentes do clima seco ao longo dos meses de março e abril.

“O cenário do Mato Grosso do Sul, sem dúvida, é o mais preocupante. Toda a região Sul do estado foi afetada pela estiagem que já causou danos irreversíveis”, explica Debastiani.

Minas Gerais, Maranhão, Piauí e Tocantins, no entanto, implantaram as lavouras de 2ª safra em uma janela de maior risco climático, em razão do atraso da safra da soja. Com exceção de Minas Gerais, os demais estados foram beneficiados pelas chuvas tardias de abril.

O Rally sai em campo – Em campo a partir desta semana, seis equipes técnicas do Rally farão o levantamento quantitativo e qualitativo das lavouras da segunda safra em quatro estados produtores – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.

“Será o momento de dimensionar a safra, com dados sobre população de plantas, número de espigas, grãos por espiga, peso de grãos e condições fitossanitárias, entre outros, que irão refletir a produtividade no final da expedição”, explica André Debastiani, coordenador do Rally.

O coordenador do Rally observa que dois aspectos influenciam as projeções de área plantada: o cenário econômico e o calendário de plantio.

No início do ano, diante dos altos custos de produção e preços em queda, a Agroconsult considerou o contexto econômico para reduzir a estimativa de área plantada em cerca de 1 milhão de hectares.

Já em maio, a estimativa acabou sendo ampliada para 16,3 milhões de hectares (redução de 3,8% ou 662 mil hectares sobre 2022/23). “O cenário econômico continua desafiador, porém o calendário de plantio acabou sendo benéfico e impulsionou o plantio”, diz.

Há diferenças regionais importantes: o Paraná teve uma redução de área na safra 2022/23, mas, em 2023/24, a área cresceu 10,9% diante do bom calendário. Mato Grosso (com queda de 5,5% na área) e Goiás (com diminuição de 11,4%) tinham indicação de redução muito maior de área plantada, o que não aconteceu.

Minas Gerais, Maranhão, Piauí e Tocantins registram queda média de 20% da área de plantio, com cenário econômico e calendário de implantação ruins. Outro pilar que influencia a produção é o nível de tecnologia, que depende do fator econômico e, também, do calendário. Neste ano, o fator econômico pesou bastante.

Mais ou menos tecnologia – “O produtor priorizou manter a alta tecnologia nas lavouras plantadas dentro do calendário ideal. Mas, a partir do momento em que o plantio avançou para um calendário menos favorável, houve uma redução significativa nos investimentos, que se refletem em menos adubações e escolha de sementes de milho mais baratas”, complementa.

Calibrar a estimativa de produtividade de cada estado diante do clima, da janela de plantio e do investimento realizado em cada lavoura é a missão das equipes do Rally que iniciam a etapa milho nessa semana.

As estimativas pré-Rally apontam para queda de produtividade em todos os estados, com destaques negativos para o Mato Grosso do Sul, com 68 sacas por hectare (97,5 na safra passada), Paraná com 90 sacas/hectare (98 na safra anterior), e São Paulo, com 77 (89 na última temporada).

Os destaques positivos são para o Mato Grosso com projeção de 118 sacas por hectare (120,1 em 2022/2023) e Goiás, com 112 sacas/hectare (119 sacas/ha na safra passada). A produção total de milho (1ª e 2ª safra) é estimada pela Agroconsult em 123,4 milhões de toneladas, em área de 21,1 milhões de hectares.

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