Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
VACINAÇÃO DE VACAS CONTRA LEPTOSPIROSE
Você que vai iniciar a estação de monta agora em outubro, já deve ter vacinado as vacas com a primeira dose contra a leptospirose, há 30 dias. Agora deve-se repetir essa vacinação um ou dois dias antes da IATF ou do início da estação de monta.
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Num experimento paulista verificou-se que em condições de IATF essa vacinação reduz as perdas gestacionais (abortamento e/ou mortalidade embrionária) em 6% em novilhas e cerca 1% em vacas multíparas.
A leptospirose ocorre em todo território nacional, mas é mais presente nos rebanhos do Centro-Oeste, Norte e regiões baixas e úmidas dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo.
Touros empregados na estação de monta ou usados para repasse na IATF também devem ser vacinados, pois cerca de 5% da transmissão dessa doença pode ser pelo touro, que cobre uma vaca positiva, tendo possibilidade de levar a bactéria do muco vaginal contaminado para vacas sadias.
CONTROLE DE CARRAPATOS NO BRASIL CENTRAL
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A infestação de carrapatos (mais de 20 carrapatos na virilha ou barbela) é prejudicial para o ganho de peso, além de poder transmitir a tristeza parasitária, principalmente de animais meio sangue zebu-taurino ou taurinos puros, e ocasionalmente também em gado Nelore.
Geralmente, os chamados tratamentos estratégicos são feitos quando a população de carrapatos é bem menor, no decorrer do ano (entre julho a outubro, no Brasil Central).
Assim, se seu rebanho tem risco de contrair carrapatos trate agora e repita no final do mês de outubro os animais com 20 carrapatos ou mais, nos locais já comentados.
Como esses parasitas estão resistentes a maioria das diferentes bases farmacológicas de carrapaticidas, procure orientação do seu médico-veterinário de confiança ou faça o teste chamado biocarrapiticidograma, que é gratuito. Para tal, siga as instruções e envie carrapatos adultos para a EMBRAPA GADO DE LEITE (cnpgl.carrapato@embrapa.br) e o INSTITUTO DESIDÉRIO FINAMOR (www.ipvdf.rs.gov.br).
Os resultados saem em até 60 dias e geralmente o carrapaticida indicado como o mais eficiente funciona tiro-e-queda.
SURTO DE HIPOMAGNESEMIA EM VACAS TAURINAS EM SC
Experiente veterinário catarinense confirmou vários focos de hipomagnesemia (baixo teor de magnésio no sangue), também chamada de tetania das pastagens, que matou algumas vacas de corte taurinas, com mais de três a quatro anos de idade em propriedades dos municípios de Correia Pinto, Lages, São Joaquim, Campo Belo do Sul e Santa Cecília, no planalto catarinense.
Porém parte das doentes foram devidamente tratadas com medicamentos à base de magnésio e reverteram o grave quadro. Todas as fazendas adotavam o sistema integração lavoura-pecuária com altas adubações de nitrogênio e de potássio em pastagens de aveia e/ou azevém.
O excesso de potássio e de nitrogênio, além de outros fatores, interferem com a absorção de magnésio, o qual em sua deficiência irá provoca graves quadros de tremedeiras e convulsões, que podem matar o animal (foto).
No artigo de minha coluna na edição do mês de outubro da Revista DBO eu explico detalhes do desencadeamento e da prevenção dessa grave enfermidade metabólica. Não perca!
SURTO DE COCCIDIOSE EM BEZERRADA DO TRIÂNGULO MINEIRO
Veterinário de campo me relatou um surto de coccidiose que acometeu 12 bezerras da raça Nelore, num total de 40, numa propriedade mineira.
Segundo constatou, esse surto aconteceu após uma grande chuvarada na região, que provocou o surgimento de poças d’água dentro do cercado do “creep feeding”, onde existia grande concentração de bezerros.
Tudo indica que algum animal com a doença eliminou pelas fezes oocistos (ovos) de Eimeria spp, que permaneceram ativo dentro das poças e os demais bezerros tomaram posteriormente dessa água.
Os doentes começaram quase ao mesmo tempo a ter desinteria (eliminação de sangue vivo em fezes diarreicas) e graças a rápida intervenção medicamentosa não ocorreu morte de nenhum bezerro.
Surtos de coccidiose não são tão raros em bezerros em que se oferece o “creep feeding”, principalmente quando o cocho é baixo demais (menos de 20 cm de altura), favorecendo que a bezerrada defeque dentro do cocho.
Recomenda-se, para desinfetar e matar os oocistos, que a cada dois meses seja esvaziado o cocho, raspado para retirar sujidades e passado a chamada vassoura-de-fogo!
Deve-se preencher buracos no pequeno piquete ao redor do “creep fedding” para evitar o acúmulo de água. Os oocistos podem ser mortos com uma solução 1 para um 1 de ácido acético glacial (puro), porém essa solução é corrosiva e não deve ser usada em metais.
Mande sua notícia da presença de focos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em gado de corte para o seguinte email: ortolani@usp.br
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