Um inédito panorama do sistema brasileiro de confinamento acaba de ser divulgado pela Ponta, empresa de tecnologia focada na gestão da informação e da precisão na pecuária. De modo geral, o objetivo da pesquisa — respaldada por uma base de dados de 4,1 milhões de cabeças confinadas em 2023 — foi mapear a dinâmica e as estratégias em curso que estão prevalecendo nessa atividade pecuária, bem como viabilizar a identificação do perfil dos produtores que estão obtendo os melhores resultados com esse modelo de negócio.
Um recorte dos dados do referido report foram apresentados na palestra “Esquema tático: analisando as jogadas do confinamento em 2023”, no dia 11 de abril durante o Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, que aconteceu em Ribeirão Preto (SP). Paulo Dias, CEO da Ponta Agro, trouxe indicadores importantes para ilustrar a atual conjuntura pecuária de corte intensiva no Brasil, como os custos de reposição, valor de venda dos animais, comportamento do ágio ao longo dos últimos 5 anos, lucro por cabeça e estratégia nutricional, além do fluxo de movimentações de animais no 1º e 2º giros e seus respectivos indicadores zootécnicos.
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Alguns indicadores se destacaram por seu impacto nos resultados dentro da porteira, como o custo alimentar e o custo da arroba produzida, confirmando que o olhar atento aos custos de produção e à eficiência da operação é fundamental para a sustentabilidade da engorda intensiva. O grande diferencial do relatório elaborado pela Ponta é a visão analítica a partir de cada animal produzido em 2023.
“Estamos falando de análises robustas de uma base de dados muito ampla e que consideram informações de cabeças monitoradas e não simplesmente de lotes, ou seja, trazem uma visão mais precisa do desempenho da atividade”, explicou o CEO da Ponta, Paulo Dias. “Enquanto empresa de inteligência de dados, o nosso objetivo é entregar ao mercado um estudo que forneça subsídios para ajudar os confinadores a entenderem as melhores estratégias ao longo do tempo para planejarem a sua produção”, afirma.
O dinamismo do “ciclo curto”
Para o executivo da Ponta, nunca foi tão necessário o pleno alinhamento entre pessoas, processos e tecnologias para gerir a pecuária de corte que está cada vez mais veloz, haja visto a consolidação do segundo giro nos confinamentos bovinos — dinâmica avaliada por Paulo Dias como muito positiva, por dar ao produtor uma nova oportunidade de obter lucro caso o primeiro giro não tenha transcorrido a contento.
“A pecuária, de forma geral, se intensificou. Tudo o que era feito em quatro anos, agora é feito em dois. Ou seja, nesse novo modelo de ciclo, o risco aumentou muito e a dinâmica das tomadas de decisões não é mais a longo prazo. Neste cenário de ciclo curto, a propósito, a pecuária ainda precisa lidar com cinco tipos de produções distintas, relacionadas ao Boi China, Cota Hilton, Boi Europa, mercado interno e o mercado de carne especial, demandas que aumentam o nível de complexidade para o produtor”, analisa Dias. “E no caso dos confinamentos, vale lembrar que, anos atrás, os animais chegavam neste sistema para ganhar em torno de cinco arrobas. Agora, a sua importância no processo de terminação aumentou, visto que a média de ganho de peso nos confinamentos passou para 10@, o que demanda muito mais eficiência na gestão.”
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Dieta que dá lucro
É de amplo conhecimento da pecuária a importância da alimentação e do planejamento nutricional para o desempenho dos animais de gado de corte. E nessa seara, a pesquisa da Ponta ajuda a tangibilizar a relação que existe entre a dieta fornecida e o nível de lucratividade dos sistemas de confinamento. A apuração da companhia revela, por exemplo, que enquanto o lucro por cabeça girou em torno de R$ 800 na Região Centro-Oeste, em 2023, a lucratividade média na Região Sudeste ficou abaixo de R$ 500 por cabeça. E a nutrição animal é um dos principais fatores para essa diferença.
“Nossa base de dados mostra que no Centro-Oeste, região que é a principal produtora de grãos, o perfil nutricional dos alimentos é melhor do que no Sudeste. Por lá, o produtor tem melhor oferta de insumos nobres, como milho, soja e DDG, por exemplo, o que favorece o desempenho animal. Quando olhamos para o Sudeste, os ingredientes usados com mais frequência são diferentes e mais diversos, porque a luta do confinador dessa região por insumos é mais intensa”, esclarece Dias.
Quem está ganhando dinheiro?
“O confinamento se tornou uma atividade empresarial muito forte e, quando analisamos a nossa base de dados, conseguimos visualizar que há produtores que estão acompanhando as mudanças desse mercado, mas, por outro lado, há quem esteja ‘jogando’ com a cabeça de dez anos atrás. E essas pessoas estão perdendo lucratividade e patrimônio”, resume do CEO da Ponta.
Segundo Paulo Dias, os dados revelam que esse mercado está evoluindo rapidamente e, por isso, o perfil dos gestores dos confinamentos precisa ser mais dinâmico para fazer uma pecuária lucrativa. Além disso, esses profissionais também precisam ter a capacidade de olhar, de maneira integrada, as operações do confinamento, o mercado futuro e “a porteira para fora”, com especial atenção às negociações com os pecuaristas fornecedores de bois e também com os frigoríficos.
“O perfil de confinadores que se comunica melhor com a porteira para fora e sabe lidar com a eficiência da porteira para dentro, com bons níveis de integração entre pessoas, processos e tecnologias, está tendo lucro. Em nossa base, por exemplo, é o confinador que está lucrando cerca de R$ 1 mil por cabeça, enquanto há quem esteja ganhando um terço disso”, revela Dias. “Os empresários que entenderam essa nova dinâmica, têm utilizado melhor as tecnologias para tomar decisões rápidas e ampliar o nível de lucratividade. Resumindo, o confinador precisa ser dinâmico, ágil e analítico.”
Para ter acesso gratuito ao report da Ponta, clique aqui.