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Revista DBO | Outubro | 2024 | Ano 43

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Quem são os TOP 50 Taurinos 2024?

O Especial de Genética e Reprodução traz, pela primeira vez em sua história, o TOP 50 – Maiores Vendedores de Reprodutores Taurinos do Brasil, um levantamento extremamente relevante, iniciado, em 2016, pela Revista AG, que deixou de circular no início deste ano. DBO decidiu dar continuidade ao ranking, em parceria com a Assessoria Agropecuária FF Veloso & Dimas Rocha. Confira os resultados e novos participantes. 

Por Carolina Rodrigues

Os maiores vendedores de reprodutores taurinos do Brasil
 NOME DA FAZENDAESTADOCIDADERAÇASTOTAL
1GAP GENÉTICARSUruguaianaAngus, Brangus, Hereford e Braford582
2SENEPOL DA GRAMASPPirajuí Senepol345
3VPJ PECUÁRIASPMococaAngus, Brangus e Ultrablack294
4GRUPO PITANGUEIRARSItaquiBraford257
5SENEPOL DA CONQUISTA MTCuiabá Senepol198
6FAZENDA SONHO E REALIDADESCÁgua DoceHereford, Braford, Brangus, Devon, Limousin e Simental190
7AGROPECUÁRIA GUAPIARAPRLaranjal Brangus182
8FAZENDA BARRA GRANDEMGUberlândiaBonsmara180
9FAZENDA SANTA TEREZA RSArambaré Hereford, Braford e Brangus167
10SIGMA BRANGUSRSSantana do LivramentoBrangus152
11SANTA SILVÉRIASPPiratiningaBonsmara150
12SENEPOL 3GSPBarretosSenepol146
13ESTÂNCIA SILÊNCIORSAlegreteHereford e Braford144
14CANCHIM ILMASPAngatubaCanchim142
15BRANGUS BOITATÁ PRLindoeste Brangus140
16ESTANCIA BELA VISTARSSantana do LivramentoHereford e Braford133
17RUBY BEEF GENETICARSSão Gabriel e Santa Maria Devon e Bravon128
18FAZENDA RENASCENÇA SCVargem Angus, Brangus e Ultrablack127
19CABANHA SÃO FERNANDO RSQuaraíHereford e Braford120
20SENEPOL 3MSPColinaSenepol120
21CABANHA SOLDERARSPanambiAngus e Brangus105
22JAT BONSMARASPItapiraBonsmara100
23ESTÂNCIA GUATAMBURSDom PedritoHereford e Braford92
24ESTÂNCIA DO SOSSEGORSUruguaiana Braford90
25ESTÂNCIA PONCHE VERDE PRGuaraniaçu Angus e Brangus89
26FAZENDA ITAPEVI RSCacequi Brangus e Braford80
27CABANHA BASCARSUruguaianaAngus e Brangus77
28ANGUS QUIRIRSDom PedritoAngus73
29CABANHA VLDSCConcórdia Brangus, Braford, Charolês e Limousin70
30ESTÂNCIA SÃO RAFAELRSSão BorjaBrangus70
31ANGUS RIO DA PAZPRCascavelAngus65
32CONDOMÍNIO RURAL WEILER RSLavras do Sul Brangus63
33ITA GENÉTICA RSCaçapava do SulBrangus e Braford61
34FAZENDA ROMANSCCampo ErêCharolês e Angus60
35BRANGUS PIRATINIRSPiratiniAngus e Brangus59
36FAZENDA DA BARRAGEMRSDom PedritoAngus e Brangus55
37ANGUS DA LIMEIRA PRPinhãoAngus51
38CABANHA CÉZARRSVacariaCharolês50
39CANCHIM CANTA GALOSPItapetiningaCanchim50
40WOLF AGRICULTURA E PECUÁRIARSDom PedritoHereford49
41SANTA LÚCIASCÁgua DoceCharolês47
42BRANGUS DA ROCHARSSanta MariaBrangus46
43CABANHA DA BARRAGEM RSQuarai Angus, Braford e Ultrablack45
44CHAROLES FIGUEIRARSArambaré Charolês44
45ESTÂNCIA TAMANCARSSanta Vitória do PalmarHereford42
46FAZENDA MÃE RAINHASCLagesHereford, Braford e Brangus41
47CABANHA FONSECASCCaçadorCharolês40
48FAZENDA FORMIGUEIRORSItacurubiHereford e Braford40
49MTN CALIDADMSCampo GrandeMontana40
50SIMENTAL DO MAMADOSPAvaréSimental40

Quem são as Top 5

Duas empresas se mantêm como Top 5 do ranking desde o início da série histórica, em 2016. A primeira é a GAP Genética, apoiada na tradicional oferta do quarteto gaúcho: Angus e Brangus, Hereford e Braford; a segunda é a Pitangueiras, que se manteve em segundo lugar até o ano passado, vendendo exclusivamente Braford e agora está em quarto. Um detalhe une esses projetos: são criatórios tradicionais, com décadas de seleção, reconhecidos no mercado de leilões e também fora deles, com base no Rio Grande do Sul e um braço no Mato Grosso.

O ranking tem revelado também criadores fora do eixo Sul do País. Um bom exemplo é a VPJ Pecuária (Top 3), produtora de Angus em São Paulo, Estado onde está também o Senepol da Grama (Top 2). O quinto lugar ficou com o Senepol da Conquista, de MT.  Veja mais informações a seguir.

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TOP 1 - GAP GENÉTICA

Para GAP Genética, a liderança consecutiva na 9ª edição do Top 50 Taurinos é fruto do trabalho de uma equipe comprometida com os três pilares da boa produção (genética, nutrição e sanidade), além de uma visão atenta ao mercado. Em 2023, o criatório adotou estratégias que lhe garantiram bons resultados na operação: 1ª) redirecionou as vendas para a fazenda e para os leilões virtuais (mais baratos do que os presenciais); 2ª) segurou o plantel de matrizes com o objetivo de fazer estoque de terneiros, ou seja, produzir bezerros para a  virada de ciclo que se anuncia em 2025,  com forte demanda pelo produto em 2026. Segundo João Paulo Schneider, o Kaju, gerente comercial da GAP, é preciso pensar como empresa.

Essa filosofia é aplicada em todas as fases da seleção. Todo o plantel é avaliado pelo Natura, Delta G e Promebo, com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP) dos 20% melhores animais nascidos a cada safra. A principal diretriz do trabalho é produzir animais jovens. Na GAP genética, dos 2.300 machos nascidos anualmente, 50% são descartados como reprodutores à desmama.  Dos 1.150 restantes, outro corte acontece no sobreano, restando somente os 750 melhores de cada geração.  Os 5% melhores tornam-se “touros de cria” ou “doadores de sêmen”. Deles, 2 a 3 são contratados por centrais de inseminação. Os demais são comercializados em remates anuais ou vendas diretas na fazenda.

“Nossos animais dão lucro no gancho do frigorífico, o que é igualmente importante para a empresa”, revela Kaju. A GAP engorda e abate anualmente 3.000 bois, com idade entre 18 e 30 meses, pesando entre 480-500 kg.  O gado comercial responde por 60% da operação  e o de genética por 40%.  A produção ocorre em sistemas integrados com a lavoura (cultivo de arroz), segundo Kaju, o que configura uma pecuária moderna e eficiente. Em Mato Grosso ficam 800 fêmeas Brangus. No Rio Grande do Sul outras 3.000 matrizes da raça, mais 800 Angus e 1.500 animais Hereford e Braford.

Para GAP Genética, a liderança consecutiva na 9ª edição do Top 50 Taurinos é fruto do trabalho de uma equipe comprometida com os três pilares da boa produção (genética, nutrição e sanidade), além de uma visão atenta ao mercado. Em 2023, o criatório adotou estratégias que lhe garantiram bons resultados na operação: 1ª) redirecionou as vendas para a fazenda e para os leilões virtuais (mais baratos do que os presenciais); 2ª) segurou o plantel de matrizes com o objetivo de fazer estoque de terneiros, ou seja, produzir bezerros para a  virada de ciclo que se anuncia em 2025,  com forte demanda pelo produto em 2026. Segundo João Paulo Schneider, o Kaju, gerente comercial da GAP, é preciso pensar como empresa.

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Essa filosofia é aplicada em todas as fases da seleção. Todo o plantel é avaliado pelo Natura, Delta G e Promebo, com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP) dos 20% melhores animais nascidos a cada safra. A principal diretriz do trabalho é produzir animais jovens. Na GAP genética, dos 2.300 machos nascidos anualmente, 50% são descartados como reprodutores à desmama.  Dos 1.150 restantes, outro corte acontece no sobreano, restando somente os 750 melhores de cada geração.  Os 5% melhores tornam-se “touros de cria” ou “doadores de sêmen”. Deles, 2 a 3 são contratados por centrais de inseminação. Os demais são comercializados em remates anuais ou vendas diretas na fazenda.

“Nossos animais dão lucro no gancho do frigorífico, o que é igualmente importante para a empresa”, revela Kaju. A GAP engorda e abate anualmente 3.000 bois, com idade entre 18 e 30 meses, pesando entre 480-500 kg.  O gado comercial responde por 60% da operação  e o de genética por 40%.  A produção ocorre em sistemas integrados com a lavoura (cultivo de arroz), segundo Kaju, o que configura uma pecuária moderna e eficiente. Em Mato Grosso ficam 800 fêmeas Brangus. No Rio Grande do Sul outras 3.000 matrizes da raça, mais 800 Angus e 1.500 animais Hereford e Braford.

TOP 2 – SENEPOL DA GRAMA

Responsável pelas primeiras importações de embriões da Ilha de Saint Croix, berço genético do Senepol no Caribe americano, a Fazenda da Grama é uma das promotoras da raça no Brasil, apoiando seu avanço nos últimos 24 anos. Criou, em 2009, o Programa Safiras, com o objetivo de identificar jovens doadoras para abastecer o próprio plantel e servir de base para o início da seleção de outros criatórios nacionais. O projeto deu certo. A Grama produz atualmente 3.500 embriões por ano, a maioria destinada ao mercado. Apenas 800 são transferidos para receptoras da fazenda, que geram, em média, 350 fêmeas e 350 machos. Para Júnior Fernandes, titular do criatório, o segredo não é multiplicar, mas selecionar o que se multiplica.

Todos os touros produzidos são avaliados pelo Programa Topázio, que ranqueia animais intra-rebanho pelo ponderal, biotipo, carcaça e eficiência alimentar.  A Grama tem hoje um dos maiores centros privados de avaliação de eficiência alimentar no País, com 48 cochos eletrônicos e capacidade para 480 animais. Já foram geradas 4.500 informações sobre essa característica.  Para Fernandes, o Top 50 Taurinos é o reconhecimento dessa consistência genética, e, acima de tudo, uma conquista do Senepol, que se adaptou às condições climáticas do Brasil e cresceu como alternativa para o cruzamento industrial em regiões de baixo nível tecnológico, onde a inseminação artificial não chega, realidade majoritária no País. Dados da USP apontam que 90% dos bezerros nascidos são produtos de monta natural, filhos de touro sem nenhum tipo de avaliação genética. De olho neste mercado, o pecuarista tem aumentado sua produção, mesmo em períodos de crise como em 2023. O número de touros vendidos saltou de 295 para 345, o que conferiu à empresa o segundo lugar no ranking. A Fazenda da Grama é também hexacampeã no Sumário de Touros Senepol, da Embrapa Geneplus.

TOP 3 – VPJ PECUÁRIA

Dona de um plantel da raça Angus desde 1995 em Mococa, no interior paulista, a VPJ Pecuária tem se destacado no Top 50 Taurinos desde o ano passado,  quando estreou no ranking  em quarto lugar, com o trio Angus, Brangus e Ultrablack (as duas sintéticas são selecionadas em Nova Crixás, GO).  Neste ano, a empresa obteve a terceira colocação, não porque aumentou a venda de touros, mas porque conseguiu mantê-la em bons patamares. Hoje, a produção da VPJ está estabilizada na casa de 300 touros/ano, número que garante o equilíbrio do atual projeto, segundo Diogo Poliselli, filho de Valdomiro Poliselli (dono da marca), sem descartar a possibilidade de aumento no futuro.

“Entendemos que o ciclo de baixa passou e temos perspectivas de crescimento na comercialização de sêmen Angus e na valorização de cruzados”, salientou Diego.  A VPJ tem 35 touros em diferentes centrais e, por meio da comercialização de sêmen, rastreia produtores de ciclo completo para a captação dos animais 1/2 sangue que abastecem a VPJ Alimentos. O criatório é um exemplo bem sucedido de conexão entre a ponta e a base da cadeia produtiva: produz genética para seus fornecedores, que lhe entregam produtos de qualidade. Recentemente, a VPJ obteve reconhecimento por um de seus cortes, o Ribeye Steak Angus, no maior teste sensorial de carne às cegas do mundo, que reuniu 200 chefs e sommeliers no Reino Unido.  O Top 50 é mais uma conquista para o criatório, revela Diogo. “Tudo começa na genética e o touro é insumo. Estamos muito felizes por estar entre os cinco primeiros”, disse Diogo.

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TOP 4 - Pitangueira

Não há uma única edição do ranking, desde 2016, em que a Pitangueira não tenha despontado entre as maiores vendedoras de touros Braford. Criado pelo saudoso Pedro Monteiro Lopes na década de 1990, o criatório nasceu antes mesmo da raça, que foi registrada pelo Mapa em 1993, com seus primeiros animais produzidos por meio do bom e velho cruzamento de Nelore com Polled Hereford. “Nosso gado é extremamente rústico, em função da base forte do Nelore, que selecionamos no passado”, diz a diretora geral Clarissa Lopes, que assumiu os negócios após o falecimento do pai, em 2020. “O Braford da Pitangueira tem identidade”, diz.

O criatório ocupou o quarto lugar no Top 50 Taurinos,  mantendo a liderança na raça com certa folga em relação ao segundo colocado. “Ficamos surpresos com o resultado, já que reduzimos a oferta pela metade”, avaliou Clarissa, que dirige a propriedade ao lado do marido e das filhas, Carolina e Marina (com ela na foto). Foi da família a decisão de desacelerar a venda de reprodutores e aumentar o envio de animais para abate. Clarissa diz que o “desapego ao mercado de genética” gerou receita imediata e permitiu passar com mais tranquilidade pela crise.

Os animais atingiram um ótimo preço no gancho do frigorífico, para pagamento à vista,  tornando-se uma alternativa interessante frente ao baixo valor dos reprodutores, o alto custo do frete e o financiamento em 30 parcelas, prazo estipulado nos leilões do grupo. “O lado bom dessa história é que estamos com as contas em dia e prontos para retornar a oferta habitual na casa de 500 touros ao ano”, calcula a diretora da Pitangueira. Ela ressalta que a venda de genética está no DNA do criatório e que a demanda reprimida por touros já começou a ser notada no primeiro leilão de primavera promovido  pelo criatório em 2024. “Tivemos pista limpa em apenas três horas, com preços 35% maiores do que em 2023”, comemora Clarissa. 

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TOP 5 – SENEPOL DA CONQUISTA

Para Fábio Mello, dono do Senepol da Conquista, localizado em Cuiabá (MT), o grande diferencial do criatório é o trabalho de seleção focado em “carcaças diferenciadas”. Usuário de diferentes tecnologias disponíveis para melhoramento genético do rebanho, ele usa a genômica em 100% de seus animais, faz avaliação de puberdade de machos aos 14 meses e testa os animais para eficiência alimentar, além de realizar ultrassonografia de carcaça, ferramenta que tem permitido identificar e multiplicar animais com bons índices de marmoreio na fazenda.

Alguns touros da Conquista atingem nota de 3.3 de marmoreio, valores similares aos encontrados em indivíduos da raça Angus. “A pecuária e todo o seu processo termina com o boi pendurado no gancho. E quanto melhor a carcaça e qualidade da carne, maior o valor agregado sobre ela”, diz o criador, observando que “animais com maior marmoreio têm espaço no mercado de carne gourmet, com bonificação de até 20% sobre o preço da arroba”.

Toda sua genética é vendida em leilões. Para concentrar a venda em períodos específicos, a fazenda estabelece uma estação de monta de quatro meses, permitindo concentrar os nascimentos e manter os grupos contemporâneos até o momento da venda. O índice de retorno do cliente tem ficado acima de 80%, revela o criador, que tem muitos compradores no Centro-Oeste, adeptos do cruzamento industrial em larga escala. É sobre esse mercado que Mello pretende avançar futuramente, tornando-se também um produtor de touros Nelore.

Há três anos, ele começou a formar um plantel da raça para oferecer opções para a reposição do plantel de matrizes zebuínas em fazendas consumidoras do Senepol da Conquista. “O objetivo é fechar as duas pontas do cruzamento, trazendo qualidade para o produto que vai ser abatido pelo cliente”, diz o selecionador. Em 2023, os touros vendidos pela empresa Conquista atingiram média de R$ 21.000/cab.

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O TOP 50 – Maiores Vendedores de Reprodutores Taurinos do Brasil foi realizado durante oito edições pela Revista AG, ligada à Revista Granja, baluarte do jornalismo agropecuário no Sul do País, mas que deixou de circular em março neste ano, encerrando 80 anos de serviços prestados ao setor. Para não deixar este importante trabalho morrer, DBO propôs uma parceria com a Assessoria Agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha, idealizadora do projeto, inspirado no Seedstock 100, levantamento norte-americano publicado pela revista Beef Magazine. A parceria chegou num momento oportuno. Em 2024, o Banco de Dados de Leilões DBO completa 30 anos. Com os primeiros registros realizados em abril de 1994, esse banco ganhou relevância no setor por acompanhar um mercado que funciona como “vitrine” para importantes produtores de genética do País.

Na elaboração do Top 50 2024, foram consideradas tanto as vendas em leilão quanto as realizadas nas fazendas. Estas últimas representam 50% dos negócios informados pelos participantes a cada ano, relata Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Rocha, empresa responsável pela pesquisa, com apoio da DBO. A participação é voluntária e as informações foram colhidas por meio de um questionário do Google Forms ou em consultas diretas aos produtores. O critério para ranqueamento foi o total de touros vendidos por cada participante em 2023, ano desafiador para os criatórios, que tiveram de usar da criatividade e persistência para escoar sua produção.

Os Top 50 venderam 5.731 touros de raças europeias e suas sintéticas, com média de 114 touros por vendedor. Sob o estigma da instabilidade de preços (seja da reposição, seja dos insumos ou do boi gordo), muitos produtores botaram o pé no freio em 2023 e foram acometidos por certo desânimo na divulgação dos números. Aproximadamente 10 preferiram não participar neste ano. Também ocorreram liquidações, com saída de produtores de algumas raças ou venda abaixo do mínimo estipulado para participação no ranking, que foi de 40 touros. “Alguns se omitiram por receio de não atingir a posição ocupada anteriormente, em função da queda nas vendas”, explica Velloso. 

O ranking é uma amostra do tamanho e do comportamento dos vendedores, que varia em função do mercado, crescendo na alta e diminuindo na baixa. A verdade é que, com a cria pressionada, faltou estímulo para compra/renovação de reprodutores em 2023. A queda na quantidade de animais registrada pelo levantamento foi de 15%, percentual  bem próximo da taxa de reposição de touros recomendada pelos técnicos, que é da ordem de 20% ao ano. Todavia, houve adesões. Desta edição participam novos criadores do Charolês, Simental e até Bonsmara. “Temos a convicção de que o levantamento se tornará cada vez mais próximo da realidade do campo, pois reúne boa parte dos maiores vendedores de touros do País”, garante Velloso, deixando o convite para que os produtores não participantes da lista em 2024 retornem no próximo ano.

Ajustado e especializado

Ao avaliar o mercado de raças taurinas é importante destacar algumas particularidades. Ele é menor, em comparação com o das zebuínas; abrange animais de diferentes raças e pelagens, criados predominantemente em campos nativos (naturais ou melhorados) do Sul do País. E, acima de tudo, um mercado de genética voltada à produção de carne diferenciada, frequentemente destinada a programas de carne de qualidade com certificação. 

Do ranking, apenas quatro criatórios venderam mais de 200 touros no ano. “Podemos dizer, com segurança, que o mercado de touros taurinos não é caracterizado por grandes vendas individuais, mas isso não significa que todos os rebanhos sejam pequenos; alguns são bem grandes, mas a oferta de reprodutores é ajustada à realidade em que o  produtor opera, com demanda fracionada e delimitada”, diz Velloso.

Cerca de 70% das vendas de touros de raças taurinas ocorre na região Sul, onde eles são produzidos, e estende-se ao restante do País via sêmen, usado principalmente em projetos de cruzamento industrial. As maiores vendas de touros para serviço a campo fora do Sul são de raças sintéticas, por serem mais adaptadas ao calor e apresentarem resistência ao carrapato, características importantes nas regiões mais quentes. A raça Brangus lidera o ranking, com 1.517 touros vendidos; em segundo, vem a Braford, com 1.117; em terceiro, pouco mais distante, está a Senepol com 809 animais, seguidas pela Angus, com 720, e, por último, a raça sintética de origem sul-africana Bonsmara, com 430 touros.

Ao analisar o perfil das fazendas participantes, Velloso constatou que mais de 90% declararam fazer parte de programas de melhoramento genético. Os mais citados nos questionários foram: Promebo, Natura, PampaPlus, Conexão Delta G e GenePlus. A assessoria observa também o uso crescente da genômica na seleção de animais, tecnologia que vem crescendo associada aos diferentes programas.

A expectativa de Velloso é de que, com a publicação do ranking no Especial de Genética e Reprodução de DBO, esse levantamento possa alcançar um novo público, de outras regiões, e atrair mais raças, como a Bonsmara, que estreou nesta edição. Ele ressalta que o Top 50 é uma oportunidade para o criador promover sua raça e seu trabalho, independentemente da posição que figura. E o melhor de tudo: de forma gratuita. “É um projeto único no Brasil, uma  das poucas estatísticas disponíveis do mercado de touros taurinos, que, antes da iniciativa, praticamente inexistia”.  Em 2025, a pesquisa completará 10 anos ininterruptos.

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