Alerta para Clostridioses: Não deixe o rebanho desprotegido

Combate às clostridioses requer uma vacina de confiança, um bom protocolo vacinal e o controle adequado dos fatores de risco dentro da propriedade.

Profissional aplicando vacinas em rebanho bovino

Com o fim da obrigatoriedade da vacinação contra a febre aftosa, muitos produtores que aproveitavam as etapas da campanha para vacinar e vermifugar seus animais estão deixando de realizar este manejo. De acordo com o Sindan (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal) a comercialização de endectocidas despencou 18% em 2023. Embora não seja possível creditar o cenário somente à mudança no calendário (o preço baixo do boi gordo certamente influenciou) parece claro que a retirada da vacina teve impacto sobre a queda nas vendas.

Esta condição preocupa, pois além da redução de produtividade, os animais ficam desprotegidos contra doenças que causam severos prejuízos. Estudo* da Unesp de Araçatuba mostra que a mortalidade média em rebanhos de corte e leite em animais não vacinados contra o botulismo, por exemplo, chega a 9%. Em confinamento, o total vai a 13%. A pesquisa também mirou o carbúnculo sintomático, outra importante clostridiose. Neste caso, a mortalidade média da doença atinge 15% nas fases de recria e terminação quando acomete animais não protegidos pela vacina.

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Para evitar os prejuízos causados por estas doenças é preciso atacar em duas frentes: combater os fatores de risco na propriedade e melhorar a imunidade do rebanho como um todo, tarefa que requer o uso de uma boa vacina e a implantação de um protocolo sanitário robusto, que proteja os animais de forma constante e regula.

● Principais clostridioses

● Por que vacinar

● Quando vacinar

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Conheça as principais clostridioses e saiba como proteger seus animais

 

Botulismo

É causado pela ingestão de neurotoxinas C ou D da bactéria Clostridium botulinum formadas no processo de decomposição de matéria orgânica vegetal ou carcaças de animais mortos (aves, gatos, roedores etc) que podem contaminar alimentos ou água. Trata-se, na verdade, de uma intoxicação, não de uma infecção.

A toxina botulínica provoca uma severa paralisia muscular flácida, que tem início nos membros posteriores. O animal tenta se locomover, mas não consegue. O quadro evolui para paralisia cardiorrespiratória e provoca a morte.

 

Fatores de risco:

● Presença de carcaças em decomposição nas pastagens

● Escavações rasas com pequeno volume de água (“cacimbas”), que no período de estiagem acumulam matéria orgânica

● Bebedouros sujos ou com carcaças de animais (roedores, aves, répteis etc)

● Alimentos contaminados, como silagens mal conservadas.

 

O que fazer?

● Vacine os animais de acordo com o protocolo sanitário*

● Retire as carcaças do pasto, incinere-as ou enterre numa vala profunda.

● Suplemente os animais com níveis adequados de fósforo.

● Evite o acúmulo de matéria orgânica em cacimbas e bebedouros, mantendo os devidos cuidados sanitários.

● Mantenha silagens bem vedadas para impedir contaminações.

 

Carbúnculo sintomático

É uma infecção, também conhecida como “manqueira”, causada pelo Clostridium chauvoei. A contaminação se dá pela ingestão de esporos da bactéria encontrados no ambiente que, uma vez ingeridos, entram na corrente sanguínea e se instalam na musculatura.

A doença geralmente acomete animais entre seis meses e dois anos de idade. A evolução é rápida (12 h – 48 h) e a mortalidade, próxima a 100%. Após a morte, a carcaça fica inchada graças à produção de gases. O carbúnculo sintomático raramente acomete animais magros, uma vez que os esporos precisam de uma boa musculatura para se desenvolver.

Vale destacar que pancadas podem originar lesões as quais propiciam condições ideais (ambiente anaeróbio) para o desenvolvimento do microrganismo.

 

Fatores de risco:

● Presença de carcaças em decomposição nas pastagens.

● Pancadas durante o manejo.

 

O que fazer?

● Vacine os animais de acordo com o protocolo sanitário*

● Retire as carcaças do pasto, incinere-as ou enterre numa vala profunda.

● Manejo racional, cuidando do bem-estar dos animais.

 

Enterotoxemia

Também conhecida como doença da superalimentação ou do rim pomposo, a enterotoxemia é uma doença causada pela bactéria Clostridium perfringens, que se multiplica no intestino delgado, onde produz a toxina epsilon.

Esta clostridiose é mais comum em regime de confinamento e semiconfinamento, pois acomete principalmente animais que recebem dietas muito ricas em carboidrato, sem adaptação adequada, ou que ingerem formulações desbalanceadas.

Neste caso, uma parte dos carboidratos vai direto para o intestino, onde se torna substrato para o desenvolvimento desproporcional da bactéria, o que pode levar à morte do animal de forma repentina (morte súbita).

 

Fatores de risco:

● Dietas ricas em grãos sem adaptação ou mal balanceadas.

● Excesso de leite.

 

O que fazer?

● Vacine os animais de acordo com o protocolo sanitário*

● Retire as carcaças do pasto, incinere-as ou enterre numa vala profunda.

● Forneça dieta de adaptação no confinamento.

 

Gangrena Gasosa

Causada por vários agentes patogênicos, dentre os quais se destaca o Clostridium perfringens, presente na maioria dos casos, a Gangrena Gasosa se caracteriza pela necrose dos tecidos.

Também conhecida como Edema Maligno, causa inchaço na musculatura devido ao acúmulo de gás no tecido subcutâneo, de modo semelhante ao Carbúnculo Sintomático.

A forma de contaminação, no entanto, é diferente. Para contrair a Gangrena Gasosa é preciso que haja algum ferimento, como a ferida da castração, por exemplo, que funciona como “porta de entrada” para os esporos da bactéria. Mastites ambientais, comuns em propriedades leiteiras, também podem provocar a doença.

 

Fatores de risco:

● Castração.

● Uso de seringas e agulhas contaminadas.

● Lesões na pele.

● Mastite.

 

O que fazer?

● Vacine os animais de acordo com o protocolo sanitário*

● Higienize seringas e agulhas.

 

Vacine e proteja seu rebanho*

As clostridioses estão entre as doenças que mais matam no Brasil. Para proteger o rebanho, a melhor saída é a vacinação, que deve ser feita cedo, aos 4 meses de idade. Para que a proteção seja efetiva, no entanto, é preciso aplicar uma nova dose 30 dias depois. Muitas vezes negligenciada, a “dose de reforço” é fundamental para garantir a produção de anticorpos suficientes para uma boa imunização.

Como visto acima, há uma série de fatores de risco que podem favorecer o aparecimento de surtos. Por isso, além de combatê-los na propriedade, o produtor deve revacinar anualmente os animais). É uma forma de manter os níveis de anticorpos altos no organismo, meio mais seguro de garantir proteção duradoura contra as clostridioses.

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Quando vacinar?

A época de vacinação recomendada para cada doença varia principalmente em função da categoria animal que se quer proteger. No calendário da Embrapa, o produtor tem acesso, por uma consulta mês a mês, aos períodos em que o manejo sanitário deve ser feito.

Diarreia Neonatal

Vacinar as novilhas 60 e 30 dias antes do parto. Aplicar reforço anual em todas as matrizes.

Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e Diarreia Bovina Viral (BVD)

Vacinar os animais aos 4 meses e repetir após 30 dias. Aplicar reforço anual em todos os animais. A utilização de “vacinas reprodutivas” pode auxiliar na redução de perdas gestacionais e na melhoria dos índices reprodutivos.

Leptospirose

Vacinar os animais aos 4 meses e repetir após 30 dias. Aplicar reforço em todos os animais, que pode ser semestral ou até mesmo trimestral, a critério do veterinário.

Brucelose

Vacinação obrigatória em fêmeas de 3 a 8 meses de idade. Seguir orientações determinadas pelo Serviço Estadual de Defesa Sanitária Animal.

Clostridioses

Vacinar os animais com idade de 4 meses e repetir após 30 dias. Aplicar reforço anual em todos os animais.

Raiva

Vacinar os animais a partir dos 3 meses e aplicar o reforço anual. Vacinação obrigatória em áreas endêmicas. Seguir orientações determinadas pelo Serviço Estadual de Defesa Sanitária Animal.

 

Escrito por Renato Villela para Labovet

 

* Surtos acompanhados em 350 propriedades em 9 Estados brasileiros, somente em confinamento.

Tese (Livre-Docência) – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Odontologia e Curso de Medicina Veterinária, 2001.

Epidemiologia, Quadro Clínico e Diagnóstico pela Soroneutralização em Camundongo do Botulismo em Bovinos no Brasil, 2001.

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