Meteorismo espumoso por grãos causa mais mortes do que se imagina nos confinamentos
Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
Há uma tendência mundial de redução no número de propriedades de gado de corte e de leite, mas as remanescentes deverão aumentar seus rebanhos. De um lado, isso é bom, pois, teoricamente, permanecerão na atividade as fazendas tocadas por pessoas e organizações mais profissionais, mas, de outro, rebanhos muito grandes são mais difíceis de gerir, especialmente no que diz respeito à sanidade. Os confinamentos de gado de corte brasileiros que o digam. Muitos deles, nesta última década, simplesmente dobraram de tamanho. Quando se pensa que os problemas a ser geridos dobraram, eu afirmo que mais do que triplicaram, o que, do ponto de vista sanitário, resultou no aumento significativo da mortalidade.
Os detalhes deste enrosco dariam um artigo, a ser escrito em outra oportunidade. Uma parte razoável dos megaconfinamentos tupiniquins não faz necrópsia dos bovinos que morrem durante a operação, supondo-se que a morte foi causada por enfermidades mais banais. Ledo engano! Recentemente, acompanhei casos de bois confinados inicialmente diagnosticados como vítimas de babesiose (tristeza parasitária), mas após necrópsia, constatei tratar-se de meteorismo espumoso por grãos (MEG), tema de nosso artigo.