As empresas brasileiras de proteína animal halal Marfrig, Seara e BRF estão trabalhando para garantir 100% de rastreabilidade, e também pela sustentabilidade de seus produtos para o mercado halal.
Os CEO das três maiores companhias de carne bovina e de frango do Brasil estiveram juntos no painel “Rastreabilidade e confiança – a tecnologia a favor da segurança do alimento halal” nesta terça-feira (07), no fórum de negócios Global Halal Brazil, promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras Halal).
Continue depois da publicidade
A Marfrig lançou o programa Verde + e investirá R$ 500 milhões nos próximos cinco anos, garantindo a integração dos produtores e assim, a transparência dos processos de ponta a ponta.
A Seara investe em diferentes tecnologias para garantir a qualidade e a rastreabilidade de seus produtos, e a BRF está avançando em projetos de geração de energia a partir de fontes limpas.
“Sustentabilidade hoje já não é uma opção. Sustentabilidade e rastreabilidade são a única opção”, disse o CEO da Marfrig, Miguel Gularte.
O empresário contou que a companhia trabalha no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile na América do Sul, tem plantas nos Estados Unidos e escritórios por todo o mundo. “A Marfrig é a maior produtora de hambúrguer de carne bovina do mundo, e líder nas iniciativas de sustentabilidade”, disse no painel.
Continue depois da publicidade
Mais recentemente, segundo Gularte, a Marfrig deu um “passo mais ousado” em termos de rastreabilidade e iniciou um programa de sustentabilidade chamado Marfrig Verde +, que tem três pilares, que são a rastreabilidade, a transparência e 100% da cadeia com controle de origem e livre de desmatamento.
“Lançamos o programa Verde + que prevê um investimento de R$ 500 milhões nos próximos cinco anos. Nós entendemos que o produtor brasileiro é informado e preparado, e o Brasil é um celeiro de operações no mundo”, declarou.
O compromisso da Marfrig Verde + é acelerar a sustentabilidade na cadeia de valor da carne bovina, com foco na inclusão do produtor, segundo Gularte.
Para ele, transparência vem com informação. Ele disse que também utiliza o blockchain no sistema de rastreabilidade da Marfrig e que está convencido que o mundo vai avançar por este caminho.
Com a integração do produtor, Gularte afirmou, se agrega mais transparência ao processo de produção. “Em menos de um ano e meio trouxemos para o sistema formal mais de 1.200 produtores, que produzem cerca de 200 mil cabeças para abate, porque a empresa se preocupou em integrar”, disse.
O mercado halal cresce ano a ano e está entre os três maiores destinos de exportação do Brasil, lembrou Gularte, e com isso, ele acredita que se faz mais importante chegar nesse mercado com transparência.
“Quando dizemos que teremos nosso gado 100% rastreado, estamos atendendo demandas não só de transparência, mas de sustentabilidade”, concluiu.
VEJA TAMBÉM | Para ampliar pauta halal, Brasil precisa promover imagem
“Para nós, o produto halal é um sinônimo de qualidade, garantia de procedência e segurança alimentar e por isso dedicamos e investimos muito para assegurar que nossos produtos atendam e liderem as demandas e as tendências de nossos consumidores”, disse o presidente da Seara, João Campos.
Campos contou que as 26 plantas da empresa que exportam aves produzem produtos halal, e que já exportam halal para mais de 30 países.
O presidente falou sobre como a companhia vem evoluindo na qualidade e na rastreabilidade das operações. “Investir em tecnologia faz total sentido e é um processo que temos liderado em várias frentes”, disse.
Dentro do setor avícola da Seara, Campos informou que se usa a tecnologia para ajudar a ampliar eficiência, segurança e sustentabilidade entre todo o ciclo de produção de aves. “É o que chamamos de uma plataforma SuperAgroTech, que integra 100% das granjas da Seara de maneira digital”, disse.
Segundo o presidente, a Seara é a primeira empresa com ecossistema de benefícios de gestão de recursos naturais e de negócios para os seus produtores integrados.
“Sabemos a importância de mapear e ter todo sistema de supply chain junto, controlado e se desenvolvendo. Este é um projeto que impacta mais de 10 mil famílias”, disse.
Outras tecnologias utilizadas na Seara e listadas por Campos foram um aplicativo que conecta produtores, equipe técnica; um sistema de gestão e controle de granjas matrizes de aves; um sistema integrado de monitoramento e rastreamento dos transportes agropecuários, saindo das granjas até chegar nas fábricas, entre outros.
“Utilizamos essas diferentes tecnologias para buscar sempre assegurar a rastreabilidade, a qualidade e o envolvimento de toda a cadeia para garantir a qualidade do alimento até chegar ao consumidor. Além disso, todas as nossas fábricas e rações são próprias, o que também garante a rastreabilidade de todos os insumos dessa cadeia. O nosso compromisso é produzir alimentos com o que há de melhor, e com certeza os produtos halal fazem parte dessa missão”, concluiu Campos.
João Campos disse que este foi o primeiro evento que ele participa desde que foi anunciado como presidente da Seara. A Seara pertence à gigante de proteína animal JBS.
“Temos um compromisso inegociável com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente”, afirmou o CEO da BRF, Lorival Luz.
Em mensagem de vídeo ao painel, Luz destacou a importância que o mercado halal tem para a empresa de proteína animal. “Temos a marca Sadia no mercado do Oriente Médio há mais de 50 anos, começamos a operação nos anos 1970 e hoje faz parte do nosso compromisso e da nossa estratégia estar cada vez mais presente nessa região”, disse.
Ele informou que a produção da BRF é “absolutamente dedicada ao mercado halal”, com garantias de qualidade e certificados, e que eles exportam para cerca de 14 países da região e garantem a rastreabilidade completa de todas as matérias-primas, assegurando que todas elas seguem as exigências desse mercado.
Luz lembrou que a companhia tem presença local nos Emirados Árabes Unidos, com uma planta de processamento de alimentos na zona industrial Kizad, em Abu Dhabi, desde 2014, e que a BRF está investindo US$ 120 milhões para a construção de uma nova fábrica na Arábia Saudita.
“Este é nosso mercado prioritário e com isso, reafirmamos nosso comprometimento com os planos e os objetivos da região, definidos pelos governos, de estar cada vez mais presentes produzindo localmente, e assim estar presente no dia a dia das famílias de toda região”, declarou.
Quanto à sustentabilidade, o CEO da BRF disse que a companhia está trabalhando e avançando em projetos de geração de energia a partir de fontes limpas.
Participaram do painel o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Guy de Capdeville, o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e o vice-presidente da Fambras Halal, Ali Zoghbi. O moderador foi o professor doutor Mian Nadeem Riaz, do corpo docente de Diversidade de Alimentos no curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos e diretor na Universidade Texas A&M.
O fórum Global Halal Brazil tem patrocínio da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), BRF, Pantanal Trading, Portonave e Iceport. O evento pode ser acompanhado pelo site mediante inscrição prévia ou pelo canal da Câmara Árabe no YouTube. Há tradução simultânea para o inglês e o português.