O viés baixista nos preços do boi gordo se manteve nesta terça-feira (8/12) nas principais regiões pecuárias do Brasil. Levantamento diário da Scot Consultoria mostra que, de ontem (7/12) para hoje, a arroba recuou em 28 das 32 praças monitoradas pela empresa sediada em Bebedouro, SP.
Em São Paulo, as três categorias de animais destinadas ao abate registraram baixas nesta terça-feira. O boi gordo foi negociado a R$ 266/@, preço bruto e à vista, com desvalorização de R$ 4 sobre o valor de segunda-feira, ou queda diária de 1,4%. Por sua vez, a vaca gorda e novilha gorda foram apregoadas em R$ 252/@ e R$ 264/@ (também preço bruto e à vista), respectivamente, o que representou retração de R$ 3/@ e R$ 2/@ no comparativo diário, ou de 1,1% e 0,75%.
Exportações em ritmo menor
As exportações brasileiras de carne bovina in natura desaceleram na primeira semana de novembro. Segundo a consultoria Agrifatto, “finalizada as compras para o abastecimento do ano novo chinês”, as indústrias reduziram o ritmo dos embarques neste início do mês.
Até a primeira semana de dezembro foram exportadas 5,47 mil toneladas na média diária, um recuo de 35% sobre a média diária exportada em novembro (8,38 mil toneladas). Na comparação com a média de dezembro de 2019, houve uma queda de 23%.
No entanto, o desempenho fraco no volume exportado na primeira semana de dezembro não resultou em queda dos preços negociados da carne bovina in natura, relata a Agrifatto. A tonelada de proteína bovina exportada ficou em US$ 4,43 mil/t, 0,70% acima do valor médio obtido em novembro último.
Não proteção gera perdas
Em artigo publicado nesta terça-feira no site da Scot Consultoria, o analista Rodrigo Tannus de Queiroz faz a conta das perdas geradas pelos pecuaristas que não fixaram preços para a venda futura do boi gordo. Segundo ele, no início de novembro, o pecuarista que decidisse travar uma venda futura para dezembro poderia garantir o recebimento de R$ 290 pela arroba da boiada gorda (este foi o valor registrado no fechamento da bolsa B3 no dia em 5/11). Hoje, o mesmo contrato encontra-se em R$ 273/@, ou seja, uma queda de 7,4% ou R$ 22/@ compara Queiroz.
Ainda segundo o analista, caso o produtor travasse o preço no mercado futuro para dezembro em R$ 295/@, um animal pronto para o abate, com 20@ de peso de carcaça, seria vendido por R$ 5,90 mil. Hoje, o mesmo animal seria negociado em dezembro por R$ 5,46 mil reais, uma diferença de R$ 44 por animal. No caso do confinador que tenha 1.000 animais para a venda, a diminuição no ganho giraria em R$ 440 mil, acrescenta o consultor.
Em seu artigo, Queiroz diz ainda que muitos produtores, diante da posição cautelosa dos frigoríficos, reagiram por impulso, ou seja, “logo após alguns ajustes negativos da arroba, aumentaram a oferta, reflexo do medo de quedas maiores para a frente”.