O presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva na terça-feira, 28 de abril, que obriga os matadouros norte-americanos a permanecer abertos, estabelecendo um confronto entre as empresas gigantes que produzem carne da América e os sindicatos e ativistas que desejam proteger os trabalhadores da pandemia da Covid-19, informou a agência Bloomberg.
Muitas fábricas de processamento de carne nos EUA foram fechadas por causa do coronavírus, mas Trump disse que “tais fechamentos ameaçam o funcionamento contínuo da cadeia nacional de fornecimento de carne e aves, minando a infraestrutura crítica durante a emergência nacional”.
Pelo menos 22 fábricas de carne bovina, suína, frango e outras proteínas nos EUA fecharam ou reduziram a produção nas últimas semanas, depois que funcionários testaram positivo para Covid-19. Esses abatedouros são considerados incubadores dessa doença mortal, já que um grande número de funcionários trabalha em locais fechados, em temperaturas baixas, favoráveis à disseminação do vírus.
Usando a Lei de Produção de Defesa, o presidente norte-americano ordenou que as plantas permaneçam abertas como parte da infraestrutura crítica necessária para manter as pessoas alimentadas em meio a crescentes interrupções no fornecimento ocasionadas pelo surto de coronavírus. O governo fornecerá equipamentos de proteção adicionais para os funcionários, bem como orientações.
Um punhado de empresas é responsável pela maior parte da carne do país e, como os trabalhadores adoeceram em março, as fábricas inicialmente continuaram a funcionar. Mas a pressão das autoridades de saúde e sindicatos locais levou ao fechamento voluntário. As empresas estão pressionando para reabrir. O próprio presidente tem incentivado os norte-americanos para voltar ao trabalho e restaurar uma economia prejudicada por medidas de distanciamento social.
O CEO da Associação Nacional de Pecuária, Colin Woodall, aplaudiu a nova determinação de Trump. “Embora atualmente não haja escassez generalizada de carne bovina, estamos vendo interrupções na cadeia de suprimentos por causa do fechamentos de fábricas, além de reduções na velocidade de processamento em muitas outras unidades. Agradecemos ao presidente Trump por seu reconhecimento do problema e pela ação que tomou para começar corrigir isso ”, disse o CEO da Associação Nacional de Pecuária, Colin Woodall.
Segurança em primeiro lugar
O pedido de Trump trouxe respostas de sindicatos que representam trabalhadores que atuam nas fábricas de processamento de carne. “Para proteger o suprimento de alimentos dos Estados Unidos, os trabalhadores dos frigoríficos dos EUA devem primeiramente ser protegidos”, disse Marc Perrone, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Comerciais e da Alimentação.
“A realidade é que esses trabalhadores estão colocando as suas vidas em risco todos os dias para manter a população de nosso país alimentada durante este surto mortal”, afirmou Perrone, acrescentando que “pelo menos 20 trabalhadores de frigoríficos morreram tragicamente por coronavírus, enquanto mais de 5.000 funcionários foram hospitalizados ou estão apresentando sintomas da doença”. “Para o bem de todas as nossas famílias, devemos priorizar a segurança desses trabalhadores”, enfatizou Perrone.
Cadeia “quebrando”
No domingo, o presidente da Tyson Foods, John Tyson, disse em um blog (e também por meio de anúncios em vários jornais) que a cadeia de suprimentos de alimentos dos EUA “está quebrando”, com milhões de libras de carne destinadas a “desaparecer” à medida que as plantas fecham. Ele declarou: “Temos a responsabilidade de alimentar o nosso país. É tão essencial quanto os cuidados de saúde. Este é um desafio que não deve ser ignorado. Nossas plantas devem permanecer em funcionamento para que possamos fornecer alimentos para nossas famílias na América”. No entanto, ressaltou o executivo, “a Tyson Foods coloca a segurança dos membros da equipe como a nossa principal prioridade”.
No blog, Tyson pediu aos órgãos governamentais, nos níveis nacional, estadual, municipal e da cidade que “se unam de maneira abrangente, atenciosa e produtiva para permitir que os membros de nossa equipe trabalhem em segurança sem medo, pânico ou preocupação. Os setores público e privado devem se unir. Como país, é nossa hora de mostrar ao mundo o que podemos fazer ao trabalharmos juntos. ” Texto adaptado por Dênis Cardoso
