Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP (ortolani@usp.br)
Essa coluna consta de duas partes: A) Manejo Sanitário para o mês; B) Registro recente de doenças transmissíveis ou não, sugerindo medidas para suas prevenções. Tais registros são obtidos com o apoio das Agências Estaduais de Defesa Sanitária Animal, de Professores Universitários, do MAPA, da EMBRAPA, e da rede de contato de veterinários de campo, assim como minhas observações
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HORA DE REVER OS COCHOS
A partir de agora o período de chuvas diminui para valer no Brasil Central, voltando a chover do final do mês de setembro em frente. O excesso de chuva danifica certos tipos de cocho, em especial os de madeira e os de tronco inteiriço, com destaque os não cobertos.
Assim, em junho seria um bom mês para repararmos os danos ou mesmo substituir, redimensionar e incrementar os cochos de suplemento mineral.
Caso o sal mineral ou sal proteinado seja colocado diariamente, não há necessidade de se cobrir o cocho. Porém, num estudo verifiquei que o sal mineral colocado em excesso em cocho descoberto provoca empedramento do sal, o que leva a uma redução de 50% de seu consumo e um menor ganho de peso. Além de cobertura superior recomenda-se fechamento lateral para evitar chuvas de vento.
Outro problema comum, em nosso meio, são cochos pequenos para o lote. O ideal é oferecer 6 cm lineares/boi em cochos com acesso pelos dois lados. A falta de espaço no cocho diminui muito o consumo, principalmente em gado Nelore, que segue uma hierarquia de preferência de chegada no cocho, fazendo com os líderes e sublíderes ingiram quantidades adequadas de sal e os de menor ranque social ingiram menos ou simplesmente não ingiram sal mineral.
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O redimensionamento dos cochos e a subdivisão deste em cochos menores e colocados de forma separado evita esse problema de hierarquia. Coloque isso em prática!
QUEDA NO PREÇO DA @ DIMINUI A OFERTA DE SAL MINERAL PARA A BOIADA NO AC
Segundo apuramos com um reconhecido veterinário do Acre, a recente e constante queda do preço pago pela arroba fez com que muitos pecuaristas substituíssem o sal mineral de boa qualidade pelo “sal batizado”, com uma parte de sal balanceado para até cinco de sal branco, e que aumentasse as vendas da chamada “barriquinha de suplementos” em que se chega a recomendar a adição de 1 kg do produto, vendido como “sal completo” para 25 a 60 kg de sal comum. Uma afronta!
O técnico também comentou que alguns poucos criadores simplesmente deixaram de ofertar até sal comum. O colega atendeu uma boiada original que foi vendida, há cinco meses, para dois comparadores distintos, um deles que ofertava suplemento mineral de boa quantidade e a vontade, e outro que oferecia uma mistura de 1kg de sal da “barriquinha” para 40 kg de sal branco. Os dois lotes estavam em pasto verde nesse período.
O gado com o sal balanceado ganhou em torno de 500g diárias, enquanto que o de “barriquinha” só 300 g diárias. Os animais do último grupo, caso não fossem suplementados, seriam fortes candidatos a terem carência de fósforo a longo prazo, que entre outras consequências pode reduzir o consumo de alimento em até 40%.
Esses produtos da chamada “barriquinha” geralmente não contêm fósforo, cálcio, enxofre e magnésio, apenas alguns microelementos (cobre, cobalto, iodo, selênio, zinco etc.), os quais muito misturados com o sal ofertam quantidades insuficientes destes microelementos para o gado.
Os técnicos que inspecionam produtos do MAPA deveriam rever e cassar o registro desses produtos, que na minha opinião são uma verdadeira enganação, pois são baratos, aparentemente vantajosos, mas ineficientes.
Garrotes e novilhas a campo devem receber por todo ano um bom suplemento mineral com no mínimo 40 a 60 g de fósforo por kg de suplemento. Mesmo em tempo de “vacas magras” procure manter o básico para seu rebanho, para que o desempenho deste não seja ruim, o que te levará a lamentos no futuro.
VERMIFUGAÇÃO ESTRATÉGICA PARA O RS E SC
Segundo recomendações da Embrapa, chegou a hora de vermifugar estrategicamente todos os bovinos desmamados até os dois anos de idade, criados em todo o Rio Grande do Sul e no planalto catarinense. As regiões não-serranas de Santa Catarina têm um clima mais semelhante as do Brasil Central e realizam tal vermifugação em outros meses.
Os parasitologistas da Embrapa indicam nessa etapa o emprego de anti-helmínticos a base de levamisole. A vermifugação estratégica além de reduzir a quantidade de vermes diminuí também a contaminação das pastagens com as larvas de parasitas, evitando no período que se segue novas infestações gastrointestinais e pulmonares ocorram.
Mande sua notícia da presença de focos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em gado de corte para o seguinte email: ortolani@usp.br
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