Quem apostou em cria ganhou uma espécie de “loteria”

Conheça a história de uma fazenda de Mato Grosso que enxergou, lá atrás, a necessidade de apostar na multiplicação da bezerrada. Para ela, uma estrada sem volta

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Se por um lado, o cenário comum é de pecuarista perecendo por conta da crescente valorização do bezerro, por outro, há aqueles, como Braz Custódio Peres Neto e seu pai, Braz Custódio Peres Filho, com sorriso largo no rosto. Isso porque eles, que fazem o ciclo completo da atividade, não tiveram dúvida: investiram pesado na cria e agora colhem os “frutos” que plantaram.

O trabalho de pecuária da fazenda Sucuri, no município de Novo São Joaquim, na porção mato-grossense do Vale do Araguaia, pode-se dizer, é uma atividade recente. Foi iniciado em 1999 com a compra da propriedade pela família. De lá para cá, outras duas fazendas foram adquiridas, formando a Agropecuária Sucuri, com 3,5 mil hectares de pastos.


“Era final de 2014 e início de 2015, e a atividade de cria estava muito desvalorizada. Foi aí que percebemos que tínhamos de investir em ganhos de produtividade nesse segmento, pois era certo que faltaria bezerro mais na frente”, diz Peres Neto.

Dito e feito. Hoje, com a redução da oferta de bezerros – por conta do abate de fêmeas –, o animal segue cada vez mais valorizado. Nessa segunda-feira (15/3), o bezerro atingiu seu novo maior valor e bateu recorde nas praças de Mato Grosso do Sul, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), de Piracicaba (SP): R$ 2876,14. A alta é de 58,91% em um ano. Hoje, a Sucuri surfa na onda dessa alta e já planeja incrementar a produção.

Braz Custódio Peres Neto (a cavalo) e seu pai, Braz Custódio Peres Filho, da Agropecuária Sucuri. Foto: Liga do Araguaia/Agropecuária Sucuri

O rebanho de fêmeas, que era de dois mil animais em 2015, agora é de cerca de cinco mil. A projeção é que até 2024 sejam adicionadas ao rebanho mais mil matrizes. A safra de bezerros desmamados em 2017, que foi de 1,5 mil animais, gerou uma taxa de desmama de 75%. No ano passado foi de 77,1%, e neste ano está estimada em 80%, com uma safra 3,2 mil de bezerros desmamados.

Os números são superiores à média nacional de 65% de bezerros desmamados, segundo a estimativa feita pelo médico veterinário e especialista em melhoramento genético José Bento Ferraz, professor da Universidade de São Paulo (USP), de Pirassununga, a fazenda traça planos para avançar rápido nesses índices.

Daqui a três anos, a taxa de desmama pretendida é de 83%, com uma safra de 4,4 mil bezerros prontos para seguir para recria e engorda. A evolução será constante e pensamos ser possível atingir cerca de 85%, que é um número fantástico”, diz Peres Neto.

Tecnologia para a produtividade

O acompanhamento genético do rebanho é uma realidade na Agropecuária Sucuri desde 2015, quando os produtores aderiram ao programa Companhia de Melhoramento. Além disso, as pastagens são adequadamente recuperadas e adubadas constantemente. A mais recente evolução tem sido a digitalização da propriedade, com a adoção de um sistema de anotações feitas diretamente por aplicativos de celular pela equipe de campo, o que permite uma gestão feita à distância.

Lote de bezerros da Agropecuária Sucuri. Foto: Liga do Araguaia/Agropecuária Sucuri

Todo o investimento teve o propósito único de fazer com que a Agropecuária Sucuri produzisse, cada vez mais, no mesmo espaço de terra. Um dos índices mais apreciados por Peres Neto é a quantidade de quilos de bezerros por hectare.

Em 2017, o índice era de 4,55 arrobas de bezerro por hectare. No ano passado, o resultado foi 31,3% maior: 5,98 arrobas de bezerro por hectare. Com a produção de arrobas de recria e com o abate de fêmeas vazias, a produção da fazenda em 2020 chegou em cerca de 10 arrobas, por hectare.

“Para mim, é uma das melhores métricas para uma fazenda de cria, pois a produção de quilo de bezerro por hectare já incorpora, por exemplo, a taxa de desmama, que é um índice importante. A métrica também incorpora a taxa de desfrute”, diz o produtor.

Produtividade e sustentabilidade

Mesmo com o pé no acelerador do incremento de produtividade, a propriedade não deixa de lado a preservação. Por isso, desde 2015, as três fazendas da Agropecuária Sucuri compõem o grupo de 62 propriedades rurais que formam o movimento “Liga do Araguaia”.

“Mostramos ao mundo que a pecuária brasileira pode dar um grande exemplo e não é a grande vilã como se pinta”, diz Peres Neto.

Vista do Rio Araguaia, no Vale do Araguaia mato-grossense. Foto: Liga do Araguaia/Agropecuária Sucuri

O grupo, formado em 2014, nasceu de uma necessidade de mostrar ao País que a pecuária não está relacionada aos desmatamentos e demais prejuízos ao meio ambiente. Pelo contrário, é uma atividade que ajuda a conservar as matas nativas, é um modelo de boas práticas com o rebanho, e está em linha com sistemas de integração, ajudando no sequestro de gases de efeito estufa. Atualmente, a Liga representa um total de 150 mil hectares de pastagens em processo de intensificação e com um total de 130 mil bovinos.

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