Nesta quarta-feira (16/12), os preços do boi gordo voltaram a registrar movimentos de baixas mais intensos e generalizados entre as principais praças pecuárias brasileiras, informa a IHS Markit.
“A oferta de compra em preços menores, por parte das indústrias, parece não ter fim”, relata a Scot Consultoria. Nesta quarta-feira, as indústrias amanheceram ofertando menos pela arroba, travando o mercado novamente, acrescenta a consultoria.
Apesar de conseguirem alguns negócios nos preços atuais, o mercado do boi gordo encontra-se “parado”, com nenhum dos dois lados satisfeitos, ressalta a Scot.
Na praça paulista, o boi gordo vale R$ 257/@, preço bruto e à vista. Em um mês, a arroba caiu R$ 32,50/@, ou seja, 11,4%, no mercado paulista, segundo cálculos da Scot. Para machos que atendem ao mercado externo, ocorrem negócios até R$ 5/@ acima dos preços atuais.
Segundo a IHS, muitas unidades de abate estão operando com 50% (ou até abaixo disso) de sua capacidade instalada, e também existem algumas plantas que decidiram paralisar temporariamente as suas atividades, antecipando o período de manutenção das fábricas, informa a IHS.
Outro fato que também colaborou para a menor procura pela matéria prima nas fazendas foi a entrada de lotes de boiadas contratadas antecipadamente e de seus próprios confinamentos.
“Paralelamente, aqueles pecuaristas que ainda possuíam algum lote remanescente no cocho e aguardava firmeza na arroga devido à típica demanda de final de ano acabaram liquidando tais ofertas temendo reduções ainda maiores em suas margens”, observa a IHS, acrescentando que os produtores estão preocupados com os elevados custos com alimentação animal.
Toda essa conjuntura acabou colaborando para a forte inversão do cenário de preços – agora seguindo tendência de baixa.
Entre as principais praças pecuárias do Centro- Sul do Brasil, a pressão baixista segue mais intensas nos Estados do MS, MT, GO e MG. Nessas regiões, as escalas de abate foram preenchidas até a semana de Ano Novo, e a maioria das indústrias busca novos negócios a valores ainda mais baixos que as máximas vigentes.
Em São Paulo, mesmo os frigoríficos de médio e pequeno porte também estão gradualmente alinhando as suas indicações de compra aos preços oferecidos pelas grandes indústrias, que continuam fora das compras por possuírem escalas de abate mais confortáveis, informa a IHS.
Nas regiões Norte e Nordeste, as quedas da arroba foram cadenciadas. A oferta de gado gordo é ainda mais apertada por lá. O foco da compra de algumas indústrias são lotes de fêmeas, mas que, devido à dificuldade de oferta, tem seu valor quase alinhado ao macho.
O mercado atacadista da carne bovina continua a evoluir de forma lenta, mas com regularidade que permite suporte a manutenção dos preços dos principais cortes. “A reposição entre distribuidores e varejistas avança de maneira cadenciada, apesar da expectativa de retomada do consumo à medida que se aproxima as festas de final de ano”, diz a IHS.
Porém, continua a consultoria, mesmo que haja uma reação no atacado no curtíssimo prazo, os sinais de firmeza no mercado físico do boi gordo passam a depender de como a nova safra de boiadas chegará em termos de oferta de gado, observa a IHS.