Boi gordo: frigoríficos conseguem, enfim, fragilizar os preços, mas arroba ainda oscila em alto patamar

Semana foi marcada pela pressão de baixa das indústrias compradoras, o que resultou em recuo da arroba em regiões como SP, onde o animal terminado é negociado por R$ 315/@, a prazo, segundo a Scot Consultoria

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Depois de várias semanas de estabilidade, os preços do boi gordo balançaram nos últimos dias da semana, dando sinais de que as indústrias frigoríficas podem, pelo menos no curtíssimo prazo, conseguir algum êxito na estratégia de forçar a arroba para baixo em pleno período de entressafra de boiadas gordas.

“Para a próxima semana, o cenário atual de escalas de abate relativamente confortáveis pode dar espaço para que a pressão de baixa ganhe corpo”, observa o médico veterinário Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria.


Nesta sexta-feira, a arroba ficou estável na maioria das regiões brasileiras. Nas praças paulistas, o boi gordo vale R$ 315@, enquanto a vaca e novilha gordos são negociadas, respectivamente, a R$ 292/@ e R$ 310/@ (preços brutos e a prazo), segundo dados da Scot Consultoria.

Segundo o médico veterinário Leandro Bovo, sócio-diretor da Radar Investimentos, a máxima de R$ 320/@ pago ao boi-China em São Paulo tem ficado mais difícil de ser vista e, aos poucos, as negociações caminham para o patamar dos R$ 315/@  – algumas indústrias paulistas já testando o patamar dos R$ 310/@.

“São Paulo não está sozinho nessa situação; no estado de Goiás a pressão (de baixa de preços) tem sido até maior”, observa o analista.

Com a seca histórica registrada este ano nas regiões do Centro-Oeste, muitos produtores não tiveram outra opção a não ser enviar os animais para a engorda no cocho, relembra Bovo.

“Esse fluxo de oferta de boiadas que agora vem ao mercado tem deixado a indústria tranquila e os confinadores preocupados”, relata ele.

Segundo Bovo, o alto custo da engorda no confinamento – que subiu ainda mais depois da quebra da safrinha do milho ocasionada pelos registros recentes de geadas – inviabiliza a estratégia de segurar os animais prontos nas fazendas, à espera de preços melhores.

“Muitas indústrias com contratos a termo já estão com escalas parcialmente feitas para os próximos 30 dias”, informa Bovo.

Forte queda nos preços futuros – Segundo o diretor da Radar Investimentos, depois de romper o patamar dos R$ 323/@, o contrato de outubro/21 (pico da entressafra) operou em queda durante toda esta semana, chegando aos atuais R$ 316/@.

De acordo com dados da Scot Consultoria, o contrato de outubro de 2021 cedeu em torno de R$ 10/@ desde o final de julho, considerando as cotações da última quinta-feira (19/8).

As recentes quedas no mercado futuro também tiraram todo o ágio que havia na curva de preços, com o contrato de setembro/21 oscilando hoje no mesmo patamar de preço do papel com vencimento em agosto/21, enquanto o contrato de outubro/21 está praticamente alinhado com o valor atual da arroba negociada no mercado físico.

“Nem mesmo a alta do dólar (que chegou a operar acima dos R$ 5,40) conseguiu reverter a queda dos preços no mercado futuro”, avalia Bovo.

Caso a indústria realmente consiga recuar os preços do boi no mercado físico, diz o diretor da Radar, haverá uma conjunção de fatores muito favorável aos exportadores de carne bovina, marcada pelos recordes de volume embarcado e de preços em dólares por tonelada, o que vai melhorar ainda mais o faturamento em reais dos frigoríficos habilitados para embarques.

As exportações brasileiras de carne bovina registraram um ritmo forte de crescimento neste começo de agosto, destaca a Scot.

“Considerando a média diária das duas primeiras semanas para todo o mês, teríamos, em agosto, volume mais de 30% superior ao recorde mensal anterior, batido em outubro de 2019”, estima a consultoria.

Baixa liquidez – Nesta sexta-feira, 20 de agosto, o mercado brasileiro de boiadas gordas apresentou liquidez extremamente baixa.

“Este cenário deve ser mantido até o final deste mês de agosto, em função da maior dificuldade de escoamento da carne bovina no atacado/varejo”, prevê a IHS Markit.

Segundo a consultoria, as indústrias frigoríficas situadas no Centro-Oeste, Sudeste e Sul aproveitam as escalas de abate acumuladas ao longo desta semana para evitar adquirir animais terminados, pressionando, assim, novas quedas de preços – embora ainda sem muito sucesso, pois na maioria das praças pecuárias a arroba ainda se mantém firme, em patamares bastante altos.

No Norte e Nordeste, os abatedouros enfrentam dificuldades para adquirir animais terminados a pasto, informa a IHS.

No Mato Grosso do Sul, a situação é diferente do restante do País. Lá, as plantas abatedouras já relatam a possibilidade de encerramento das operações, em função da margens operacionais negativas, relata a IHS Markit.

“O principal fator que afeta a dinâmica das negociações no MS é a escassez de matéria-prima (gado), um resultado das substituições das propriedades pecuárias por aquelas exclusivamente de grãos, que oferecem maior rentabilidade para os proprietários que arrendam as terras”, informam os analistas da IHS.

No mercado atacadista, os preços do corte de dianteiro e de ponta de agulha registraram, ambos, variações negativas nesta sexta-feira, de R$ 0,50/kg, relata a IHS.

Por outro lado, o corte de traseiro, a vaca casada, o couro e sebo industrial permaneceram estáveis.

“As retrações nos preços ocorrem devido ao consumo abaixo da média até mesmo para o período atual (segunda quinzena do mês)”, observa a IHS.

Além disso, continua a consultoria, as quedas nos preços dos cortes bovinos também foram influenciados pelas baixas nas carnes concorrentes (frango e suína).

“O setor não apresenta expectativas de melhora no consumo doméstico até a chegada de setembro”, avalia a IHS.

Cotações máximas desta sexta-feira, 20 de agosto, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:

boi a R$ 318/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MS-Dourados:

boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 300/@ (à vista)

MS-C.Grande:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 302/@ (prazo)

MS-Três Lagoas:

boi a R$ 313/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MT-Cáceres:

boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 295/@ (prazo)

MT-Tangará:

boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MT-B. Garças:

boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 296/@ (prazo)

MT-Cuiabá:

boi a R$ 301/@ (à vista)
vaca a R$ 289/@ (à vista)

MT-Colíder:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)

GO-Goiânia:

boi a R$ 304/@ (prazo)
vaca R$ 294/@ (prazo)

GO-Sul:

boi a R$ 306/@ (prazo)
vaca a R$ 296/@ (prazo)

PR-Maringá:

boi a R$ 312/@ (à vista)
vaca a R$ 296/@ (à vista)

MG-Triângulo:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MG-B.H.:

boi a R$ 311/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

BA-F. Santana:

boi a R$ 298/@ (à vista)
vaca a R$ 287/@ (à vista)

RS-Porto Alegre:

boi a R$ 315/@ (à vista)
vaca a R$ 300/@ (à vista)

RS-Fronteira:

boi a R$ 315/@ (à vista)

vaca a R$ 300/@ (à vista)

PA-Marabá:

boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca a R$ 288/@ (prazo)

PA-Redenção:

boi a R$ 294/@ (prazo)
vaca a R$ 288/@ (prazo)

PA-Paragominas:

boi a R$ 298/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)

TO-Araguaína:

boi a R$ 298/@ (prazo)
vaca a R$ 287/@ (prazo)

TO-Gurupi:

boi a R$ 295/@ (à vista)
vaca a R$ 287/@ (à vista)

RO-Cacoal:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 294/@ (à vista)

RJ-Campos:

boi a R$ 297/@ (prazo)
vaca a R$ 283/@ (prazo)

MA-Açailândia:

boi a R$ 287/@ (à vista)
vaca a R$ 259/@ (à vista)

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