Os brincos e marcas de ferro quente usados na identificação de bovinos estão com os dias contados no que depender dos pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). O Instituto está desenvolvendo uma pesquisa para identificar os animais a partir de inteligência artificial, a partir de uma simples foto do focinho.
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“Além de evitar marcar os animais na cara com ferro quente, o novo método também é mais eficaz e confiável que o brinco fixado na orelha do animal porque não há risco de perda e não pode ser trocado”, destaca o pesquisador João Aril Hill, que conduz o trabalho de pesquisa com o estudante de Engenharia da Computação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Lucas Nolasco.
“Obtivemos taxas de acerto superiores a 95% nos testes, o que nos deixou animados”, comemora o estudante. Nolasco ressalta que é fundamental ampliar a base de dados, assim como melhorar a inteligência artificial, para que o sistema computacional seja mais preciso na identificação. “Estamos tentando, por exemplo, ensinar o sistema a identificar os animais a partir de uma única imagem do espelho nasal. Atualmente são 40 imagens em momentos diferentes do mesmo bovino”, salienta.
De acordo com Hill, a identificação foi baseada em um banco de dados das raças Purunã, Jersey e Holandês do rebanho do Iapar nas cidades de Curitiba, Ponta Grossa e Pato Branco. “Temos em torno de 700 animais na nossa base de dados e queremos chegar a mil em breve”, complementa o pesquisador.
Os resultados preliminares obtidos por Nolasco e Hill foram apresentados durante o Programa de Iniciação Científica (ProICI) do Iapar, que reúne trabalhos de estudantes de graduação orientados por pesquisadores do Instituto. Os pesquisadores ressaltam que a ferramenta ainda está em fase de desenvolvimento e que precisa ser leve e rápida para que possa ser usada em dispositivos móveis.
“É importante lembrar que a internet não está presente em todos os lugares, principalmente nas propriedades rurais. Isso dificulta um pouco porque não dá para armazenar tanta informação hoje em um único aparelho”, diz Hill.