Boi gordo: sinal de alerta ligado no mercado com possível arrefecimento das exportações de carne bovina do Brasil

Preços dos animais terminados seguem estáveis no País, em patamares elevados, mas queda do dólar, bloqueio dos embarques à Rússia e a notícia sobre suspensão chinesa de unidade da JBS preocupam o setor pecuário

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O mercado brasileiro do boi gordo (assim como toda a cadeia pecuária) acendeu um sinal de alerta nestes primeiros dias da semana, depois que notícias preocupantes ligadas ao setor de exportação de carne bovina circularam pelos diversos canais de informações nos últimos dias.

A mais relevante notícia foi divulgada nesta quarta-feira (23/3) pela Administração Geral de Alfândegas da China (Gacc, na sigla em inglês), que anunciou a suspensão de importações de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO); saiba mais AQUI.


Como se sabe, a China é o principal comprador mundial da carne bovina brasileira, responsável por mais de 60% das importações totais.

É sempre bom lembrar que, em 2020 os importadores chineses ficaram um longo tempo (do início de setembro a meados de dezembro) sem importar carne bovina do Brasil, devido ao embargo ocasionado pelo registro de casos atípicos de vaca louca no País.

Na ocasião, durante o bloqueio chinês, os preços do boi gordo despencaram drasticamente nas praças pecuárias, trazendo prejuízos sobretudo aos pecuaristas.

Até este momento (23 de março), com o baixo desempenho da demanda doméstica pela proteína bovina, os embarques brasileiros, sobretudo ao mercado chinês, têm ajudado a sustentar os preços internos do boi gordo (direcionado ao mercado doméstico, portanto, sem premiações), ainda em altos patamares – nas praças do interior paulista, a arroba fechou a quarta-feira estável, valendo R$ 337, segundo dados apurados pela Scot Consultoria.

Outra preocupação dos agentes do setor também refere-se ao mercado de exportação, mas precisamente o comportamento do câmbio. Nesta quarta-feira, o dólar fechou novamente em queda (a sexta seguida), cotado a R$ 4,84, o menor valor de fechamento desde 13 de março de 2020.

No acumulado deste ano, a moeda norte-americana já recuou 13% frente ao real.

Teoricamente, a valorização do real deixa as commodities brasileiras, incluindo a carne bovina, menos competitivas no mercado internacional.

“As recentes quedas da cotação do dólar podem mudar as estratégias de compra das indústrias exportadoras brasileiras”, relatam os analistas da Scot Consultoria.

Segundo os analistas da IHS Markit, apesar do preço médio da tonelada de carne bovina exportada neste mês girar em torno de US$ 5.900/tonelada, valor quase 30% acima da cotação de março de 2021, “há fatores que acendem o sinal de alerta na cadeia pecuária brasileira”.

Além das preocupações relacionadas ao câmbio e ao bloqueio chinês imposto à unidades frigoríficas brasileiras, a consultoria IHS Markit menciona um outro obstáculo: a interrupção das exportações de carne bovina à Rússia, devido aos ataques russos à Ucrânia.

“Com o conflito bélico que ocorre na Europa, as exportações ao mercado da Rússia seguem interrompidas, tanto por questões logísticas quanto por barreiras e sanções impostas pelo Ocidente às empresas russas”, relatam os analistas.

Na avaliação da IHS, em um primeiro momento, o fator Rússia deve ser mitigado com o redirecionamento das cargas a outros mercados consumidores.

SAIBA MAIS | JBS: exportações para Rússia estão interrompidas por ‘questões logísticas’

“Porém, deve haver impactos financeiros quanto ao risco de não cumprimento de contratos, e até mesmo potenciais vencimentos não honrados diante da exclusão da Rússia ao sistema internacional de pagamentos”, avaliam os analistas da IHS.

Dia a dia do mercado – O descarte de fêmeas, típico para o período, começa a refletir nas cotações dessa categoria; saiba mais AQUI.

Nesta quarta-feira, nas praças de São Paulo, a cotação da vaca gorda registrou baixa diária de R$ 2/@, para R$ 296/@ (preço bruto e a prazo), segundo a Scot.

Em relação à novilha gorda, o preço permaneceu estável no mercado paulista (a R$ 330/@, bruto e a prazo), mas há relatos de oferta de compra a preços abaixo dessa referência, diz a Scot.

O boi gordo, como mencionado nos primeiros parágrafos do texto, também ficou estável em São Paulo (a R$ 337/@, pelos dados da Scot).

Fluxo baixo de negócios – A quarta-feira seguiu na mesma toada observada desde os primeiros dias desta semana, com fraca atuação dos players no mercado, resultando em baixa liquidez, relata a IHS Markit.

Na data de hoje, a IHS Markit não observou nenhuma alteração diária nos preços do boi gordo e da vaca gorda nas praças pecuárias pesquisadas (veja as cotações ao final desta página).

“Este ritmo lento no mercado deve permanecer até o final do mês, já que grande parte das unidades de abate possui escalas minimamente adequadas até a próxima sexta-feira”, prevê a IHS.

Segundo ressaltam os analistas da consultoria, os agentes do setor pecuário continuam altamente focados nas exportações, enquanto o consumo doméstico de carne bovina segue fraco, irregular e sem perspectivas de uma retomada mais consistente no curtíssimo prazo.

Diante deste cenário, o setor industrial olha com cautela as operações de compra, sobretudo em função da enorme dificuldade em encontrar animais já terminados e também lotes ofertados pelos pecuaristas a preços mais baixos.

No mercado atacadista da carne bovina, distribuidores e varejistas ainda aguardam uma recuperação consistente das vendas.

Até o momento, diz a IHS, essa reação ainda não ocorreu e a reposição por parte da distribuição e do varejo segue lenta.

Apesar da ligeira melhora nas vendas no último final de semana, o mercado da carne bovina ainda não registrou uma consolidação de aumento da procura, reforça a IHS, lembrando que neste período do mês o poder aquisitivo da população perde força, devido ao maior distanciamento dos pagamentos dos salários.

Cotações máximas desta quarta-feira, 23 de março, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:

boi a R$ 352/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MS-Dourados:

boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)

MS-C.Grande:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 287/@ (prazo)

MS-Três Lagoas:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)

MT-Cáceres:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)

MT-Tangará:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 291/@ (prazo)

MT-B. Garças:

boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 295/@ (prazo)

MT-Cuiabá:

boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 294/@ (à vista)

MT-Colíder:

boi a R$ 308/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)

GO-Goiânia:

boi a R$ 315/@ (prazo)
vaca R$ 295/@ (prazo)

GO-Sul:

boi a R$ 315/@ (prazo)
vaca a R$ 305/@ (prazo)

PR-Maringá:

boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)

MG-Triângulo:

boi a R$ 330/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MG-B.H.:

boi a R$ 307/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)

BA-F. Santana:

boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 286/@ (à vista)

RS-Porto Alegre:

boi a R$ 330/@ (à vista)
vaca a R$ 310/@ (à vista)

RS-Fronteira:

boi a R$ 330/@ (à vista)
vaca a R$ 310/@ (à vista)

PA-Marabá:

boi a R$ 291/@ (prazo)
vaca a R$ 275/@ (prazo)

PA-Redenção:

boi a R$ 283/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)

PA-Paragominas:

boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 287/@ (prazo)

TO-Araguaína:

boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)

TO-Gurupi:

boi a R$ 295/@ (à vista)
vaca a R$ 276/@ (à vista)

RO-Cacoal:

boi a R$ 294/@ (à vista)
vaca a R$ 280/@ (à vista)

RJ-Campos:

boi a R$ 309/@ (prazo)
vaca a R$ 289/@ (prazo)

MA-Açailândia:

boi a R$ 283/@ (à vista)
vaca a R$ 264/@ (à vista)

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