Paulo Dias, CEO da Ponta: “Oferecemos gestão da informação, mas o nosso ator principal é o boi”

A GA+Intergado agora se chama Ponta, cuja marca estreou no mercado já com o peso de ser uma das maiores referências em inteligência para a pecuária. Confira nesta entrevista as atuais apostas da empresa para ajudar as fazendas a exercerem uma gestão cada vez mais sustentável
Paulo Dias, CEO da Ponta: “A partir da fusão, vimos que tínhamos nas mãos todos os recursos para conectar toda a cadeia”

Informação de qualidade baseada em dados consistentes é algo cada vez mais vital, estratégico e decisivo para a pecuária moderna. Afinal, decisões precisam ser tomadas a todo instante e a linha que separa um passo respaldado e consciente de um passo “no escuro” é o que determina a saúde financeira de um negócio. A boa notícia é que o produtor pode contar com um ecossistema cada vez mais robusto de fornecedores que, de forma permanente, está se mobilizando para ajudar a pecuária a aperfeiçoar a sua gestão. Um bom exemplo parte da Ponta, companhia que é fruto de uma fusão efetivada em dezembro de 2021 entre a paranaense Gestão Agropecuária e a mineira Intergado.

Conforme DBO noticiou, a nova marca da empresa, que desde a fusão atendia pelo provisório nome de GA+Intergado, foi apresentada recentemente, no dia 12 de abril, durante o Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto (SP). Na ocasião, a Ponta também lançou a primeira solução desenvolvida após a realização da fusão — o DietScanner, ferramenta inovadora que usa visão computacional para realizar a leitura do cocho.

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A Ponta está presente em nove países e é responsável pela gestão de mais de R$ 22 bilhões em ativos, considerando apenas o valor dos animais gerenciados que, juntos, somam mais de 7 milhões de cabeças por ano. Mais da metade desses animais estão presentes em confinamentos — um dos principais segmentos de atuação da Ponta. Atualmente, a companhia atende 68% do mercado de confinamento no País.

Nesta entrevista concedida à DBO pelo CEO da Ponta, Paulo Dias, ele detalha como a união das duas forças está impactando o dia a dia da pecuária e de que maneira opera a nova solução apresentada pela companhia. Além disso, ele fala também do foco da empresa em conectar toda a cadeia por meio de dados e informações seguras e de qualidade.

Quais foram as motivações que resultaram na união entre GA e Intergado, cuja empreitada viabilizou o nascimento da Ponta?

O cerne principal dessa fusão compreende os objetivos trilhados para o mesmo lugar. As duas empresas exerciam a missão de gerar informações confiáveis para a pecuária.

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No entanto, isso era trilhado pelas duas empresas, de forma paralela, com diferentes tecnologias e focos, com cada marca atuando em uma ponta da cadeia. A Intergado atuava no campo da pecuária de precisão e do melhoramento genético e a GA, por sua vez, trabalhava com plataforma de gestão de processos, por meio de softwares e produtos que faziam a automação dos negócios, especialmente da pecuária intensiva. Mas o fim sempre foi o mesmo, de gerar informação de qualidade e segura para respaldar a constante tomada de decisões. Em dado momento, percebemos que as duas empresas possuíam muita sinergia e que, juntas, teriam ainda mais força e condições de contribuir com a operação e a gestão sustentável da pecuária. A partir da fusão, vimos que tínhamos nas mãos todos os recursos para conectar toda a cadeia e encurtar a distância entre o avanço científico e o resultado produtivo.

Na prática, como a fusão entre GA e Intergado está impactando os negócios da Ponta?

A fusão deu robustez para a companhia, pois passamos a ter um portfólio integrado de soluções para gerar informação para todas as frentes de um negócio pecuário. Isso se traduz em melhor presença de mercado, pois GA e Intergado estavam presentes em muitas fazendas, mas não necessariamente nas mesmas. Agora, temos condições de levar todo o portfólio aos clientes que eram atendidos pelas duas marcas e que agora estão sob o mesmo “guarda-chuva”. No total, são cerca de 550 propriedades que, de forma preponderante, lidam com uma pecuária mais intensiva. A oportunidade que temos é que estamos no ciclo todo da pecuária. E nesse ciclo a gente se sente responsável em fazer a união da cadeia de forma sustentável. Nosso desafio é integrar melhoramento genético com a produção. Agora, temos solução para todas as áreas e conseguimos gerar informação para a cadeia inteira, o que torna a nossa responsabilidade muito grande.

Junto com sua nova marca, a Ponta também lançou o Diet Scanner, solução que usa visão computacional para automatizar a leitura do cocho, mitigando as falhas humanas

E para os produtores? Em quase um ano e meio de fusão, qual balanço já é possível fazer?

Trabalhando com dados, aprendemos que a informação desconectada não vale nada, pois ela fica perdida. Dado ao crescimento tecnológico no mundo inteiro, vimos que a grande fragilidade da cadeia é não ter essa informação conectada. E o que a gente quer é conectar a cadeia como um todo. Nosso anseio é que o cliente não venda apenas a carne, mas que venda a carne com informação nela contida, a respeito de tudo o que envolveu a sua produção — e que essa produção seja, de fato, eficiente. Fizemos um levantamento recente que apontou que o custo alimentar nos confinamentos chegou a 89% em 2022. Por isso, ter animais mais eficientes e produtivos pode garantir a margem da fazenda. A partir dessa visão integrada da cadeia, a Ponta atua na pesquisa e na genética, promovendo o aumento da seleção para eficiência alimentar por meio da automatização das provas para ajudar os criadores a abastecerem o mercado produtor com animais de alto desempenho e que consomem menos alimento. Contudo, animais eficientes submetidos a um processo produtivo ineficiente não expressam seu potencial de desempenho. A solução para o problema está na automatização dos processos que envolvem a nutrição animal.

Qual foi a inspiração para a escolha do novo nome da companhia?

A nova marca nasce num momento em que GA+Intergado consolidaram a integração da inteligência de gestão e de precisão, com um amplo portfólio de tecnologias presentes na pesquisa, na genética e na produção, conectando a cadeia pecuária de ponta a ponta. O nome resgata a tradicional figura do ponteiro que, assim como a tecnologia de ponta, usa seu conhecimento e sua experiência para abrir caminho seguro para a boiada avançar e a pecuária crescer. A partir da fusão, fizemos um estudo de percepção de ambas as marcas e de como deveria ser a nova marca, no sentido de traduzir os nossos propósitos. Então, a escolha do novo nome está atrelada à operação do dia a dia dentro das fazendas pecuárias, mas, mais do que isso, é por estarmos na ponta da vanguarda tecnológica para que o ambiente pecuário possa lidar com menos desafios. Além disso, como atuamos em outros países, também tivemos a preocupação de a marca ser de fácil entendimento lá fora.

Em resumo, o que a Ponta fornece de informação e inteligência para seus clientes?

Focamos na sustentabilidade econômica dos nossos clientes. O resto é uma variação desse objetivo macro. Conectamos o financeiro, o zootécnico e a contabilidade — um fluxo em que atuamos muito fortemente. A gente auxilia para que essas informações fiquem conectadas e disponíveis, gerando uma visão relevante e real do negócio. Quando isso não acontece, o cliente fica perdido. Por exemplo, ele fica suscetível em focar apenas no ganho, mas sem ter clareza se este ganho está gerando lucro e se um eventual lucro está compatível com a contabilidade. Importante acrescentar que oferecemos gestão da informação, mas o nosso foco é no animal. O nosso ator principal é o boi. A nossa expertise é traduzir o que esse boi está sentindo e, consequentemente, se ele está bem e preparado para gerar lucro.

Ponta apresentou sua marca ao setor pecuário durante evento promovido pela Scot Consultoria. Empresa atende 68% do mercado de confinamento no País

E como se dá essa missão de traduzir o que o boi está “sentindo”?

A resposta passa pelo conhecido fluxo de pessoas, processos e tecnologias, amparado por uma gestão consistente. Por exemplo, enquanto no modelo tradicional de confinamento, de modo geral, se pesa o animal na entrada e na saída, com nossa balança de precisão pesamos cerca de 400 vezes o mesmo animal para poder entender a sua evolução ou carências, de modo a subsidiar todo o processo produtivo. E o processo de enxergar o boi passa por enxergar as pessoas que estão em contato com ele ao longo de todo o ciclo produtivo. Então, a gente traduz o que boi está falando para que o cliente possa tomar decisões que impactem o negócio dele.

Com relação ao desenvolvimento do DietScanner, como ocorre o seu funcionamento e quais as vantagens e diferenciais dessa solução?

O DietScanner usa a visão computacional para fazer uma leitura de cocho automatizada, trazendo mais precisão ao processo ao tirar a subjetividade do olhar humano na interpretação visual do escore de cocho. A nova solução atua diretamente em uma das rotinas mais sensíveis para o ajuste de trato, com impacto direto na redução de custos da nutrição e na meta de desempenho dos animais. Ela reduz os riscos de uma leitura mal feita e ainda mitiga o impacto da rotatividade de mão de obra. Nesse primeiro momento, o produto está adaptado para confinamento. Mas há evoluções previstas que poderão atender outros ambientes. De forma prática e resumida, o DietScanner consiste em uma avançada câmera acoplada em um carro. Conforme ele transita ao lado do cocho, vai mapeando-o, como um radar. A câmera de visão computacional é de alto nível, justamente para poder fazer a coleta e interpretação das informações com muita responsabilidade, com base na volumetria do cocho. Isso é feito por algoritmo, que informa a porcentagem de ocupação de ração no cocho. Assim, fazemos a conversão desse volume de comida para um escore definido pela fazenda, para prever a quantidade de alimento que deve ser preparado e oferecido no dia.

Por que a correta leitura de cocho é tão estratégica para uma fazenda, especialmente quando se trata de um sistema intensivo de produção?

A leitura de cocho dentro de um sistema intensivo pauta o dia a ser trabalhado, ou seja, ele faz a predição de uma ordem de produção para que tudo funcione a contento. Quando isso não acontece, a oferta de alimento pode ficar desequilibrada considerando as reais necessidades dos animais. Assim, o boi começa a responder negativamente dentro do processo e a correção desse quadro leva alguns dias. A leitura precisa do cocho é importante para entender com o boi está e para mostrar para a fábrica o que precisa ser produzido e quando deve ser ofertado aos animais. Faz com que o processo de dimensionamento do que precisa ser produzido seja automático. O animal requer rotina e ela é quebrada quando os processos são falhos.

Assista o vídeo de lançamento da marca Ponta clicando aqui

 

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