Projeto conduzido no Paraná avalia protocolo focado na eliminação de animais permanentemente infectados e também na vacinação
Por Renato Villela
É possível erradicar a diarreia viral bovina, BVD na sigla em inglês? Um projeto inédito conduzido por produtores dos Campos Gerais paranaenses mostra que sim e pode servir de exemplo para a pecuária de corte. Capitaneado pela Frísia Cooperativa Agroindustrial, sediada em Carambeí (PR) , com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o projeto pretende erradicar a BVD de seus rebanhos, criando um modelo sanitário de combate e prevenção que possa ser replicado em propriedades queiram seguir o mesmo caminho.
A doença é mundialmente reconhecida por afetar o desempenho reprodutivo dos bovinos ao provocar perda embrionária e infertilidade, além de fazer parte do Complexo de Doenças Respiratórias, um dos maiores problemas dos animais confinados.
Lançado em dezembro de 2019 e com previsão de se estender até o final do ano que vem, o projeto integra a Plataforma “Leite Mais Saudável” do Mapa e reúne 70 produtores, eleitos dentre os 260 associados da cooperativa.
Estudos mostram que vacas persistentemente infectadas com a doença produzem até 20 litros a menos de leite por dia. A escolha por erradicar a BVD, no entanto, vai além da visão econômica. Líder do ranking de produtividade de leite no País, a região dos Campos Gerais é referência no controle de doenças infecciosas, como a brucelose e a tuberculose, o que permitiu colocar a diarreia viral bovina como a “bola da vez”.
Endêmica no Brasil (estima-se que esteja presente em 70%-80% dos rebanhos), a BVD tem chamado a atenção dos países europeus, que estão buscando meios para erradicá-la, sinal de que, mais cedo ou mais tarde, a doença pode vir a se tornar uma barreira sanitária.
A Suíça iniciou um programa de erradicação em 2006. A fase atual compreende testes obrigatórios para detecção de animais positivos. A Escócia lançou um programa de triagem que se tornou obrigatório em 2012, com a participação de mais de 90% do rebanho nacional. França, Bélgica e Inglaterra estão atualmente preparando programas semelhantes.