Um dos projetos de maior sucesso de verticalização na pecuária, a Cooperaliança, de Guarapuava (PR), acaba de dar um passo decisivo ao inaugurar seu próprio frigorífico, com capacidade para abater até 100 mil bovinos por ano
Vista aérea do frigorífico da Cooperaliança em meio às plantações de trigo e cevada de um dos cooperados, que vendeu uma parcela de suas terras à cooperativa, para ela poder construir a indústria. (Fotos: Almir Soares Júnior)
Por Maristela Franco
Em meio aos belos campos de trigo e cevada de Entre Rios (próspero distrito de Guarapuava, no sudoeste do Paraná), surge um dos mais aguardados projetos do setor pecuário brasileiro: o frigorífico da Cooperaliança Carnes Nobres, referência de associativismo no País. Hoje, com 165 pecuaristas filiados, produção de 8.190 t de carne/ano e faturamento superior a R$ 160 milhões, a Cooperaliança conclui seu processo de verticalização. Do bezerro à distribuição de carne, tudo é controlado, com rastreabilidade ponta a ponta.
A nova indústria pode processar tanto bovinos quanto ovinos, tem Serviço de Inspeção Federal (SIF 5084, recém-saído do forno) e capacidade instalada para abater até 345 animais/dia. Começa a operar neste mês de dezembro, sem a festa presencial que os produtores planejaram (inviável em tempos de Covid 19), “mas com alegria imensa”, ressalta Edio Sander, presidente da empresa, “porque o frigorífico é fruto de um trabalho coletivo iniciado nos anos 90; estruturado na forma de aliança mercadológica durante a década de 2000 e intensificado após a fundação da cooperativa, em 2007”.
Edio Sander, presidente da Cooperaliança.
Com trajetória invejável, sem rupturas ou grandes sobressaltos, o grupo de Guarapuava cresceu focado no varejo regional. “Em nenhum momento, caímos na tentação da gula mercadológica, dando passos maiores do que as pernas”, explicou Edio Sander ao repórter de DBO, Fernando Yassu, ainda na época da Aliança. Esta política cautelosa, praticada até hoje, garantiu crescimento sustentável da produção do grupo. Os abates de ovinos passaram de 2.977 cabeças, em 2012, para 5.871, em 2019. Nos bovinos, esse número subiu de 9.865 para 29.090, em igual período. Do total abatido no ano passado, 20% eram novilhos(as) precoces (19 a 24 meses), 60% superprecoces (15 a 18 meses) e 17% hiperprecoces (até 14 meses).
É importante ressaltar que a Cooperaliança processa quase exclusivamente animais dente de leite, em sua maioria cruzados Angus. O índice de classificação no programa de carne certificada da raça é um um dos mais altos do País, atingindo 84,59%, em 2019. A projeção da empresa, para 2022, é abater 44.000 bovinos. Enquanto pressiona a idade para baixo, o grupo de Guarapuava procura aumentar o peso médio de abate dos animais. Nos machos, as carcaças passaram de 275 kg (18,3@), em 2010, para 294 kg (19,6@), em 2019, devendo atingir novos patamares nos próximos anos (veja abaixo quadro sobre tabela de premiação). Ainda neste período, o rendimento de carcaça foi de 54,62% para 55,81%.
O sucesso da Cooperaliança, segundo seu superintendente Fábio Schuler Medeiros, é fruto da busca por qualidade, com garantia de remuneração diferenciada aos produtores. Em 2019, eles receberam R$ 508,48 a mais por animal do que a média de mercado (indicador Scot), um salto de 130% em relação a 2010, que registrou ágio de R$ 211,85/cab. Nesses nove anos, a cooperativa abateu 171.007 animais, gerando para seus filiados uma receita extra de R$ 66,3 milhões. Com o frigorífico próprio, prevê agregação de valor ainda maior.
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Um dos projetos de maior sucesso de verticalização na pecuária, a Cooperaliança, de Guarapuava (PR), acaba de dar um passo decisivo ao inaugurar seu próprio frigorífico, com capacidade para abater até 100 mil bovinos por ano
Vista aérea do frigorífico da Cooperaliança em meio às plantações de trigo e cevada de um dos cooperados, que vendeu uma parcela de suas terras à cooperativa, para ela poder construir a indústria. (Fotos: Almir Soares Júnior)
Por Maristela Franco
Em meio aos belos campos de trigo e cevada de Entre Rios (próspero distrito de Guarapuava, no sudoeste do Paraná), surge um dos mais aguardados projetos do setor pecuário brasileiro: o frigorífico da Cooperaliança Carnes Nobres, referência de associativismo no País. Hoje, com 165 pecuaristas filiados, produção de 8.190 t de carne/ano e faturamento superior a R$ 160 milhões, a Cooperaliança conclui seu processo de verticalização. Do bezerro à distribuição de carne, tudo é controlado, com rastreabilidade ponta a ponta.
A nova indústria pode processar tanto bovinos quanto ovinos, tem Serviço de Inspeção Federal (SIF 5084, recém-saído do forno) e capacidade instalada para abater até 345 animais/dia. Começa a operar neste mês de dezembro, sem a festa presencial que os produtores planejaram (inviável em tempos de Covid 19), “mas com alegria imensa”, ressalta Edio Sander, presidente da empresa, “porque o frigorífico é fruto de um trabalho coletivo iniciado nos anos 90; estruturado na forma de aliança mercadológica durante a década de 2000 e intensificado após a fundação da cooperativa, em 2007”.
Edio Sander, presidente da Cooperaliança.
Com trajetória invejável, sem rupturas ou grandes sobressaltos, o grupo de Guarapuava cresceu focado no varejo regional. “Em nenhum momento, caímos na tentação da gula mercadológica, dando passos maiores do que as pernas”, explicou Edio Sander ao repórter de DBO, Fernando Yassu, ainda na época da Aliança. Esta política cautelosa, praticada até hoje, garantiu crescimento sustentável da produção do grupo. Os abates de ovinos passaram de 2.977 cabeças, em 2012, para 5.871, em 2019. Nos bovinos, esse número subiu de 9.865 para 29.090, em igual período. Do total abatido no ano passado, 20% eram novilhos(as) precoces (19 a 24 meses), 60% superprecoces (15 a 18 meses) e 17% hiperprecoces (até 14 meses).
É importante ressaltar que a Cooperaliança processa quase exclusivamente animais dente de leite, em sua maioria cruzados Angus. O índice de classificação no programa de carne certificada da raça é um um dos mais altos do País, atingindo 84,59%, em 2019. A projeção da empresa, para 2022, é abater 44.000 bovinos. Enquanto pressiona a idade para baixo, o grupo de Guarapuava procura aumentar o peso médio de abate dos animais. Nos machos, as carcaças passaram de 275 kg (18,3@), em 2010, para 294 kg (19,6@), em 2019, devendo atingir novos patamares nos próximos anos (veja abaixo quadro sobre tabela de premiação). Ainda neste período, o rendimento de carcaça foi de 54,62% para 55,81%.
O sucesso da Cooperaliança, segundo seu superintendente Fábio Schuler Medeiros, é fruto da busca por qualidade, com garantia de remuneração diferenciada aos produtores. Em 2019, eles receberam R$ 508,48 a mais por animal do que a média de mercado (indicador Scot), um salto de 130% em relação a 2010, que registrou ágio de R$ 211,85/cab. Nesses nove anos, a cooperativa abateu 171.007 animais, gerando para seus filiados uma receita extra de R$ 66,3 milhões. Com o frigorífico próprio, prevê agregação de valor ainda maior.
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Com estoques ainda cheios, frigoríficos tendem a pressionar as cotações da arroba, aproveitando a maior oferta de fêmeas de descarte, acreditam os analistas
Pesquisadores ressaltam que, como a moeda nacional registrou forte desvalorização de 6% frente ao dólar em 2024 – já descontada a inflação –, o faturamento em Reais cresceu 4,6%
Pesquisadores ressaltam que, como a moeda nacional registrou forte desvalorização de 6% frente ao dólar em 2024 – já descontada a inflação –, o faturamento em Reais cresceu 4,6%
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