Biossensor criado pela Unesp poderá garantir diagnóstico rápido da doença na fazenda e será testado pelo Codevale, visando futuro uso comercial
Por Ariosto Mesquita
Imagine diagnosticar a cisticercose na fazenda antes de enviar o animal para o abate e de forma tão rápida quanto se mede hoje a glicose no ser humano. Esse cenário, que pode impactar positivamente o bolso do pecuarista, a rotina nas indústrias e a saúde pública brasileira, caminha para se tornar realidade. Em abril último, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) informou que um grupo encabeçado por cientistas da instituição conseguiu o registro do “primeiro biossensor do mundo para o diagnóstico da cisticercose bovina”.
A carta patente foi requisitada em dezembro de 2015 e expedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no dia 17 de fevereiro de 2021, encerrando a etapa de testes laboratoriais e dando perspectiva comercial a um estudo científico que durou 11 anos.
Há expectativa, inclusive, de que o biossensor (caso seja viabilizado) possa ajudar a convencer o Ministério da Agricultura a rever a determinação que tanta polêmica gerou em 2020: o envio, para tratamento condicional pelo frio ou calor, de todas as carcaças que apresentarem pelo menos um cisto (seja ele vivo ou morto). A medida consta do decreto Lei 10.468, de 18 de agosto de 2020, que entrou em vigor no ano passado, gerando deságios de até 50% no preço pago ao produtor e causando uma série de problemas operacionais. Em função disso, a ministra Tereza Cristina decidiu suspender a medida e adiar sua aplicação para 1º de agosto de 2022.
O biossensor poderia ser um aliado do produtor nessa contenda, por reduzir os riscos sanitários e tornar a diagnóstico da cisticercose mais eficiente, além de permitir aos pecuaristas vermifugar somente animais positivos. Atualmente, a detecção da doença é feita na linha de abate, com a realização de cortes em órgãos e em músculos onde o parasita costuma se alojar.