Pasto de mombaça: coxão duro ou picanha?

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Barbara de Sousa Mota Neta

Zootecnista parte do corpo técnico da 3rlab.

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Marcelo Hentz Ramos

Médico veterinário parte do corpo técnico da 3rlab.

Num pasto “coxão duro”, temos uma estimativa de ganho de 200-300 g/dia. Já em um pasto “picanha”, temos uma estimativa de 700-800 g/dia. Entenda a razão dessa diferença

O pasto é a base da alimentação do rebanho bovino brasileiro. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em 2022, aproximadamente 154 milhões de hectares foram destinados à pastagem no País. Dessa forma, as brachiarias são as pastagens mais comumente utilizadas na pecuária de corte, sobretudo as cultivares do gênero Panicum maximum, que vêm ganhando grande espaço em projetos de pecuária intensiva. Dentre os Panicum, a cultivar mombaça talvez tenha sido a mais estudada e implementada em projetos pecuários que apostaram em aumento de produção de arroba por hectare.  

A quantidade de fibra (% de FDN na matéria seca) do pasto de mombaça no Brasil gira em torno de 60% (gráfico 1), ou seja, mais da metade do pasto é fibra. A FDN (fibra em detergente neutro) está diretamente relacionada ao mecanismo do consumo animal. É muito importante ter conhecimento desses teores, pois a FDN correlaciona-se negativamente com o consumo e baixos valores de FDN permitem ao animal consumir uma forragem de melhor qualidade.  

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No entanto, o impacto do manejo é tão grande que podemos ter um pasto de mombaça com 75% de fibra (não desejável, pois representa o “coxão duro”) como também um pasto com 45% de fibra (“picanha”). Na tabela 1, podemos notar o impacto da quantidade de fibra no pasto sobre o desempenho de bezerros nelores desmamados. Notamos que com um pasto “coxão duro”, temos uma estimativa de ganho de 200-300 g/dia. Já em um pasto “picanha”, temos uma estimativa de 700-800 g/dia. Conforme nos relatou o gerente de Negócios da Rehagro, Paulo Eugênio, o impacto da quantidade de fibra no pasto (FDN) é tão importante que se não houver a correção do manejo diário de pastagem, existe grande probabilidade de fracasso na pecuária a pasto.  

Saber a quantidade de fibra que temos no pasto é de extrema importância devido ao seu impacto direto no ganho de peso, mas temos que nos atentar também “do que é feita” essa fibra. No gráfico 2, podemos observar a estatística da qualidade da fibra do pasto de mombaça. Quanto maior a digestibilidade da fibra, maior o consumo e melhor será o seu aproveitamento pelo animal. Quanto menor a digestibilidade da fibra, menor o consumo e, consequentemente, menor o aproveitamento pelo animal. 

Esse conceito é importante porque, comumente, atuamos em projetos que não estão com desempenho a pasto dentro da meta estabelecida (ganhando menos peso do que deveria). E um dos fatores mais comuns é encontrar um pasto com baixa digestibilidade de fibra. A altura de saída do pasto de mombaça é um excelente indicador da digestibilidade do pasto que foi consumido. Se a altura de saída está abaixo da meta estabelecida, os animais consumiram pasto de baixa digestibilidade. Se a altura de saída está na meta ou acima da meta estabelecida, os animais consumiram pasto de boa digestibilidade. 

Fique de olho na qualidade do seu pasto de mombaça. Queremos todos os animais comendo “picanha”! 

 

Estatística do FDN do pasto de mombaça no Brasil

Fonte: 3rLab

Simulação do impacto da quantidade de fibra do pasto no ganho de peso de bezerros Nelore

 

Pasto A – “Coxão duro”

Dieta B – “Picanha”

Consumo de pasto de mombaça, kg de matéria natural/dia

25

25

Mineral (g)

100

100

FDN do pasto, % da MS

75

45

Estimativa de ganho de peso, energia metabolizável, g/d

220

720

Estimativa de ganho de peso, proteína metabolizável, g/d

370

860

Animal de 7@ (210 kg), Nelore, macho, somente a pasto

Considerando 20% de MS e um consumo de 5 kg de matéria seca por animal por dia

Valores médios da digestibilidade da fibra do pasto de mombaça no Brasil

Fonte: 3rLab

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