Mesmo com as modestas reduções nas cotações do milho e da soja, ainda vale a pena conhecer outras fontes proteicas para formular a dieta dos bovinos de corte na terminação intensiva ou semi-intensiva para diminuir os custos de produção.
Afinal quem não quer aumentar a lucratividade?
Com essa visão, Rodrigo da Costa Gomes, pesquisador em Nutrição Animal da Embrapa, unidade de Campo Grande (Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, CNPGC, MS) e também professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL, PR), apresenta uma série de ingredientes alternativos para o pecuarista procurar em sua região.
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OUÇA os comentários de Rodrigo Gomes
Subprodutos do milho – Há alguns anos vêm se destacando os grãos secos de destilaria de etanol a partir do milho.
Vale ficar de antenas ligadas para este tipo de oferta, porque é uma indústria crescente em percentuais acima de dois dígitos, principalmente no Brasil Central, onde há muita oferta do cereal.
Há dois subprodutos básicos dessa usinagem. Um é mais proteico e substitui bem o farelo de soja no arraçoamento.
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É o que conhecemos como DDG 30. Contudo há o DDG 16, com teor de proteínas mais baixos, porém bastante recomendado para terminação em regime de pastejo.
Esse subproduto conciliar alta quantidade teor de energia e proteína compatível à ureia e farelo de soja. Mas Gomes atenta para alta concentração de potássio e enxofre, podendo demandar uma mineralização mais específica.
Subprodutos da soja – A casca de soja é um dos importantes. Trata-se de um ingrediente que substitui o milho, em até 50%, fornecendo bastante energia e ainda reduzindo a quantidade de amido, o que melhora a saúde ruminal dos animais, sensivelmente, tornando a dieta mais segura.
O outro subproduto são as “bandinhas de soja” ou “resíduos da soja”, resultados da pré-limpeza dos grãos na armazenagem. Eles são ricos em soja quebrada, vagens e outras estruturas vegetais. Seu teor proteico pode variar de 15 a 20% e podem ser encontrados por preços mais em conta.
Porém, o pesquisador alerta para a origem do ingrediente, quanto a contaminantes, principalmente terra, já que ele pode ter sido originado a partir da varredura do chão da indústria. Recomenda-se que ele integre em até 15% a composição da ração.
Subprodutos do algodão – Da indústria do algodão vem um ingrediente bastante conhecido na bovinocultura de corte. Por sua oleosidade, o caroço de algodão tem alto teor de energia e também de proteína.
Seu uso permite considerável redução do uso de farelo de soja e do milho, na dieta. Mas em função do seu próprio óleo não se recomendo que componha mais de 15% da ração.
O outro subproduto é a torta de algodão, originada a partir da extração parcial do óleo do caroço. Também apresenta altos teores de energia e proteína, cerca de 30% e de 34 a 40%, respectivamente, dependendo do processo industrial. É um ingrediente mais acessível em regiões de exploração da cultura.
Outros subprodutos – Em regiões das culturas cítricas (laranja, limão etc), a oferta é de polpa cítrica, com destaque para a peletizada que dispensa processos de secagem para o armazenamento.
Ela também substitui o milho, mantendo o nível energético alto e fornecendo a pectina, um ingrediente de “grande sinergia” com o amigo oriundo do milho, sorgo ou aveia. Pode substituir de 30 até 50% do milho na dieta.
Outro resíduo que pode entrar no arraçoamento é o da cervejaria. É conhecido como cevada úmida, apresentando alto teor de energia e “algum valor” proteico, conforme enfatiza Gomes. Pode substituir parcialmente o milho e o farelo de soja. Alguns cuidados devem ser tomados.
Um deles é o custo do transporte, já que pela umidade, o volume é maior do que o de outros produtos. Também é crítica a armazenagem, já que a forma fresca (poucos dias de produção) oferece o melhor aproveitamento animal. E também pela geração de micotoxinas, responsáveis em potencial pela ocorrência de problemas digestivos.
O pesquisador da Embrapa Rodrigo Gomes conclui observando algumas ponderações sobre o uso de volumosos na terminação.