As mudanças climáticas e a regulamentação de questões ligadas à atividade agropecuária são hoje as principais preocupações dos agricultores, de acordo com a pesquisa global “Farmer Voice”, conduzida pela Bayer em parceria com a Kynetec. O estudo, que considerou cerca de 2 mil produtores em oito países – Austrália, Brasil, China, Alemanha, Índia, Quênia, Ucrânia e Estados Unidos – revela que 75% dos entrevistados enfrentam ou se preocupam com os efeitos do clima na produção nos próximos três anos.
No Brasil, essa preocupação atinge 61% dos entrevistados, que apontam as condições climáticas extremas como o principal desafio.
Globalmente, 61% dos agricultores relataram perdas financeiras consideráveis devido a eventos climáticos nos últimos anos. Eles destacaram a necessidade de práticas agrícolas mais resilientes.
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“Três quartos dos agricultores que ouvimos estão experimentando ou se preocupam com os impactos da mudança climática em suas operações. Além disso, dois terços dos agricultores entrevistados disseram que tiveram perdas de renda significativas devido a esses eventos com o clima fora do padrão nos últimos dois ou três anos”, afirmou o diretor de pesquisa da Kynetec, Alexis Clemens.
Além das questões climáticas, as decisões políticas e regulatórias vêm ganhando destaque como barreiras ao desenvolvimento do setor. O estudo mostrou que 29% dos agricultores em âmbito global veem as decisões políticas e regulatórias como um dos três principais desafios para seus negócios, o dobro em relação ao ano anterior. Segundo Alexis Clemens, essas questões já afetam significativamente as operações agrícolas, e a preocupação dos produtores tem aumentado.
O presidente global da divisão agrícola da Bayer, Rodrigo Santos, mencionou que a expansão de inovações, como uma nova variedade de canola desenvolvida pela empresa, depende de um ambiente regulatório que permita o uso de tecnologias genéticas.
Para ele, isso é um exemplo de como as regulamentações podem dificultar a implementação de práticas mais modernas e sustentáveis no campo. “Os agricultores estão preocupados que, em alguns países, o desejo de abordar certos temas como o clima possa impor mais desafios ou restringir o acesso às tecnologias necessárias para o setor”, afirmou.
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Os agricultores brasileiros sentem de forma ainda mais acentuada o impacto dessas regulamentações. A pesquisa indica que 42% dos agricultores no Brasil acreditam que mudanças nas políticas e regulamentos são fundamentais para melhorar a rentabilidade e a sustentabilidade de suas operações no futuro.
A pesquisa Farmer Voice também revelou que 36% dos agricultores consideram a volatilidade de preços/renda como um de seus três principais desafios para os próximos três anos. O aumento dos custos com fertilizantes também é uma preocupação significativa, citada por 30% dos entrevistados.
No Brasil, a preocupação com os custos é ainda mais evidente, com 35% dos agricultores mencionando custos e disponibilidade de mão de obra como um grande desafio.
Diante desses desafios, a digitalização e a agricultura regenerativa aparecem como estratégias-chave para o clima. No Brasil, 79% dos produtores já utilizam ferramentas digitais e a média de práticas regenerativas adotadas é de 10 por produtor, superando a média global de 7.
Em termos globais, a pesquisa mostrou que, para 88% dos entrevistados, a principal motivação para o uso de tecnologias digitais é o aumento da produtividade, enquanto 85% visam a redução de custos.
“Os agricultores que conseguirem combinar produção com a restauração do solo e a absorção de carbono vão liderar a inovação na agricultura”, disse o executivo da Bayer. Ele acrescentou que “essas práticas não apenas melhoram o solo, mas também criam novas oportunidades de renda, como o cultivo de culturas para biocombustíveis, unindo sustentabilidade e rentabilidade.”
A pesquisa também revelou que 95% dos agricultores consideram que sua atividade é essencial para a segurança alimentar e 91% acreditam que merecem mais reconhecimento por seu trabalho. Além disso, 89% dos produtores brasileiros incentivaram as futuras gerações a empreender no agronegócio, contrastando com a média global de 63%.
“Os agricultores querem ser reconhecidos por suas contribuições à sociedade. Todos nós podemos apoiar seu trabalho, seja atuando diretamente com os agricultores, desenvolvendo políticas adequadas ou simplesmente nos beneficiando dos frutos de seu trabalho”, acrescentou Santos.