Por Hyberville Neto – consultor e diretor da HN AGRO. Colaborou: Isabella Camargo, zootecnista e analista da HN AGRO.
Segundo dados do último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 2025, a exportação de carne bovina brasileira deve crescer 0,7%, na comparação com 2024. Não é segredo que em 2024 batemos recorde, com 2,5 milhões de toneladas de carne bovina in natura embarcadas, aumento de 26,9%, quando comparamos com 2023. O faturamento em dólares subiu 22,8%. Os principais compradores da carne bovina brasileira são China, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, nessa ordem.
Começo de ano positivo
As exportações começaram o ano em um bom ritmo. Segundo dados preliminares da balança comercial brasileira, até a quarta semana de janeiro o Brasil exportou 143,3 mil toneladas de carne bovina in natura, com média diária de 8,4 mil toneladas, valor 2,1% maior que em janeiro de 2024.
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Houve uma desaceleração nas semanas mais recentes, mas caso o ritmo médio desde o início de janeiro fosse mantido, as exportações bateriam recorde para o mês.
Antes do fechamento do mês, os importadores americanos já utilizaram a cota anual de 65 mil toneladas estabelecida entre os países.
Se somando a esse cenário positivo, temos a expectativa quanto à abertura de novos mercados.
Abertura de mercados
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O assunto não surgiu hoje, mas desde o início do ano, o tema da abertura de mercados, com destaque para o Japão, tem sido pauta. Outros mercados que estão no foco são Turquia, Vietnã e Coreia do Sul.
Historicamente, o Japão apresenta demandas relacionadas ao status quanto à febre aftosa, situação que tem evoluído no Brasil, o que colabora com o andar das negociações. Entretanto, o interesse comercial do país também deve ser fundamental nesse cenário.
Atualmente, o Japão é o terceiro maior importador mundial de carne bovina. Segundo o USDA o país comprou 725 mil toneladas equivalente carcaça (tec) em 2024 e deve importar 720 mil tec em 2025.
Atualmente os EUA e a Austrália são os principais fornecedores de carne bovina. Entretanto, os americanos estão na fase de alta do ciclo pecuário, com oferta limitada e preços em alta. A projeção do USDA é de que a produção de carne bovina no país seja 4,0% menor em 2025, na comparação anual.
Com a alta nos preços, a carne brasileira ganhou espaço no mercado norte-americano.
Além de ganharmos espaço no mercado dos Estados Unidos, quando analisamos sob a ótica dos compradores japoneses, a diferença de preços entre o fornecer (EUA) e o possível (Brasil) aumentou, deixando a possibilidade ainda mais atrativa.
O Japão tem trabalhado com uma inflação alta para os parâmetros do país. Em dezembro, o índice oficial ficou em 3,6%, em doze meses. Para os alimentos a inflação foi de 6,1%.
Assim, diante das altas de preços nos cortes americanos e com a preocupação com a inflação do país, os japoneses encontram no Brasil uma possibilidade de adquirir produtos de qualidade e de menor preço.
Cabe a ressalva que existem diferenças entre os produtos brasileiro e norte-americano, do ponto de vista de destinação e posicionamento, mas a carne brasileira tem potencial para incomodar os outros fornecedores.
Considerações
Caso o acordo seja fechado com o Japão, fica a atenção e a oportunidade quanto à demanda por animais jovens, semelhante às características exigidas pelo mercado chinês.
Até 2019 o Japão exigia que a carne oriunda dos Estados Unidos fosse de animais com até trinta meses. Em outras palavras, quando começar a comprar carne brasileira, deve ser mais um mercado a ser atendido com o gado de sistemas mais eficientes, que ganharam espaço nos últimos anos, impulsionados pela China.
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Mercado Pecuário
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