Rastreabilidade: Pará identifica o primeiro boi para monitoramento socioambiental

Brincagem de bovinos e bubalinos do Pará é a 1ª iniciativa de rastreabilidade na Amazônia adotada como política pública e que contempla ganhos ambientais, comerciais e de gestão

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O primeiro boi com identificação individual para monitoramento socioambiental, controle sanitário e gestão de produtividade recebeu nesta quarta-feira (11/9) um brinco com esses registros aplicado em sua orelha pelo governador Helder Barbalho; veja vídeo.

Governador Helder Barbalho faz o brincamento do boi Pioneiro, no Pará, inaugurando o programa de rastreamento individual de bovinos no estado (Foto: Divulgação / Imaflora)

O evento aconteceu no Parque de Exposições Orlando Quagliato, em Xinguara (PA), dando partida oficial ao Sistema de Rastreabilidade Bovídea Individual do Pará (SRBIPA), que pretende identificar cada cabeça de gado nascida ou em trânsito no território paraense até o fim de 2026.

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“Atualmente, com base nos dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e das Guias de Trânsito Animal (GTAs), os frigoríficos conseguem controlar apenas a ponta da cadeia de fornecimento, isto é, as fazendas de onde os animais saem para o abate. Com esse novo sistema, será possível traçar toda a trajetória de cada animal e descartar que tenha nascido ou sido engordado em uma propriedade com ilícitos socioambientais e desmatamento”, explica, em nota, Marina Guyot, gerente de Políticas Públicas do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), que compõe uma instância de governança multisetorial, o Conselho Gestor do Pará, encarregado de apresentar propostas técnicas de viabilização do programa.

Marina Guyot, gerente de Políticas Públicas do Imaflora, durante evento de brincamento do boi Pioneiro, no Pará (Foto: Divulgação / Imaflora)

“Trata-se de um aperfeiçoamento histórico e necessário para o setor, com poder de impulsionar a transição da pecuária para uma nova realidade, livre de irregularidades ambientais e com ganhos na produtividade”, afirma Guyot, que acrescenta: “É positivo ainda que essa política, que é mandatória (todos terão de aderir), preveja capacitação, incentivo para implementação e o princípio de não-exclusão (aqueles que não cumprirem todos os requisitos de imediato não serão excluídos)”.

Segundo maior rebanho do país

O Pará contabiliza 24,84 milhões de cabeças, distribuídas por cerca de 165,9 mil propriedades, segundo dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), que juntamente com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará operacionalizam a iniciativa, que faz parte do Programa de Integridade e Desenvolvimento da Pecuária no estado.

A produção do estado tem sido voltada ao mercado interno, mas há um movimento de retomada de exportações. Para tanto, será necessário responder a exigências como a do mercado europeu, que já não comprará mais produtos ligados a desmatamento a partir de dezembro deste ano. A China, maior parceiro comercial do Brasil, também já dá sinais de maior preocupação com aspectos socioambientais associados aos produtos que importa, aponta o Imaflora.

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De acordo com o instituto, o sistema viabilizará ainda melhor controle sanitário por parte do governo estadual, com registros de vacinação e de eventuais doenças. O que, diante de um problema no rebanho, facilita uma intervenção mais rápida e assertiva para separar animais possivelmente afetados.

Já o produtor aprimora sua gestão ao manejar cada cabeça de gado. O brinco reúne, por exemplo, dados sobre desenvolvimento, desempenho reprodutivo e outras características que permitem identificar os fornecedores de indivíduos com melhor genética para formar o rebanho.

“O engajamento da cadeia pecuária na promoção da regularidade e no combate ao crime ambiental é essencial ainda para promover a agenda de restauração florestal e avançar no combate ao desmatamento, de forma complementar às atividades de comando e controle. Dentre outros benefícios diretos, essas medidas resultam em paisagens menos suscetíveis à degradação, que comprometem o ciclo hídrico e favorecem o alastramento de queimadas recordes a cada ano”, finaliza Guyot.

Fonte: Ascom Imaflora

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