França não permitirá o uso da palavra ‘carne’ em produtos plant-based
"Está na hora de o governo brasileiro se posicionar sobre o tema", afirmou Nabih Amin El Aouar, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil
O governo da França, um dos maiores mercados de alimentos do mundo, assinou decreto que proíbe o uso de nomes de “carne” como “bife” e “salsicha” em alimentos proteicos à base de plantas.
A legislação entrará em vigor a partir de 1 de outubro. A França é o primeiro país da União Europeia a fazer tal movimento, que se espalha pelo mundo com o objetivo de bem-informar e não confundir a cabeça dos consumidores.
“Não será possível usar terminologia específica do setor tradicionalmente associada à carne e peixe para designar produtos que não pertencem ao mundo animal e que, em essência, não são comparáveis”, diz o decreto oficial.
A associação francesa da indústria de carnes (Interbev) divulgou que “este é um primeiro passo em território francês, pioneira na proteção de seus nomes, que deve ser estendida em nível europeu”.
Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB (Foto: Divulgação)
“Quando esta proibição ocorrerá no Brasil? E até quando os pecuaristas brasileiros aceitarão passivamente esta propaganda enganosa? Está na hora de reagirmos. Devemos reivindicar para que seja praticada a verdade. Se plant-based não é carne – aliás, são alimentos super processados, cujos efeitos ainda não estão claros no organismo –, então não pode ser denominada como carne. Simples assim”, assinala o cardiologista e pecuarista Nabih Amin El Aouar, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).
Nabih destaca que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou, por meio da Portaria nº 327, de 2 de junho de 2021, consulta pública para a tomada de subsídios para a regulamentação dos produtos processados de origem vegetal.
Por iniciativa da ACNB, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Carne Bovina, com respaldo do Prof. Dr. Sérgio Pflanzer (FEA/UNICAMP), elaborou documento, no qual foi pontuada “a importância da regulamentação do assunto, especialmente visando impedir a utilização de nomes, definições e argumentações que possam confundir ou enganar o consumidor”.
Destacou ainda a diferença quanto a diversos aspectos nutricionais dos produtos que se dispõem a ser análogos às proteínas animais, “além de reafirmar que, por ser produtos muito diferentes, os chamados plant-based não podem receber os mesmos nomes dos produtos de origem animal já plenamente conhecidos pelos consumidores e regulamentados pelo Mapa”, informa o presidente da ACNB.
“Assim como o governo da França, está na hora de o governo brasileiro, por meio do Mapa, se posicionar sobre o tema. Nossos objetivos principais são dois: mostrar que plant-based não é carne e fornecer a correta informação para os consumidores”, explica Nabih Amin El Aouar.
Por enquanto, os estoques de proteína seguem altos no atacado, e os preços dos animais terminados andam de lado, apesar do alívio na pressão de baixa imposta pelos frigoríficos
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