A Embrapa Pecuária Sul (RS) apresenta, na 47ª edição da Expointer, a CarbonGado, uma calculadora inovadora que auxilia na estimativa e mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE) do rebanho bovino de corte, com base nos índices zootécnicos da propriedade pecuária.
O desenvolvimento do app web foi realizado pela Embrapa, a partir de um algoritmo elaborado em parceria com a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) para sistemas pecuários de ciclo completo. Esse modelo estabelece a conexão entre os indicadores das fazendas e as emissões de gases. A iniciativa visa qualificar o potencial de sustentabilidade da pecuária brasileira, oferecendo ao setor produtivo mecanismos de controle, avaliação e aprimoramento da atividade.
Continue depois da publicidade
Segundo o pesquisador Vinicius Lampert, responsável pelo trabalho, o objetivo da CarbonGado é estimar a pegada de carbono dos bovinos, em sistemas de ciclo completo para a pecuária de corte, a partir de informações disponíveis dentro das fazendas.
“Uma das vantagens do uso da CarbonGado é a capacidade de identificar quais indicadores zootécnicos possuem maior potencial para mitigar a emissão de gases em cada fazenda de ciclo completo avaliada, como, por exemplo, o impacto do aumento da taxa de desmame na redução da intensidade da emissão de gases. Com essa ferramenta, é possível direcionar esforços e recursos para as áreas mais promissoras em termos de redução das emissões de metano e óxido nitroso, promovendo uma pecuária mais sustentável e eficiente”, destaca.
Entram no cálculo fatores como a taxa de desmame, idade de abate, idade de acasalamento, mortalidade, peso, categorias de animais das diferentes épocas do ano, suplementação usada, tipos e qualidade das pastagens usadas na propriedade e uso ou não de adubação nitrogenada, entre outros.
“Assim, a partir da combinação dessas informações, a calculadora CarbonGado consegue estimar, primeiramente, a produtividade da propriedade, e, a partir desse indicador, calcula a emissão de CO2 equivalente por quilo de peso bovino produzido, oferecendo ao produtor uma referência para avaliação dos pontos que podem ser melhorados”, explica Lampert.
A ferramenta é mais uma estratégia disponibilizada ao setor produtivo para aferir índices de sustentabilidade da atividade. Estudos prévios da Embrapa já demonstram que a pecuária tem grande potencial para mitigar a emissão de gases de efeito estufa com a melhoria do desempenho de sua produção e, assim, apresentar um balanço favorável de carbono, a partir do bom manejo dos rebanhos e da função que as pastagens cumprem na geração de matéria orgânica e fixação de carbono.
Prospecção de parcerias e acesso ao público
Continue depois da publicidade
O objetivo do lançamento na 47ª Expointer é a prospecção de parceiros para colocar a tecnologia no mercado, na perspectiva de que em breve possa ser disponibilizada definitivamente ao setor produtivo e ao público em geral. A versão beta é uma fase de desenvolvimento de software em que a aplicação está funcional, mas ainda em testes e ajustes finais. A finalidade desta fase é coletar feedback de usuários reais para identificar possíveis melhorias e correções antes do lançamento oficial. No caso da CarbonGado, a versão beta busca:
– Prospectar investidores e parceiros de pesquisa;
– Testar a eficácia da ferramenta, avaliando a precisão e a utilidade da calculadora em diferentes contextos de produção pecuária;
– Incorporar novas variáveis que possam ser incorporadas ao sistema, inclusive em questões sobre o balanço de carbono, auxiliando técnicos e produtores na escolha de sistemas de produção com maior potencial de mitigação de gases de efeito estufa.
“O objetivo do lançamento beta da CarbonGado é buscar parceiros de pesquisa ou investidores que possam contribuir para a finalização da versão atual e a inserção de novas funcionalidades previstas. A perspectiva futura é definir outras variáveis que poderão ser incorporadas ao sistema, auxiliando técnicos e produtores na escolha de desenhos de sistemas de produção com maior potencial de mitigação de gases de efeito estufa na produção de bovinos de corte. Essa colaboração é essencial para aprimorar a ferramenta e expandir seu impacto positivo na sustentabilidade da pecuária brasileira”, finaliza Lampert.