Por Renato Villela
Modernizar ainda mais a pecuária, alcançar resultados cada vez melhores e liderar rankings não é tarefa simples nos dias atuais, nem algo que se faça da noite para o dia. Requer tempo, demanda investimento, pede paciência. Este foi o caminho trilhado pelo produtor Guilherme Pontieri (46 anos), proprietario da Fazenda AgroPontieri, em Goiatuba, 200 km ao sul de Goiânia, capital de Goiás. Em 1996, à época com 19 anos, Guilherme ouviu do pai, José Carlos Pontieri, então com 49 anos, durante uma das visitas à fazenda, um frase inesperada: “A partir de agora, é você quem toma conta”.
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Refeito do susto, o então estudante de veterinária impôs apenas uma condição. “Eu disse que topava, mas queria fazer do meu jeito”, relembra. A contrapartida foi aceita e representou grande estímulo para Guilherme. “Foi muito importante o apoio do meu pai. Ele teve humildade e desprendimento, porque não é fácil abrir mão do comando”, reconhece o produtor, que, nesta reportagem, representa a geração que ajudou a pecuária a atingir novos patamares nos anos 90, impulsionada por novas demandas de mercado e tecnologias como o pastejo rotacionado, a ILP, a suplementação, a IATF e os programas de melhoramento genético.
Quem vê os atuais indicadores da Agropontieri, com lucro de R$ 6.238/ha/ano, resultado que lhe garante a liderança no Benchmarking do Instituto Inttegra, mal pode acreditar como foi o começo da empreitada. Guilherme lembra, rindo, que a primeira pergunta feita ao pai quando assumiu a fazenda foi: “Como vendemos os animis?”. “Pelo peso”, respondeu Seu José Carlos. “Mas como, se não temos balança na fazenda”, retrucou o jovem, que logo tratou de comprar o equipamento e organizar o sistema produtivo, dividindo seu tempo entre a gestão da propriedade e as aulas na faculdade. “Avisei que, durante dois anos, não daria para tirar dinheiro do gado. Implementei uma estação de monta e fiz exame andrológico nos touros. Dos 15, apenas 6 estavam aptos a cobrir”, recorda.
Após a conclusão do curso, o produtor pôde se dedicar exclusivamente à pecuária. Entrou para o Qualitas quando o programa foi criado, em 2000. Passou a usar inseminação artificial em 100% do plantel, com enfoque no sêmen de touros para precocidade sexual. Como o avanço na genética deve caminhar ao lado da nutrição para alcançar bons resultados, Pontieri deu início à suplementação nas águas. “Tudo isso nos permitiu, a partir de 2011, desafiar as novilhas com 13 meses de idade, obtendo índices de prenhez acima de 80%”, diz.
Altamente intensificada, a fazenda tem hoje o mesmo plantel de 450 matrizes que tinha em 1996. O que mudou foi a área. Em vez de 360 ha, são 125 ha. Dedicada ao ciclo completo, chega a ter 7 UA/ha no período chuvoso. O avanço ao longo de quase três décadas pode ser expresso nos números: os bezerros, antes desmamados com 180 kg, hoje saem do pé da mãe com 270 kg. Os bois, que eram abatidos aos 36 meses, agora vão para o gancho aos 20. A idade ao primeiro parto foi reduzida de 36 para 23 meses e o intervalo entre partos, de 500 para 370 dias. A estação de monta dura surpreendentes 45 dias. “Em 1996 não tínhamos touro em central. Agora temos 20 e vendemos mais de 300.000 doses por ano”, relata esse grande representante da pecuária intensiva atual.