Legado de produtividade

O produtor Bruno Aurélio Ferreira Jacintho, sucessor do renomado pecuarista Chichico, acompanhou de perto a evolução da pecuária, implementando modernizações como o confinamento de bois com melhores resultados de ganho de peso e a divisão dos piquetes para aumentar a lotação da fazenda
Bruno Aurélio Jacintho, com a esposa Helen: dando continuidade ao legado do pai Chichico, em terras paulistas.

Por Renato Villela

O produtor Bruno Aurélio Ferreira Jacintho, 74 anos, também acompanhou de perto a evolução da pecuária nas últimas décadas, em região de terras mais consolidadas. Durante anos, esteve ao lado do pai, o selecionador Francisco Jacintho da Silveira, o “Chichico”, um dos mais destacados pecuaristas do País. Em 2001, DBO contou um pouco de sua história na reportagem “Partilha em vida evita conflitos e estimula crescimento”. Escrita pelo repórter Fernando Yassu, a matéria narra como o patriarca promoveu a sucessão familiar em 1980, tema hoje tão em voga, revelando outra faceta pioneira de Chichico.  

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Ao assumir as rédeas das fazendas Continental, em Barretos (SP), e Regalito, em Flores (GO), Jacintho levou adiante o legado do pai e foi testemunha atuante da intensificação pecuária. “Esse processo começou no final da década de 70, caminhou devagar nos anos 80 e acelerou a partir da década seguinte”, relata. Para o produtor, a modernização da atividade jamais interferiu na preservação ambiental. Um dos exemplos é o Rio Santa Maria, que percorre 20 km da Regalito, banhando uma rica flora. “Em vez dos 30 metros de mata ciliar, mantenho 150 m, em alguns pontos até 300 m”, conta, orgulhoso.  

Ao longo de sua trajetória, Jacintho se lembra dos desafios, como fazer um confinamento. “Gastávamos muito com ração, mas os bois ganhavam pouco peso, até 1 kg/dia. A dieta era formulada de forma empírica. Tinha muito problema de acidose e laminite, que acometia de 15% a 20% dos animais”, recorda. A primeira tentativa foi em 1986, deixada de lado três anos depois. Nos anos 90, o confinamento começou a deslanchar no Brasil. Em 2009, com a ajuda do filho Sebastião, recém-formado, e a chegada de novas tecnologias, voltou a confinar. “Hoje os bois ganham quase 2 kg/dia e não temos problema de laminite”, compara. 

O produtor também conheceu “o antes e depois” do manejo de pastagens. “Os piquetes eram grandes e percebemos que, nos locais onde os animais se concentravam, o capim se degradava rapidamente, enquanto, no fundo dos piquetes, sobrava forragem”, relata. Diante desta observação, Jacintho deu início à divisão dos piquetes no início dos anos 2000. “Só pelo fato de dividir a área, conseguimos dobrar a lotação da fazenda”, recorda. Depois, foi introduzida a suplementação na seca e a adubação nas águas. Atualmente, Jacintho conta com a ajuda da esposa, Helen, e de dois de seus cinco filhos (Sebastião e José, o Zeca), para tocar o negócio. Em Barretos, a pecuária é altamente intensificada e divide o espaço com a cana-de-açúcar, a seringueira, o plantio de teca e de grãos, como soja, milho e sorgo, numa área de apenas 300 ha, onde cabem de 1.800 a 2.000 animais. Em Goiás, o boi reina sozinho. A fazenda se dedica ao ciclo completo e à seleção de Nelore e Brahman. Por lá as inovações também não param. Foi construída uma fábrica de ração e, mais recentemente, um biodigestor, garantindo autoabastecimento para toda a fazenda. 

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