
Nesta 2ª parte da reportagem sobre a importância da água de qualidade para a plenitude produtiva de um bovino, o foco é a manutenção dos equipamentos e instalações do sistema de fornecimento; ou seja, não adianta eficiência sem cuidar da limpeza.
Vale lembrar que a água em oferta deve ser potável e, portanto, apresentar três características básicas: incolor (transparente), inodora (sem cheiro) e insípida (sem gosto). Retomando a tônica, a água ideal é aquela que o próprio pecuarista beberia.
Mais uma vez quem chama a atenção e trata do assunto é Fernando Loureiro Lima, médico veterinário e diretor da Rubber Tank, empresa fornecedora de equipamentos e serviços para o fornecimento de água às fazendas, no Mato Grosso do Sul.
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os comentários de Fernando Loureiro Lima
Então, “é comum encontrar em fazendas bebedouros com água imprópria, já em uma análise simples, apenas visual, rápida”.
Ela está sem transparência, barrenta (presença de terra) ou esverdeada (com alta concentração de algas) e com cheiro. Tal água pode estar mascarando presenças indesejadas como as de agente patológicos.
Essa matéria orgânica pode ser proveniente de folhagem de capim, de árvores e outras plantas por ação do vento, do bolo ruminal, farelos do arraçoamento, acesso dos próprios animais ao interior dos bebedouros (o que leva até esterco e urina) e até resto de cadáveres de pequenos animais carreados por via oral pelo próprio rebanho.
Bovinos, nem sempre por deficiência de fósforo ou cálcio, podem roer ossos. Outra forma de contaminação comum é o acesso de aves e outros animais silvestres.
Pior, às vezes eles caem e não conseguem sair, perecendo no bebedouro. E são muitos, como tatus, lagartos de várias espécies, além de uma infinidade de insetos.
Em noite de lua cheia, com o reflexo do satélite, a infestação é grande. Todos esses acessos incorrem em decomposição e acúmulo de material orgânico contaminante do trato gástrico dos bovinos – bactérias e protozoários – causando diarreias. Todas as “oses” podem ter aí sua origem, como colibacilose, salmonelose, eimeriose.
Obviamente, os bezerros são as maiores vítimas, mas os males afligem todas as categorias animais. E a forma mais simples de proteger bebedouros e o reservatório é a presença de um campeiro, aquele que já olha a cerca, o estado dos comedouros e dos piquetes, também vai olhar a água e a conservação das instalações.
De modo geral, as fazendas alegam que ter uma boa gestão da oferta de água representa um custo a mais e mais um manejo.
Segundo Loureiro, “o que não está sendo visto são os ganhos de produtividade, já que bovinos supridos de água de qualidade se alimentam e se desenvolvem muito melhor e mais rapidamente”.
Então, manter os bebedouros e reservatórios limpos é urgente. Quanto à limpeza, não há fórmula mágica. A devida ação mecânica é essencial.
Não há produto no mercado que a substitua. A adição de químicos é uma etapa final.