Com as margens de lucro cada vez mais apertadas, principalmente nos sucessivos ciclos de baixa de preços, como o atual, a bovinocultura de corte precisa de mais eficiência produtiva. Em outras palavras é preciso produzir mais com cada vez menos.
E um ponto fundamental que merece todos os investimentos é na qualidade da água que se oferta aos animais. Um dos grandes especialistas do assunto é Fernando Loureiro Lima, médico veterinário e diretor da Rubber Tank, empresa fornecedora de equipamentos e serviços para o fornecimento de água às fazendas, no Mato Grosso do Sul.
Entre outros aspectos, ele define o que é uma água de qualidade. Nos bastidores, até deixa a questão: – Você beberia a água que oferece aos seus animais?
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Confira cinco pilares para se estruturar uma oferta de água de qualidade:
1. Servir água onde mais os bovinos precisam dela e exijam menos locomoção para o acesso. O gasto energético que cada animal dispende para caminhar até os bebedouros ainda é muito grande, no Brasil.
Existem trabalhos científicos que delimitam essa distância em até 400m, de ponto de consumo de comida. Logo, um planejamento deve fixar a oferta de água centralizada entre os vários pontos de nutrição. Essa configuração pressupõe invernadas mais quadradas para equilibrar as distâncias.
2. Esse planejamento envolve considerar orçamento à necessidade de água diária para dessedentação (matar a sede), o volume de animais atendidos com previsão de eventuais expansões (intensificação), seu gradual ganho de peso ao longo dos dias (10% a mais do peso vivo): garrotes e novilhas com 200kg de peso vivo, cerca de 20l/dia; vacas de 400kg, 40l/dia; e bois em fase final de terminação com 550kg, 55l/dia. Em cima disso se orça o quanto de água deverá ser captada.
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3. O investimento requer a previsão de licenças e respostas como se serão necessários poços artesianos; ou de outorga para captação em mananciais (nascentes, riachos e rios que correm a propriedade); além da mensuração de distâncias. Dessa forma, torna-se independente do regime de chuvas.
Açudes e represas podem secar e oferecer barro para matar a sede; então, é sempre bom fugir dos riscos das estiagens fora do normal. As mudanças climáticas são realidade e não se deve estar sujeito a elas. As perdas ocorrem por infiltração no solo e, obviamente, pela evaporação.
4. A água servida pode ser oriunda de açudes e represas da propriedade, porém em bebedouros artificiais, mesmo sem filtros ou tratamentos químicos. Mas essa oferta deve considerar todas as variáveis e fugir de eventuais riscos de perdas de volume e qualidade. Os bebedouros artificias impedem o acesso direto dos animais às fontes, reduzindo a contaminação. Deve-se manter os equipamentos limpos.
O que diz a Embrapa – A falta de água para dessedentação dos animais tem como consequências a redução do crescimento, do bem-estar e da saúde e o aumento do estresse, ou seja, resulta em consideráveis impactos negativos nos fatores zootécnicos e econômicos.
Sendo esses impactos de conhecimento de produtores, profissionais, extensionistas, enfim dos atores relacionados às atividades pecuárias, pergunta-se: por que a medição do consumo de água pelos animais não é uma prática comum?
O consumo de água é um dos indicadores disponíveis para avaliar o desempenho zootécnico e sanitário de um rebanho. Ele compreende todas as características que determinam um bom indicador: é de fácil mensuração, tem custo reduzido para medição e é de amplo entendimento pelos atores.
Monitorá-lo significa dispor de informações valiosas que auxiliarão na tomada de decisão sobre os aspectos produtivos, econômicos, sociais e ambientais. Sem um rebanho saciado nessa necessidade básica não há bovinocultura de corte lucrativa e sustentável.
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