OUÇA | IZ quer São Paulo na dianteira da produção de carne de qualidade

Com várias pesquisas e eventos, como o "II Workshop de Carne de Qualidade", o Instituto de Zootecnia vislumbra enorme potencial de mercado para SP e o país

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Mais de 150 pecuaristas e especialistas em tecnologia da bovinocultura de corte paulista e brasileira participaram do workshop (Foto: Marcio Peruchi)

E tudo começa partindo de muita informação científica e troca de experiências. O “II Workshop de Carne de Qualidade” aconteceu na virada do mês, em 28 de outubro, na unidade do IZ de Sertãozinho (SP).

A grade de palestras dessa edição foi ainda mais abrangente, trazendo temas importantes para a meta de um produto de excelência, como nutrição dirigida.

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Também não faltou testemunho sobre a nobre arte de produzir, nem da ciência para esclarecer o máximo de pontos sobre tamanha empreitada.

Entre os palestrantes, Sérgio Bertelli Pflanzer Júnior, médico veterinário e professor/doutor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA-Unicamp), que ministrou duas palestras: “Ciência da carne: do básico ao avançado” e “Fundamentos e avanços tecnológicos em ciência da carne”. Mas o que marcou foi a ênfase na oportunidade mercadológica.

Foto: Marcio Peruchi

OUÇA  os comentários de Sérgio Pflanzer

Palestras e propósitos – O evento foi organizado para promover a união e gerar interação entre os diferentes elos da cadeia produtiva da carne bovina. Segundo Lenira El Faro Zadra, pesquisadora anfitriã e organizadora, foi interessante reunir pecuaristas interessados em conhecer as pesquisas realizadas na área de melhoramento genético, nutrição e emissão de metano.

O dia de trabalho também atraiu estudantes, técnicos e pesquisadores de diferentes centros e universidades, fomentando grupos de discussões que compartilharam informações e avanços das pesquisas sobre como “podemos produzir, tanto nas fazendas de pecuária de corte quanto nas próprias indústrias”.

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Após a palestra de Pflanzer Júnior, a “Nutrição voltada a carne de qualidade” foi o assunto abordado por Mario Luiz Chizzotti, professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV/MG). “Sem dieta criteriosa não há alcance das condições básicas para a produção de carne de qualidade”, reforçou.

O zootecnista Tomás Gazola Zanin, consultor técnico da Cooperativa de Carne Maria Macia, apresentou o Programa de carne de qualidade Maria Macia, além de detalhes da cooperativa de Campo Mourão (PR).

E o tema perdurou com “Cooperativismo e seus desafios na pecuária de corte”, palestra que ficou por conta de Augusto Barbosa Caldeirão, criador e diretor administrativo da Cooperativa Agroindustrial Caiuá Carnes Nobres, de Umuarama, também no Paraná.

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Evolução nas discussões – A pesquisadora do IZ, Lenira Zadra, fez um comparativo entre os dois eventos que prometem seguir com bienalidade.

Para ela, a sequência permite aprofundar os temas e ampliar visões e conhecimento, além de experiências, como as trazidas pelo cooperativismo. “Elas trazem um saber fazer que atrai os produtores e apontam caminhos”, reforça.

Foto: Marcio Peruchi

OUÇA  o comentário de Lenira Zadra

O dilema eficiência e excelência – De forma exclusiva, Pflanzer trouxe a essa cobertura o eterno dilema entre produzir com eficiência e obter um produto com excelência.

Ele explica que muitas vezes os interesses são antagônicos, mas que a ousadia dos empresários brasileiros da carne já tem construído respostas muito satisfatórias, sempre com muito planejamento e monitoramento de resultados.

O evento contou também com a presença ilustre do médico veterinário e professor aposentado da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP, Pedro Eduardo de Felício.

Trabalhando por mais de três décadas na questão carne de qualidade, Felício foi uma das principais personalidades na mesa final de debate.

Os professores Pflanzer e Chizzotti fecharam o debate, moderados por Felício, no centro da mesa (Foto: Marcio Peruchi)

A tônica foi como o Brasil pode melhorar a qualidade da carne consumida pelos brasileiros, além de elencados todos os elos da carne, ressaltando que precisamos deixar de exportar commodities e comercializar carne vermelha com valor agregado, já que produzimos com sustentabilidade.

Também coube com exclusividade à Pfanzer analisar a conjuntura do entendimento dos bovinocultores de corte à produção de carne de qualidade. Para ele, “há um enorme caminho a ser percorrido, muitos nichos de mercado a serem ocupados, principalmente em São Paulo, Sul do Brasil e capitais; como também o registro de pequenos avanços”.

O IZ e sua estratégia – Para explica a iniciativa do IZ com mais essa edição do workshop, Joslaine Noely dos Santos Gonçalves Cyrillo, pesquisadora da casa e especialista em melhoramento genético animal, destaca que “dado o papel de destaque do Estado de São Paulo como referência no cenário de produção e consumo de alimentos, a abordagem carne de qualidade surgiu como desdobramento natural das pesquisas realizadas no Centro Avançado de Pesquisa de Bovinos de Corte de Sertãozinho”.

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Desde a década de 1970, quando o projeto de melhoramento genético das raças Zebu e Caracu foi estabelecido com foco na seleção de características de crescimento e interesse econômico, os pesquisadores do nosso Centro têm se empenhado em manter-se na vanguarda do conhecimento no que se refere à produção de carne de forma eficiente, sustentável, segura, saudável e de qualidade.

Além de iniciativas de extensão como o “II Workshop”, os pesquisadores do Centro desenvolvem projetos de pesquisa que abrangem diversas áreas do conhecimento, além da qualidade da carne, incluindo melhoramento genético, reprodução, eficiência alimentar, sanidade, bem-estar animal, avaliação da emissão de gases do efeito estufa e outras.

Todos esses estudos visam assegurar a quantidade e a qualidade do produto final, ou seja, a carne bovina. Como é de conhecimento, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, conquistando essa posição, graças à adoção, pelos pecuaristas, de tecnologias desenvolvidas pelos Institutos de pesquisa e universidades ao longo das últimas décadas.

Porém, segundo a literatura especializada, a remuneração pelo produto é, em média, 35% menor que a recebida por produtores dos Estados Unidos e da Austrália.

Foto: Arquivo pessoal

“Nossos principais concorrentes exportam seus produtos para mercados mais exigentes. Logo, nosso entendimento é que o momento atual demanda e é propício para uma mudança nesse cenário, o que nos faz buscar soluções que acrescentem valor à carne bovina brasileira”, conclui a pesquisadora.

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