Apesar das recentes disparadas nos preços de carne bovina nas gôndolas dos supermercados/açougues do País, a demanda interna pela proteína tem esboçado alguma recuperação, estimulada sobretudo pelo período de pagamento de salários, no início de dezembro/24, e pela proximidade das festas de fim de ano.
“Durante a semana, as vendas de carne bovina foram satisfatórias, com a renovação de estoques”, relata a médica veterinária Rafaela Facchina, analista de mercado da Scot Consultoria.
No curto prazo, reforça a analista, a expectativa é de melhora na comercialização de cortes bovinos, impulsionada pelo período festivo.
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A equipe de analistas da Agrifatto também apontou desempenho positivo no mercado doméstico de carne bovina.
“As vendas no varejo e a distribuição de carne bovina com ossos alcançaram níveis considerados entre razoáveis e bons”, destaca a consultoria, referindo-se ao movimento dos negócios ao longo desta semana.
Além disso, continua a Agrifatto, “o setor varejista está mostrando sinais de demanda consistente, apontando um volume satisfatório de pedidos para reposição de estoques, o que sugere um bom ritmo nas operações comerciais”.
Segundo a consultoria, a ausência de atrasos nas descargas de mercadorias nos pontos de distribuição indica eficiência na logística.
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“Embora ocorram algumas devoluções parciais por causa de problemas de qualidade, não há relatos de devoluções totais por outras razões”, diz a Agrifatto, que ressalta: “Com um fluxo regular e a proximidade das festas de fim de ano, o mercado apresenta potencial de crescimento, impulsionado pela demanda sazonal tradicionalmente mais forte neste período”.
Cai boi, cai carne
De acordo com Agrifatto, a desvalorização recente da arroba possibilitou ajustes negativos nos preços da carne desde a semana passada.
“Essa tendência que se manteve, resultou em quedas de intensidade variada — média a alta — nas cotações de todos os produtos nesta semana, oscilando entre R$0,50/kg e R$1,00/kg”, destaca a consultoria, completando: “O preço da ponta de agulha para charque sofreu uma redução surpreendente e acima das expectativas, com ajuste negativo de R$1,50/kg”.
Impostos jogam contra
Tradicionalmente, nos primeiros meses do ano (janeiro/fevereiro), a renda da população brasileira tende a enfraquecer, o que pode reduzir o consumo de carne bovina, diz o zootecnista Ygor Maggiori, analista da Scot Consultoria.
O orçamento mais “apertado” no início do ano é consequência da avalanche de impostos, como IPVA, IPTU, além das compras de materiais escolares para volta às aulas e das entregas dos envelopes bancários com os boletos de pagamento do cartão de crédito utilizado no período natalino e de ano novo – normalmente, os “sustos” da população com os altos valores gastos nos períodos de festas/férias são inevitáveis.
“O poder de compra da população tende a enfraquecer, estimulando a busca por outras fontes de proteína”, ressalta Maggiori.