Medida é alternativa à marcação a fogo na cara das bezerras e favorece tanto o trabalho de fiscalização dos técnicos da Defesa quanto o bem-estar animal.
Por Maristela Franco
Há sete anos, DBO publicou uma reportagem de capa sobre uma iniciativa pioneira da pecuarista Carmen Perez, dona da Fazenda Orvalho das Flores, em Araguaiana (MT): a eliminação da marcação a fogo do rebanho, seja como ferramenta de identificação de propriedade, seja de manejo do gado. À época, ela manteve apenas uma marca nas fêmeas: a da vacina contra a brucelose, por exigência legal. Se criasse gado em São Paulo, hoje não precisaria mais fazer isso. O governo paulista acaba de publicar uma resolução permitindo o uso de bottons específicos para atestar a imunização contra a doença.
A medida foi anunciada pelo secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Guilherme Piai, durante o evento “Uma nova marca para o Agro”, que reuniu representantes do setor na capital paulista, em 28 de fevereiro. “Somos os primeiros no País a dar aos produtores a opção de não marcar mais seu gado”, salientou.
O uso de brincos para atestar a vacinação contra a brucelose é uma antiga reivindicação do Grupo de Estudos em Etologia e Ecologia Animal (ETCO), ligado à Unesp de Jaboticabal (SP), porque pesquisas científicas têm mostrado tratar-se de uma prática dolorosa. Pela legislação federal, a marca deve ser feita na cara da bezerra, uma região rica em terminações nervosas, o que aumenta a sensação de dor. Além disso, o ferrete é aplicado perto do olho, exigindo contenção da fêmea no tronco e muito cuidado para não causar acidentes.