Um levantamento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com 4.336 produtores rurais de 14 Estados revela que somente 26,6% dos entrevistados, ou 1.150, contrataram crédito rural em 2020. Entre os ouvidos, um porcentual maior, de 38%, nunca acessou recursos para o setor, segundo pesquisa que fará parte do documento a ser entregue na tarde desta quarta-feira (19) pela CNA, à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com propostas para o Plano Safra 2021/22.
As perguntas foram respondidas de 12 a 27 de abril por produtores de 727 municípios (da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Sergipe, Tocantins e também do Distrito Federal) e 18 atividades agropecuárias.
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Os participantes da pesquisa são atendidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), vinculado à CNA. Do grupo, 69,6% tem renda bruta anual de até R$ 100 mil; 20,4%, acima de R$ 100 mil até R$ 300 mil; 4% com renda bruta anual acima de R$ 300 mil a até R$ 410 mil; e 6% com mais de R$ 410 mil.
Entre os 2.671 agricultores que já acessaram crédito rural alguma vez na vida, 57% ou 1.521 não o fizeram no ano passado, ainda que precisassem. Destes, 26,1% declararam que não tomaram empréstimos em virtude de dívidas anteriores; 21,6% por causa de problemas com a documentação da propriedade e 12,6% em razão de seu limite individual de crédito.
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Além disso, entre os que não acessaram recursos no ano passado, 33,8% disseram não ter precisado nem tentado; 14,7% precisaram mas não tentaram e 8,4% tentaram mas não conseguiram. O porcentual dos produtores com renda bruta de até R$ 100 mil que acessaram crédito no ano passado, de 35,3%, foi menor do que o daqueles com renda acima de R$ 410 mil que obteve crédito rural no mesmo período (65,1%).
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Ainda quando se observa as razões apresentadas por quem não conseguiu ou não tentou tomar recursos de crédito rural em 2020, a existência de dívidas anteriores foi mais apontada por agricultores com renda bruta anual de até R$ 100 mil, 27,9% deles, e por aqueles com renda acima de R$ 300 mil a até R$ 410 mil (29,1%).
Os problemas de documentação da propriedade também foram mencionados por 22% dos que têm renda de até R$ 100 mil, 21,4% dos com acima de R$ 100 mil a R$ 300 mil e por aqueles com renda superior a R$ 410 mil. O limite individual de crédito foi mais apontado como entrave por produtores com renda acima de R$ 300 mil a R$ 410 mil (29,2% do total) e com mais de R$ 410 mil (22,2%) do que pelas duas faixas de renda menores (11,7% e 11,6%, respectivamente).
Entre as linhas e programas mais acessados, o Pronaf Custeio – linha dirigida a agricultores familiares para a compra de insumos – foi apontado por 42,8% dos produtores que acessaram crédito rural no ano passado. Bem atrás aparece o Pronaf Mais Alimentos, destinado a investimentos em bens ou equipamentos, mencionado por 13,7% dos participantes.