Um estudo apresentado nesta segunda, 30 de março, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação pública federal vinculada ao Ministério da Economia, mostra o cenário da economia para 2020 e os impactos provocados pelo novo coronavírus (Covid-19). A partir da análise das medidas de política econômica apresentadas para mitigar os efeitos da crise aguda, os pesquisadores apresentam as previsões para a economia brasileira condicionadas ao tempo de isolamento social.
De acordo com o Ipea, sob a ótica da produção, as principais commodities agropecuárias brasileiras deverão sofrer pouco impacto decorrente da pandemia.
Levando em consideração a previsão de safra do IBGE e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o PIB agropecuário deve fechar 2020 com um crescimento de 3,8%. Mesmo com a simulação do impacto de choques negativos na economia em razão do novo Coronavírus, semelhantes à crise de 2008, a expectativa é positiva: alta de 2,5% sustentado pela estimativa de safra recorde de soja.
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MAS, E O RESTO…
Diante da pandemia associada ao novo coronavírus, as previsões para o desempenho da economia mundial foram fortemente revistas para baixo. A análise de conjuntura do Ipea é trimestral.
No cenário de quarentena até o final de abril, a previsão é o PIB encerrar o ano com variação negativa de 0,4%. Nos cenários com isolamento por dois e três meses, o resultado do PIB seria de – 0,9% e – 1,8%, respectivamente.
“Mantemos fixa a hipótese de rápida recuperação parcial da atividade econômica já no terceiro trimestre deste ano”, informa o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo DE Castro Souza Júnior.
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Ele ressalta, no entanto, que essa hipótese depende da efetividade das políticas econômicas mitigadoras sendo adotadas no Brasil e no mundo, e de um relativamente rápido avanço no controle da pandemia, que permitiria a retirada gradual das medidas restritivas.
O estudo do Ipea inclui uma revisão para baixo das projeções de inflação para 2020. Para o IPCA, a previsão passou de 3,3% para 2,9%. Já para os preços administrados, a expectativa recuou de 3,9% para 3,4%, enquanto a projeção de inflação de bens livres (exceto alimentos), antes de 1,7%, passou para 1,5%.
No caso da inflação de alimentos, a previsão foi ajustada de 4,2% para 3,8%. Para o setor de Serviços, segmento mais impactado pela crise, a expectativa de alta de preços recuou de 3,3% para 2,8%.
Atividade econômica em queda
A análise mensal dos indicadores mostra que, apesar do ritmo de aceleração da economia no início de 2020, deve haver queda no desempenho dos indicadores a partir do mês de março, por conta dos efeitos da pandemia da Covid19.
Para fevereiro, cujos números ainda não foram divulgados, a previsão dos pesquisadores é de alta de 0,3% na produção da indústria na comparação com janeiro, na série com ajuste sazonal. Há estimativa de alta de 0,4% para o comércio e recuo de 0,3% para os serviços (segmento que deve ser mais fortemente impactado) no mesmo período.
A pandemia do Covid-19 também deve impactar as indústrias extrativas, que encerraram 2019 com queda de 1,1% no PIB, ainda influenciada pelo desastre ocorrido na barragem de Brumadinho. O Ipea trabalhava com um cenário de recuperação para o setor, mas revisou a projeção de crescimento de 6,5% para 2,5% em 2020. Fonte: Ascom