Iniciativa que, somente no Brasil reúne 290 pecuaristas, busca novos parceiros comerciais para colocar sua carne com selo em mais cidades brasileiras
Por Renato Vilella
A Alianza del Pastizal, iniciativa que envolve três países sul-americanos (Brasil, Argentina e Uruguai), vive, em território nacional, um momento de transição. Após quatro anos de parceria com a Marfrig (2016 a 2020), os 290 produtores gaúchos que participam do projeto no País se preparam para um novo desafio: conferir maior capilaridade comercial à grife da Alianza, antes encontrada apenas em gôndolas da rede Carrefour, no Rio Grande do Sul e São Paulo.
Para “ganhar” mais praças, os produtores pretendem divulgar não apenas as boas características organolépticas da carne proveniente de animais criados em pastagens naturais, mas também o papel da Alianza na conservação do Pampa, que sofre forte pressão da agricultura, especialmente da soja. Segundo levantamento do Mapbiomas, o Rio Grande do Sul perdeu, entre 2011 e 2020, uma média de 142.000 ha de pastagens nativas por ano.
“Conforme relatos do próprio Carrefour, muitos consumidores procuram a chamada ‘carne do passarinho’ porque gostam de seu sabor diferenciado (decorrente do consumo de espécies forrageiras nativas pelos bovinos), porém a maioria deles desconhece o conceito por trás do selo. Temos de investir mais em marketing, contar melhor a nossa história, mostrar que produzimos carne de qualidade sustentável ”, diz Pedro Brites Pascotini, coordenador da Alianza do Pastizal no Brasil.
O passarinho estampado na embalagem da carne é o veste-amarela (Xanthopsar flavus), espécie escolhida como símbolo do projeto por ser comum nos Pampas dos três países participantes e estar em risco de extinção, como os campos nativos onde ele vive.
A reestruturação do programa de carne da Alianza no Brasil tem um olho no futuro e outro no retrovisor. A extinta parceria com a Marfrig não garantia bonificação satisfatória (até 2% sobre o valor do kg vivo), o que gerava descontentamento entre os produtores. Como não havia obrigatoriedade de entrega, o produto era direcionado a mercados mais atrativos. “Por isso, não conseguíamos regularidade de oferta”, relata Pascotini.