A produtividade das plantas de soja é impactada diretamente pela eficácia de controle de qualquer fungicida. No entanto, fitopatologistas apontaram que algumas ferramentas de manejo dos fatores limitantes da produção estão perdendo cada vez mais a eficiência em razão da seleção das pragas e dos fungos resistentes.
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“A variabilidade dos resultados dos ensaios em rede tem sido muito alta em razão da variabilidade dos fungos nas diferentes regiões. Muitos produtores não enxergam a consequência da resistência porque o escape da principal doença, que é a ferrugem, tem sido alto pelo plantio de soja precoce no início da safra, mas a eficiência dos fungicidas para o controle dessa doença vem reduzindo a cada safra”, afirmou Claudia Vieira Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja durante o XIX Encontro Técnico Soja Fundação MT.
A redução do controle em função da resistência fez com que doenças que não eram problemas antes surgissem com uma maior frequência em razão da intensificação de plantio. De acordo com a pesquisadora, essa situação só tende a aumentar nas próximas safras para os fungicidas sítio-específicos (que agem em apenas um ponto do metabolismo do fungo) por apresentarem alto risco de resistência e pelas mutações estarem se acumulando no genoma dos fungos.
A saída é pelas boas práticas
Além da rotação de produtos na lavoura, os pesquisadores recomendam a adoção de fungicidas multissítios (que agem em mais de um ponto do metabolismo do fungo) para tentar atrasar o processo de seleção de resistência. “Outro alerta é para a necessidade de integração de ferramentas e tecnologias para assegurar maior longevidade das moléculas no campo e consequentemente sustentabilidade da cadeia, com liquidez e renda ao produtor”, aponta Ivan Pedro Araújo Junior, pesquisador da Fundação MT.
No encontro, foi apresentado também os desafios climático e fitossanitário para a sojicultura. Erlei Melo Reis, professor da Universidade de Buenos Aires, disse que o manejo das doenças da soja deve ser integrado e que, portanto, apenas o uso de fungicidas não garante o controle sustentável das doenças, podendo até mesmo aumentar os casos de resistência.
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“É importante utilizar sempre misturas comerciais formadas por dois ou mais fungicidas com modo de ação distintos, como também aplicar doses e intervalos recomendados pelo fabricante. Os fungicidas devem ser usados preventivamente. As aplicações em alta pressão de doença e de forma curativa devem ser evitadas”.
Os pesquisadores ressaltaram que neste período do ano, de maiores ocorrências, tudo que o produtor rural e sua equipe puderem fazer é válido, não existindo uma única recomendação técnica que garanta a melhor estratégia de controle.