Em coletiva realizada em 27 de março, o Rally da Safra 2023/2024 reviu suas expectativas para cima, em um último fechamento. Apesar de estiagens localizadas, chuvas atrasadas e temperaturas muito acima das médias históricas, o monstro da quebra de safra na soja não será tão feio.
Segundo o levantamento da Agroconsult, empresa gerenciadora do certame, essa safra deverá fechar com produção de 156,5 milhões de toneladas. Em relação à safra 2022/2023 (162,4 milhões/t), a redução é de 3,6%. A produção do grão de 2023/2024 é a segunda maior da história.
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Segundo André Debastiani, coordenador do Rally, a revisão positiva das expectativas se deve a um incremento da área de plantio de 753 mil hectares – obtidos por imagens de satélite – e da produtividade das lavouras implantadas mais tardiamente que receberam melhor volume de chuvas.
Produtividade também é revista
A Agroconsult ajustou também algumas produtividades. No Rio Grande do Sul, as chuvas do final de fevereiro foram benéficas e trouxeram bons resultados. Os técnicos avaliaram lavouras no estado e a estimativa de produtividade passou de 55 para 57,2 sacas por hectare.
Houve revisão positiva também em Minas Gerais, que, com a regularidade das chuvas, passou de 57 para 63,4 sacas por hectare. Goiás mão deixou por menos e saiu de 59 para 62,2 sacas/ha. No Mato Grosso, a produtividade foi alterada de 52,5 para 53,1/há, enquanto a Bahia, de 60 para 63,8 sacas/ha.
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As revisões negativas ocorreram nas produtividades de São Paulo, de 55 para 48 sacas por hectare; Paraná, de 58 para 56,1 sacas por hectare; e no Mato Grosso do Sul, com redução de 57,5 para 51,2 sacas/ha.
Na batida do gongo
Maior área de plantio e produtividade respondem por mais 4,3 milhões de toneladas. A colheita está em fase final e não deverá prejudicar o plantio de milho safrinha que, mesmo assim, deverá contar com redução de 3,9% da área plantada, ficando em 16,3 milhões de hectares.
A produção de milho está estimada em 96,4 milhões de toneladas, com queda de 10,9% sobre 22/23. O Rally da Safra prosseguirá em maio e junho, com seis equipes avaliando as lavouras de milho 2ª safra. As áreas visitadas respondem por 97% da área de produção de soja e 72% da de milho.
Segundo os analistas presentes não faltarão grãos para exportações nem consumo interno, em especial para a produção animal. Ocorre que as cotações dos grãos estão baixas, favorecendo os negócios. Porém, as consequências do desestímulo são esperadas nas perspectivas para a safra 2024/2024.
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Olhando a round seguinte
Os preços da soja chegaram ao menor patamar em três anos e meio. Na bolsa de Chicago, as cotações (final de fevereiro) da soja já acumulam queda de 6% em 30 dias, de 11% no ano e de 25% em 12 meses. O milho vai na mesma linha, 8% em 30 dias, 13% no ano e 38% em 12 meses. Tudo se explica pela oferta e procura.
Com bases em números do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Cepea/Esalq/USP), no Brasil, em um ano, a cotação da saca paga à vista caiu 19%, de R$ 153,07 para R$ 124,04 (28 de março). Na moeda estadunidense, de US$ 29,44 para US$ 24,76.
Para Ricardo França, Head de Agronegócio do Banco Santander, a instituição financeira está atenta e se planejando para os próximos meses. “Muito teremos de renegociar e, para a próxima safra, o crédito terá papel fundamental para o sucesso. Estamos abertos e preparando opções viáveis”, reforça.
Além do Santander, patrocinam esta 21ª edição do Rally, OCP Brasil, BASF, Credenz, Soytech, Biotrop, Serasa Experian e JDT Seguros. O levantamento percorreu, desde janeiro, 15 estados (MT, RO, GO, MG, MS, PR, SC, SP, RS, MA, PI, TO, BA, PA e DF) durante as fases de desenvolvimento das lavouras e colheita.