O desafio de produzir carne de qualidade com rastreabilidade, legalidade e responsabilidade socioambiental na Amazônia Legal foi o foco principal dos debates realizados no dia 16 de novembro, durante a realização da 1ª edição dos “Diálogos Boi na Linha”, evento promovido pelo Imaflora no Carajás Centro de Convenções, em Marabá (PA).
Representantes do governo, sociedade civil, frigoríficos e pecuaristas acompanharam quatro mesas de debate com 24 painelistas, que falaram dos desafios e das oportunidades da atividade, principalmente no Pará, que possui o segundo maior rebanho bovino do Brasil, com quase 27 milhões de cabeças.
“As conversas realizadas aqui apresentaram soluções e ferramentas já implementadas no Pará e que mostram que, realmente, é um estado pioneiro e que pode auxiliar com o seu exemplo na aplicação de muitas iniciativas. Essas ações precisam ser costuradas entre diversos elos dessa cadeia, que se reuniram para um debate transparente e enriquecedor neste evento, visando estabelecer uma agenda de implementação em escala para rastrear e monitorar esse rebanho”, afirma, em nota à imprensa, a diretora-executiva do Imaflora, Marina Piatto.
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“A rastreabilidade não é só uma exigência de mercado. É importante saber que o Pará se propõe a rastrear todo o rebanho, desde o nascimento dos animais, mas, para isso, é necessário esse diálogo e o engajamento de todos os envolvidos no tema, e que estejam comprometidos com a sustentabilidade”, acrescenta.
“Mais do que trazer para o Pará, temos que ressaltar a importância de o evento ter vindo para Marabá, interior do estado e uma das maiores praças de pecuária do Brasil. Isso é importante, uma vez que a finalidade do evento, como o próprio nome diz, é dialogar com os pecuaristas, para que eles entendam os compromissos da rastreabilidade e as oportunidades que o tema gera para eles”, explica o Secretário Adjunto de Meio Ambiente do Estado do Pará, Raul Protazio Romão.
“O Pará foi o primeiro estado a criar uma plataforma pública de rastreabilidade que é capaz de identificar fornecedores indiretos. Agora estamos propondo a universalização da rastreabilidade individual, que é o maior grau de rastreabilidade, maior nível de garantia e de segurança que existe. Isso não é o Pará entrando na rastreabilidade, mas sim evoluindo para o individual, mostrando que estamos sim à frente nessa agenda”, complementou.
Presente em uma das mesas de debate do evento, o Procurador da República do Ministério Público Federal, Ricardo Augusto Negrini destacou a importância da realização de eventos como esse para promover o diálogo entre todos os envolvidos no processo de produzir com mais sustentabilidade, engajando a todos no objetivo final.
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Segundo ele, a questão fundamental para os próximos diálogos é a cadeia dos indiretos. “Esse vai ser o tema que todos teremos que enfrentar, com diálogo e entendimento. Há algum tempo estamos tratando desse assunto. Hoje compreendemos que temos ferramentas e informações que não tínhamos, além de sistemas que permitem a requalificação dos produtores. Precisamos ter mecanismos eficientes para não prejudicar quem quer se requalificar e debates como esse auxiliam nesse processo”, reforça.
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Diálogo e agilidade – Lisandro Inakake, gerente de projetos do Imaflora, à frente do programa Boi na Linha, destaca que as chaves para o avanço dos procedimentos que tornam a pecuária sustentável estão no diálogo e na agilidade dos processos.
“Precisamos promover a evolução do debate, identificando as agendas comuns e discutindo os pontos divergentes, sempre em busca do avanço. Nesse contexto, o evento Diálogos Boi na Linha cumpriu seu papel, pois atingiu o objetivo de entrar no espaço e promover a conversa entre os protagonistas do setor. Os desafios e as oportunidades foram apresentados e, por meio deles entendemos que temos sim a possibilidade de fazer a transição da pecuária mais responsável e mais eficiente, que contribua para redução da emissão dos gases de efeito estufa, evitando que a expansão desordenada sobre o território, principalmente em terras públicas, não seja associada à atividade”, resume ele.
Fonte: Ascom Imaflora