Em 2022, com uma tonelada de carne bovina exportada pelos frigoríficos do Mato Grossso ao mercado da China, era possível comprar 91,68 arrobas de boi gordo.
Na parcial de 2024 (1º semestre), essa relação de troca recuou drasticamente, atingindo 80,42 @/tonelada, de acordo com levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Tal relação é batizada pelos analistas do Imea de “Índice de Atratividade das Exportações”, indicador que mensura quantas arrobas de boi gordo seriam compradas com a exportação de 1 tonelada de carne bovina.
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Em outras palavras: trata-se da comparação entre preço de venda (da carne bovina) em relação ao custo de compra da matéria-prima (boiada gorda).
“Tal indicador dá uma ideia de margem da indústria, pois quanto mais arrobas uma tonelada paga, melhor a conta do exportador”, esclarece o analista Hyberville Neto, diretor da HN Agro e colunista do Portal DBO.
Ou seja, o preço pago pelos importadores da China pela carne brasileira tem recuado fortemente nos últimos tempos.
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Segundo dados levantados pelo economista Yago Travagini e demais da equipe da Agrifatto, em maio/24, a proteína nacional exportada para o mercado chinês atingiu o menor valor desde fevereiro/24, ficando cotada a US$ 4.754/tonelada, uma queda de 2,54% sobre o valor médio de abril/24.
Por sua vez, em junho/24, o valor da carne brasileira atingiu o menor patamar desde setembro/20, chegando a US$ 4.399/tonelada. “Como essa proteína ainda chegará na China nos próximos meses, deveremos ver ainda o preço médio pago pelos chineses ainda recuando”, prevê Travagini.
Caminho inverso
Seguindo trajetória inversa ao movimento observado na China, o Índice de Atratividade das Exportações para os Emirados Árabes Unidos vem crescendo nos últimos anos.
Segundo os dados do Imea, a relação de troca do país saiu de 65,25 arrobas por tonelada em 2022 para 88,38 @/tonelada no primeiro semestre de 2024 – um aumento de 35,45% (dados referentes ao produto produzido no Mato Grosso).
Números gerais colhidos pela Agrifatto mostram que, no primeiro semestre de 2024, os Emirados Árabes Unidos foram o que mais aumentaram em volume as compras de carne bovina brasileira, “adquirindo 243% (66 mil toneladas) a mais que em igual período de 2023, chegando a 93,12 mil toneladas.
Pelos dados do Imea, a participação dos Emirados Árabes Unidos nos embarques totais de carne bovina do Mato Grosso no primeiro semestre de 2024 ficou em 14,36%, ante fatia de apenas 3,85% computada no primeiro semestre de 2023.
Em contrapartida, compara o Imea, a participação da China caiu de 53,70% no primeiro semestre do ano passado para 41,82% nos primeiros seis meses deste ano.
No entendimento do economista Yago Travagini, as expansões da carne bovina brasileira nos Emirados Árabes (e em outros importantes países importadores) só foram possíveis por conta da forte redução de preço e pela qualidade que o produto nacional detêm no exterior.
“Com a carne mais barata, países que antes (durante os anos de 2020 a 2022) não adquiriam a nossa proteína em grandes volumes vieram com força”, reforça Travagini, que acrescenta: “Não à toa a nossa dependência dos chineses reduziu em 8,57 pontos percentuais este ano, com eles atingindo um nível de participação de 49,48%, o menor desde 2020”.