Os pecuaristas do Mato Grosso podem reduzir em 32% o confinamento em 2023, para 479,77 mil cabeças, em relação ao resultado consolidado em 2022, de 704,2 mil animais levados aos cochos, segundo o primeiro levantamento das intenções de confinamento no Estado, realizado em abril/23 pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Na comparação com a pesquisa computada em abril de 2022, quando foram projetadas 529,9 mil cabeças confinadas, a queda em relação ao primeiro levantamento deste ano foi de 9,46%.
A pesquisa contou com a participação de 96 confinadores, do total de 160 da amostra, obtendo uma representatividade de 60% do total amostrado.
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Dentre as principais preocupações dos pecuaristas de Mato Grosso para a tomada de decisão no confinamento, 37,36% dos entrevistados destacaram o preço do boi gordo, devido a intensa desvalorização do animal no último ano.
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Em abril/23, o pecuarista mato-grossense recebeu, em média, R$ 246,05 pela arroba do boi gordo, o que representou desvalorização de R$ 45,88/@ sobre o valor obtido em abril/22, de R$ 291,93/@, de acordo com o Imea.
Além disso, 14,84% dos entrevistados apontaram também a baixa lucratividade, em reflexo do alto custo de produção, sobretudo em relação aos preços dos insumos.
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No entanto, apesar de 14,29% dos entrevistados terem informado o preço dos insumos dentre as principais preocupações, o Imea destaca o movimento de queda nas cotações do milho e do farelo de soja, importantes ingredientes usados na nutrição animal.
“Os preços do milho e do farelo de soja já sofreram redução de 28,66% e 25,15%, respectivamente, em abril/23 ante abril/22”, compara o instituto.
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Com a inversão do ciclo pecuário foi observada também uma baixa significativa nos preços dos animais de reposição, relata o Imea.
Tal fato, diz o instituto, aliviou a conta do confinador, uma vez que o custo com aquisição de animais está entre as maiores participações no custeio da pecuária de ciclo completo.
“Se em abril/22, o pecuarista precisava desembolsar R$ 4.023,21/cabeça para a compra de um boi magro, em abril23 ele precisou de R$ 3.280,26/cabeça, uma retração de 18,47% no comparativo anual”, destaca.
Porém, apesar da atual redução nos gastos com aquisição de animais e insumos, em 2023, o custo da diária do animal terminado no Mato Grosso se manteve próximo do observado nos últimos anos, apenas com um leve ajuste negativo.
Segundo o levantamento do Imea, o valor médio da diária no confinamento ficou em R$ 15,72/cabeça/dia, uma queda de 2,13% ante ao consolidado de 2022.
“O que justifica esse valor próximo dos patamares anteriores é que os confinadores podem ainda estar carregando os estoques de insumos antigos. Desta forma, a atual queda nas cotações dos principais insumos alimentares tende a refletir na redução do custo da diária ao longo do ano, conforme o confinador for renovando o estoque com os preços menores”, justifica o Imea.
Negócios antecipados – A significativa redução nos preços dos animais de reposição refletiu no aumento da quantidade de animais já garantidos para a terminação.
Segundo o Imea, 45,30% dos animais previstos para confinamento já foram negociados, ao passo que no levantamento de abril/22 esse número era de apenas 17,21% – ou seja, houve um avanço de 28,09 pontos percentuais.
“Isso indica que o pecuarista aproveitou o momento de baixa na reposição para garantir os animais com um custo mais baixo”, observa o Imea.
No entanto, levando-se em conta que a maior parte da engorda em cocho ocorre no segundo semestre, ainda existe uma janela de 54,70% de animais que precisam ser comprados.
Na avaliação do Imea, o cenário atual de queda nos preços do milho e da soja, somado ao fato de que o mercado de reposição no Estado também tem caído, tende a animar os confinadores nos próximos meses, “de modo que o volume do rebanho confinado pode ser reajustado para cima nos próximos levantamentos”.