“O Brasil está para o mercado de carne assim como o Oriente Médio está para o mercado de petróleo. Aqui é a terra da carne bovina”, enfatizou em sua palestra o economista agrícola da Esalq-USP, Thiago Bernardino de Carvalho, que teve a missão de abrir a programação do 5° Fórum da Pecuária de Corte. O evento está sendo realizado em Salvador (BA) e é uma iniciativa do Rehagro em parceria com a consultoria Start e com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia.
Em sua explanação, focada em tratar dos desafios e oportunidades no mercado global de carne, o especialista defendeu a necessidade da profissionalização das fazendas pecuárias, sobretudo em relação à capacidade de o produtor analisar dados, indicadores e informações de qualidade para a tomada de decisões e lidar com os múltiplos fatores que interferem diretamente no mercado de carne bovina.
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“A atividade sempre tomará choques, vindos de todos os lados. Desafios e diversas outras questões sanitárias, climáticas, econômicas, logísticas e mercadológicas surgem a todo o instante, demandando que o produtor tenha condições de rever o rumo planejado, se necessário”, observou Carvalho. “Além disso, vale considerar também o preparo para lidar com as megatendências para o agro.”
Segundo Carvalho, até 2040, o agronegócio brasileiro lidará de forma muito mais intensa com a biotecnologia e com a sua própria digitalização, além de ampliar sua relevância na exportação de genética. Um ponto de atenção nesta lista, que já é bem sentida pelos produtores, é o apagão de mão de obra no campo, que tende a se intensificar e o que amplia a necessidade por cada vez mais tecnificação nas fazendas.
A importância da profissionalização na pecuária também ficou evidente na palestra do médico veterinário e consultor de Pecuária de Corte do Rehagro, Danilo Oliveira, dedicada a tratar dos “segredos” das fazendas lucrativas. Com base em uma análise de dezenas de propriedades pecuárias localizadas no Nordeste, região-sede do encontro, diversas e preocupantes fraquezas foram identificadas.
“A análise revelou que 100% dos pecuaristas têm problemas com a área de cocho e 92% não fazem controle de plantas daninhas”, exemplificou o consultor. “No campo da gestão, também chama a atenção que 83% das fazendas não possuem gestão zootécnica e 75% não possuem gestão financeira.”
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Dentre outras fraquezas identificadas, Oliveira lembrou que, atualmente, o Brasil já possui tecnologias para lidar com qualquer necessidade. O primeiro passo indicado pelo especialista, portanto, é o produtor fazer um profundo diagnóstico do que precisa e, assim, buscar conhecimentos técnicos e ferramentas para aprimorar sua gestão.
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O evento é composto por quatro painéis formatados para detalhar as melhores práticas e tendências em mercado, manejo e gestão, pastagem e nutrição — pilares essenciais para a sustentabilidade ambiental, social e econômica da pecuária brasileira. Dinâmico, o 5° Fórum da Pecuária de Corte tem a missão de fomentar novos conhecimentos e negócios por meio de palestras, mesas redondas e exposição comercial de produtos e serviços.
O Fórum da Pecuária de Corte segue até essa sexta-feira, dia 30. Confira outros destaques na edição de setembro da Revista DBO.
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