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Revista DBO

Especial Confinamento

Agosto 2022

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Agosto 2022

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Os top 20 da engorda a cocho no Brasil

Juntos, eles trabalharam com mais de 1,9 milhão de animais em 2021. 
Esta é uma “fotografia” simples dos maiores projetos de engorda do Brasil em número de cabeças confinadas. Exemplos da pujança de um segmento em expansão.

Por Carolina Rodrigues e Renato Villela

É inegável o crescimento e profissionalização dos confinamentos no Brasil. Nos últimos cinco anos, eles não apenas aumentaram de tamanho, como também se transformaram em unidades de produção altamente tecnificadas e “antenadas” com as demandas de mercado, investindo em rastreabilidade, automação e, mais recentemente, em redução de gases de efeito estufa. Não é exagero dizer que os confinamentos são a “locomotiva” da pecuária brasileira, puxando os “vagões” da cria e da recria rumo à intensificação.

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DBO fez um levantamento informal no mercado, com base em indicações de consultores, e listou os projetos Top 20 do País, com base no número de animais confinados em 2021. Alguns, como o Grande Lago, não quiseram atualizar seus números (usamos dados da reportagem de capa de DBO de 2020); outros não informaram dados, como a CSAP, ligada à Minerva. Pedimos desculpas se algum projeto importante ficou de fora da lista. Isso pode ocorrer, pois não se trata de um censo. Qualquer falha pode ser informada pelo WhatsApp (11) 96793-5819.

1º JBS

Com 336.000 animais confinados em 2021, fornecidos por 572 pecuaristas parceiros, a JBS possui nove unidades de confinamento em regiões estratégicas nos Estados de MT, MS, PA, MG e SP. Juntas, elas têm capacidade estática para 150.000 cabeças, número que deve chegar a 206.000 até o fim de 2022. Todas as unidades trabalham com planejamento nutricional padronizado (alto concentrado) e oferecem quatro modalidades de serviço: diária, @ produzida, ração por quilo e parceria no rendimento de carcaça.

As plantas adotam práticas de bem-estar animal em alinhamento com o Farm Animal Welfare Council (FAWC) e têm o compromisso de contribuir com o Net Zero 2040, iniciativa da companhia para zerar o balanço líquido de emissões de gases de efeito estufa (GEEs). A JBS desenvolve, ainda, trabalhos de pesquisa para avaliação de aditivos à base de tanino na dieta para bovinos, junto com o IZ de Sertãozinho (SP). Está conduzindo avaliações do aditivo na unidade de Rio Brilhante (MS), visando a redução de 55% das emissões.

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2º MFG

A MFG Agropecuária, do empresário Marcos Molina (Marfrig), confinou, em 2021, cerca de 218.000 animais. Para este ano, a expectativa é fechar 280.000. A empresa tem oito unidades, quatro delas no MT (Campo Novo do Parecis, Tangará da Serra, Comodoro e Campo Verde), uma em Mineiros (GO), uma em Terenos (MS), uma em Pereira Barreto (SP) e outra em Eldorado do Sul (RS). Juntas, elas têm capacidade estática para 158.000 cabeças. Não há volumoso na ração. Toda a gestão é feita por meio dos softwares Protheus e GA. Há dois modelos de parceria: diária (custo fixo) e @ produzida. “Tudo é feito por meio de simulação, de modo que os parceiros se programem antes da contratação do serviço”, informa André Campanini, gerente técnico da empresa. Segundo ele, a MFG está desenvolvendo um projeto de mitigação de metano utilizando linhagens de touros CEIP da Jacarezinho.

3º GRUPO JBJ

Com 134 currais e capacidade estática para 43.000 cabeças 1/2 sangue Angus, de onde saíram 29.322 novilhos precoces no ano passado, enviados ao frigorífico para abate em frações de 1.100 cabeças semanais, o Grupo JBJ (iniciais do empresário José Batista Júnior) figura entre os grande projetos de engorda intensiva do País. Toda essa estrutura moderna de confinamento fica na Fazenda Floresta, de 3.931 ha, localizada em Nazário (GO). Suas carcaças padronizadas têm destino certo: as mesas dos mais exigentes restaurantes nacionais, cujos clientes se dispõem a pagar caro por cortes nobres com garantia de qualidade.

O segundo confinamento do grupo, voltado exclusivamente à engorda de Nelore Grill, fica na Fazenda  Colorado, em Aruanã (GO) e tem capacidade estática para 82.000 cabeças. Em 2021, ela fechou 109.322 animais. Somadas, as duas unidades terminaram 148.644 animais no ano passado, com previsão de engorda de aproximadamente 164.000 animais em 2022 (41.750 em Nazário e 121.873 em Aruanã).  Em suas dietas, adota aditivo com foco na redução de 25% das emissões de metano.

4º FAZENDA CONFORTO

Localizada em Nova Crixás (GO), a Fazenda Conforto é um dos maiores e mais modernos confinamentos do País. Seus números são superlativos. Toda a recria é feita em pastagens irrigadas (12 pivôs centrais) e em “sequestro”. Seu confinamento tem capacidade estática para 62.000 animais. No ano passado, a empresa, pertencente ao empresário Alexandre Negrão, engordou no cocho 120.000 cabeças. Para este ano, a previsão é de 160.000. A fábrica de ração é dotada de floculadores e todo o sistema é informatizado. Oferece as modalidades de boitel, parceria e arroba produzida.

5º CAMPANELLI

A Agropastoril Paschoal Campanelli, em Altair (SP), confinou 100.000 animais ano passado. Para 2022, a projeção é chegar a 110.000. São dois confinamentos: um comercial, com capacidade para 32.000 animais, e outro que funciona como centro experimental, com capacidade para 3.696 animais. Altamente tecnificado, o confinamento utiliza os softwares de gestão TGC (dados zootécnico), Ecossistema (rastreabilidade), SigaFran (fabricação das dietas) e TOTVS (gestão de estoque de insumos). Vanguardista, a empresa investe em programas de bem-estar animal, como o de sombreamento.

6º BETTER BEEF

A Agropecuária Vista Alegre, de Presidente Bernardes (SP), também é referência quando o assunto é bem-estar animal na engorda intensiva. Com capacidade estática para 35.000 animais, engordou 100.000 cabeças, em 2021, em três giros. O projeto  abastece a marca Better Beef, produzida no frigorífico do grupo, em Rancharia (SP). O grupo investiu, nos últimos cinco anos, R$ 64 milhões em estrutura para maior conforto térmico dos animais, triplicando o número de baias cobertas. Conforto e boas práticas de manejo são vistos como essenciais para a qualidade das carcaças que abastecem a marca.

7º FRIGOESTRELA

O Grupo Frigoestrela, cujo projeto também é destaque na reportagem de capa da DBO de agosto, possui dois confinamentos: um com capacidade estática para 27.000 cabeças, em Estrela d’Oeste (SP), e outro em Aparecida do Taboado (MS), para 20.000. No ano passado, a empresa confinou 90.000 animais. Para 2022, a meta é chegar a 125.000 cabeças. Trabalhando com protocolos nutricionais e sanitários de última geração, planeja lançar, em breve, um projeto de integração, com o objetivo de atingir, em futuro próximo, a meta de 200.000 cabeças confinadas. A maior parte dos animais produzidos vai para o mercado chinês.

8º GRANDE LAGO

A Agropecuária Grande Lago, em Jussara (GO), pertencente ao Grupo Plena Alimentos, empresa frigorífica com sede em Contagem (MG), tem um confinamento com capacidade estática de 75.000 animais, um dos maiores do País. Toda informatizada, a agropecuária desenvolveu seu próprio programa de alimentação e conta com softwares como o Business Intelligence, BI, que facilita a gestão e a tomada de decisões. Capa da DBO em 2020, a empresa tinha como meta engordar 70.000 animais naquele ano, com intenção de chegar a 90.000 nas safras seguintes, por meio do serviço de boitel. Procurada pela reportagem para atualizar os números, a Grande Lago não quis se manifestar.

9º LF PEC

Propriedade de Francisco Camacho, a LF PEC é hoje uma das maiores holdings do setor, com uma filosofia bastante peculiar: aplicar a diversificação geográfica para mitigar riscos climáticos e comerciais, conceito usado em todo o projeto pecuário, hoje distribuído em nove unidades produtivas, entre fazendas e confinamentos. São cinco plantas em cinco Estados. A maior está em Mato Grosso: capacidade estática de 50.000 cabeças, seguida da da Bahia, com 30.000. São Paulo e Pará têm capacidade para 10.000 cabeças cada. A projeção da empresa é confinar 100.000 cabeças neste ano (em 2021 foram 85.000).

 

10º QUEIROZ DE QUEIROZ

Pertencente a família com 200 anos de atuação na região do Triângulo Mineiro, o confinamento, em Frutal, comporta 23.000 animais (duas unidades). Também fecha 4.500 bois numa fazenda em Riolândia (SP). Estrutura e gestão são sistematicamente modernizadas. Os Queiroz têm fábrica de ração que processa diariamente 400 toneladas e conta com os softwares TGC (Tecnologia e Gestão) e TGR (rastreabilidade). Possui controle de resultados individuais dos animais, possibilitando atender a nichos de mercados específicos. Terminou 82.500 animais em 2021, número que deve se repetir este ano.

11º SANTA FÉ

Localizado em Santa Helena de Goiás, engordou 74.000 cabeças em 2021. Pertencente ao empresário Pedro Merola, conta com uma capacidade estática para 40.000 animais e prevê confinar 70.000 este ano. Além de animais próprios, o confinamento oferece engorda em sistema de boitel, a preço fixo ou diária. O principal diferencial da operação são as balanças de precisão, que começaram a ser instaladas em 2017 e hoje somam 210 unidades, uma por piquete. Todo dia, cada animal é pesado oito vezes nesse sistema. A Santa Fé é nacionalmente conhecida por ter sido o “berço” do sistema de integração lavoura pecuária que leva seu nome. Na época, era comandada pelo pai de Pedro, Ricardo Merola.

12º MAXIMUS

A Maximus Agronegócio engordou 63.000 animais em 2021 e pretende chegar a 88.000 ou 90.000 cabeças em 2022. São quatro confinamentos: Santa Adélia, em Sabino (SP), administrado por Neto Sartor, e três do Maximus Feedlot, em Sales, Sertãozinho e Clementina, todos também no interior paulista. As quatro unidades têm capacidade estática para 49.000 animais. “Além de animais próprios, confinamos animais de terceiros, nas modalidades de consumo (em quilos de matéria seca), arroba produzida e parceria”, informa Sartor.

13º FAZENDA JULIANA

Sediada em Vilhena (RO) e pertencente a Alceu Elias Feldman, apresenta números expressivos, mesmo estando numa região com pouca tradição em confinamento. São duas unidades: uma em Chupinguaia e outra em Ariquemes, com capacidade total instalada para 58.500 animais. Todo o gado é próprio e a fazenda produz seus insumos. Ano passado foram confinadas 62.000 cabeças. Para este ano, a meta é menor: 53.000. O gerente Nadir Razini explica o porquê: “Tivemos uma seca forte no final da safrinha de milho e a produção ficou abaixo da expectativa; o boi magro está caro e não estamos vislumbrando bons preços para o boi gordo.”

14º CARA PRETA

Um dos projetos mais bem-sucedidos de verticalização, as Fazendas Cara Preta possuem duas plantas de confinamento, situadas ao norte de Minas Gerais, nos municípios de João da Ponte e Jequitaí. Ambas são exclusivas para a produção da carne Carapreta. A capacidade estática é de 70.000 cabeças. Em 2021, foram engordadas 61.105; para este ano, a previsão é de 67.900 animais. A empresa trabalha com os softwares SAP, Prodap e Atak – para gestão de todo seu sistema produtivo – e adota um programa bem fundamentado de bem-estar animal, sendo a única empresa com a certificação internacional Certified Humane.

15º SÃO LUCAS

Pertencente aos irmãos Alexandre e Gustavo Pasquele Parisi, fechou 56.000 animais em 2021. Para este ano, a meta é 60.000. A planta fica no município de Santa Helena de Goiás e tem capacidade estática para 25.000 animais. O confinamento não utiliza volumoso na dieta e mantém duas modalidades de parceria: diária e arroba produzida. De acordo com o gerente Paulo Victor Dias Borba, a mitigação de emissões de carbono é uma preocupação constante da operação. “Utilizamos um núcleo específico na dieta, fazemos reflorestamento para capturar carbono, além do tratamento dos dejetos do confinamento”, informa.

16º BOITEL CHAPARRAL

Com impressionante estrutura, fica às margens da Rodovia Raposo Tavares, na cidade de Rancharia (SP). Em 20 anos de funcionamento, tornou-se referência na engorda intensiva no Estado, com uso de sistemas automatizados que vão do trato à gestão administrativa. Engordou 38.000 animais nas safras 2019 e 2020, conquistando o prêmio de campeão do ranking nacional Nelore Fest, homenagem conferida pela ACNB (Associação dos Criadores de Nelore do Brasil). Oferece três modalidades: diária, arroba produzida e parceria, esta última com 200 pecuaristas. Deve terminar 50.000 animais este ano. Em 2021, foram 49.500.

17º CMA

Com planta única em Barretos (SP), o Confinamento Monte Alegre é referência em termos de gestão: todo o sistema é integrado por meio do software SAP, desde a rastreabilidade dos animais e da fábrica de ração até o controle financeiro e administrativo. Ano passado foram confinados 49.265 animais. Para 2022, a previsão são 58.265 cabeças. Trabalha com parcerias há dez anos. No modelo padrão, o produtor recebe pelo número de arrobas entregues, mais um prêmio. Sempre na vanguarda, o CMA conta com um projeto de mitigação de carbono, faz compostagem, tem parque fotovoltaico e capacita constantemente seus colaboradores com foco no bem-estar animal.

18º REAL BEEF

Com planta localizada em Sorriso (MT) e unidades destinadas a boitel no Estado de São Paulo, a Real Beef confinou 46.000 cabeças em 2021. Para este ano, a meta é ousada: chegar a 66.000. O modelo de parceria é o de arroba produzida. A capacidade estática é para 28.800 animais. O confinamento é todo informatizado. “Utilizamos softwares específicos para gestão zootécnica e de rastreabilidade, com exportação de dados par um BI, que nos permite uma gestão profissional de toda a operação”, relata Rodrigo Danelon, sócio-proprietário da empresa, junto com o irmão Rafael. “Nas dietas, usamos aditivos que mitigam a emissão de carbono”, complementa.

19º FRISA

Pertencente à Frisa Agropecuária – braço do Frigorífico Frisa, com plantas em Governador Valadares e Nanuque, ambos em Minas Gerais –, o confinamento tem capacidade estática para 20.000 animais. Confinou 46.000 em 2021 e tem meta ousada de 60.000 para 2022. Oferece as modalidades de @ entregue, diária e @ produzida. Utiliza os softwares Multibovinos e FeedManager. “Nossos currais são antiestresse e estamos desenvolvendo selos de sustentabilidade e bem-estar animal”, conta Marcos Pereira, gerente de Originação do frigorífico. O proprietário do Frisa, Arthur Arpini Coutinho, também deverá confinar 15.000 animais neste ano, como pessoa físca, ante 13.000 em 2021.

20º AGROJEM

Situada no Estado do Tocantins,  a Agrojem faz ciclo completo com recria a pasto e engorda em confinamento, em duas plantas regionais: Caseara, com capacidade estática para 28.000 animais; e Miranorte (36.000). Dona de uma pecuária altamente intensiva e bastante automatizada, utiliza tecnologias como ILP e protocolos nutricionais para mitigação das emissões de GEEs, com a produção concentrada em 50.000 ha de área produtiva. Outros 50.000 ha são de áreas preservadas. Em 2021, engordou 45.000 cabeças, número que deve saltar para 60.000 neste ano.

Confinamento nos últimos 60 anos

Na edição de junho da Revista DBO você pode conferir mais sobre a trajetória e os resultados do confinamento durante os 60 anos em que a atividade é feita na pecuária brasileira.

+ Matérias Especiais

Empresa do norte do ES obtém 1/3 de seu lucro operacional com a produção de composto orgânico, que aduba áreas de lavoura, principalmente milho
Espaço muito menor para a engorda intensiva e menos recursos investidos no operacional levam produtor a apostar na técnica para ir muito além das 2.000 cabeças
Benchmarking Nutron/Cargill bate recorde de animais avaliados, com lucro médio de R$ 1.224/cab no grupo Top 10%, 71% e crescimento no número de @ produzidas/animal.
Pouco difundida nos confinamentos, necrópsia é essencial para se descobrir o que provocou a morte do animal

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