Aproveitando material usado, abundante na fronteira com o Paraguai, fazenda monta instalação funcional e de baixo custo
Por Ariosto Mesquita
Ao longo de oito anos de trabalho na fronteira do Brasil com o Paraguai, o paranaense Eronides Francisco de Souza sempre topou com inúmeros depósitos de pneus velhos, fruto da desova de empresas especializadas e borracharias, acostumadas a atender clientes brasileiros em busca de melhores preços. Em 2017, decidiu utilizar esse tipo de material para construir parte do novo curral da Estância Juan Diego, em Pedro Juan Caballero, Paraguai, cidade vizinha à brasileira Ponta Porã (MS). Souza administra a propriedade de 1.100 ha para o Grupo Francisco Vierci e Cia, que possui nove fazendas. Quatro anos após a construção do curral com pneus, ele comemora:
“Economizamos na obra, reduzimos o tempo de manejo pela metade e garantimos maior bem-estar aos animais e segurança à equipe”.
Souza utilizou 1.300 pneus velhos de caminhão (aro 20) para estruturar a entrada principal, o corredor de acesso, parte do piso, e toda a cercania do curral que ocupa uma área total de 1.600 m2. A matéria prima foi fácil de conseguir e saiu quase de graça. “Os brasileiros atravessam a fronteira para trocar pneus, porque eles são mais baratos no Paraguai, e o material usado é jogado fora, frequentemente à beira de estradas. Liguei para lojas e borracheiros, combinei de pagar o diesel para que me trouxessem a pneuzada aqui na fazenda. Em pouco mais de 40 dias já tinha tudo do que eu precisava”, conta o gestor.
Ele estima que, em função do combustível, desembolsou R$ 1,33 por pneu entregue. A propriedade fica a uma distância aproximada de 6 km da área urbana de Pedro Juan Caballero. Com a pandemia, a oferta de pneus usados diminuiu e o material tem sido vendido por R$ 10 a unidade, mas, ainda assim, é bem mais barato do que a madeira, comumente usada em currais.