O mercado de carne bovina apresenta contrastes neste início de outubro, observa o engenheiro agrônomo Miguel Narbot, analista da Scot Consultoria.
“Enquanto o atacado segue com preços firmes e em alta, sustentado pela oferta restrita de boiadas para abate, o varejo encontra obstáculos, com os consumidores ainda cautelosos frente aos preços elevados”, resume Narbot.
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Segundo apurou a Agrifatto, após sete semanas de aumentos consecutivos, os reajustes de preços da carne bovina no atacado estão começando a aparecer no varejo.
“Mesmo em uma primeira quinzena do mês, período sazonalmente caracterizado por um aumento no consumo, a população pode começar a sentir os impactos de uma menor oferta e de um preço mais ‘salgado’, o que pode levar a uma retração nas compras”, observa a consultoria.
No segmento de carne com osso, os preços mantêm uma tendência de alta. No final de setembro, a carcaça do boi casado capão subiu 2,3%, sendo negociada por R$17,75/kg, segundo a Scot. Por sua vez, a carcaça do boi casado inteiro apresentou uma valorização de 2,9%, alcançando R$17,70/kg.
A vaca casada também seguiu esse movimento, com uma alta de 2,1%, negociada em R$17,35/kg. A novilha casada teve uma valorização de 0,9%, chegando em R$17,75/kg.
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“Esse aumento no atacado reflete a oferta restrita de animais prontos para abate e a demanda firme, tanto no mercado interno quanto externo”, reforça Narbot.
Com isso, continua o analista da Scot, no varejo, os preços da carne sem osso também seguem a tendência de alta, mas com um comportamento mais irregular entre os cortes.
Em São Paulo, no final de setembro, o preço médio registrou uma valorização média geral de 1,8%, impulsionado por cortes como o acém e a costela.
Já no atacado de carne sem osso, o cenário é mais cauteloso, informa o analista da Scot. Em SP, os preços subiram em média 1,0% nos últimos sete dias, com a maminha apresentando uma alta de 1,8% no período. Cortes traseiros, como a alcatra, registraram alta de 2,4% na última semana.
No entanto, diz Narbot, cortes como a picanha e o patinho tiveram quedas de 1,0% e 1,2 respectivamente.
Para o restante de outubro, espera-se que o mercado de carne continue aquecido no atacado, com aumentos adicionais impulsionados pela oferta limitada de bovinos prontos para o abate, prevê Narbot.
“A tendência é de que os preços do atacado permaneçam firmes, especialmente para cortes voltados ao consumo direto e à industrialização”, ressalta.
No varejo, no entanto, o cenário é mais desafiador. “Os consumidores continuam resistentes a novos reajustes, e a demanda, embora presente, pode permanecer abaixo do esperado, obrigando o setor a adaptar suas estratégias para manter o fluxo de vendas estável”, antecipa Narbot.