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Como parte das comemorações de seus 40 anos, DBO decidiu homenagear 10 pesquisadores e professores que trabalharam na criação de novas cultivares forrageiras e no aprimoramento do manejo de pastagens no Brasil, tanto irrigadas quanto de sequeiro. A lista foi elaborada com base em indicações de profissionais do setor e leitores da DBO, com curadoria da equipe da redação, que fez uma retrospectiva dos trabalhos desenvolvidos por cada especialista e sua eventual atuação de campo.
Todos são profissionais de renome, muitos deles premiados no País e no Exterior. Têm currículos admiráveis e atuam espontaneamente como “influenciadores tecnológicos”. Merecem total reconhecimento do setor pecuário, que não teria atingido o nível de profissionalização atual sem as pesquisas eu e conduziram. Infelizmente, muita gente boa ficou de fora, mas eles serão homenageados em outra oportunidade.
Moacyr Corsi dispensa apresentações. Admirado por alunos, referenciado por técnicos e produtores, é uma sumidade quando o assunto é intensificação da produção em áreas de pastagens. Mestre em Agronomia de Forrageiras pela Universidade Estadual de Ohio, leste dos Estados Unidos, Corsi fez doutorado no Brasil (Ciência Animal, na Esalq) e em Ohio, conduzindo pesquisas de grande importância para a pecuária nacional. “É preciso integrar estudos, porque são muitas as variáveis que influenciam um sistema produtivo”, ensina. Nascido em Socorro, interior paulista, Corsi por pouco não tomou outro rumo na vida. Dona Delfina, sua professora de matemática, bem que tentou convencê-lo a se enveredar para as Ciências Exatas, mas o menino bom em fazer contas queria “mexer com coisas da fazenda”. Determinado, ele bateu o pé e, para sorte da pecuária brasileira, trilhou sua trajetória no campo das Ciências Agrárias. A aptidão pelos números, no entanto, não foi deixada de lado. Pelo contrário. Quem já teve a oportunidade de se sentar na plateia para ouvir uma das inúmeras palestras proferidas por ele, conhece sua predileção pelos cálculos. Apaixonado como um iniciante e rigoroso como um professor exigente, Corsi está sempre disposto a provar que a rentabilidade obtida com a pecuária de corte pode ser maior do que a da soja ou a da cana-de-açúcar, desde que se trate a pastagem como cultura, mantendo a fertilidade do solo, controlando pragas e invasoras. Ou seja, desde que se faça o dever de casa.
Inúmeros projetos de irrigação de pastagens no Brasil têm a assinatura deste engenheiro agrônomo irriquieto e competente. Desde 2007, Luis César Dias Drumond é professor adjunto e pesquisador na área de hidráulica, irrigação e drenagem na Universidade Federal de Viçosa (Campus Rio Paranaíba, MG) e, há 40 anos (desde 1982), atende produtores interessados em irrigar pastagens, principalmente por meio de pivôs. Os projetos que ele ajudou a montar já somam mais de 10.000 ha, com capacidade para alojar 100.000 cabeças. Alguns reúnem dezenas de pivôs. Drumond também trabalha bastante com uso de efluentes em fertirrigação. Em 2021, um episódio consolidou seu protagonismo: a convite do Ministério do Meio Ambiente, escreveu toda a parte técnica da primeira resolução sobre fertirrigação com efluentes do Brasil. O documento (Resolução Conama 503), que dentre outras coisas define parâmetros para uso em pastagens, foi aprovado, por unanimidade, em 1º de dezembro de 2021 e publicado no dia 16 do mesmo mês, no Diário Oficial da União.
Em mais de três décadas de dedicação ao ensino, à pesquisa e à consultoria, o zootecnista Adilson de Paula Almeida Aguiar tornou-se um dos especialistas de pastagens mais respeitados do País e também no Exterior. Já assinou inúmeras artigos científicos e escreveu nove livros (cinco como autor e mais quatro como coautor), além ter participado de 20 vídeo-cursos. Como consultor pecuário, seus números também impressionam. Individualmente, ou em parceria, já orientou projetos em 330 fazendas de 152 clientes. Tem especialidade em solos e meio ambiente, pecuária intensiva (Israel) e manejo de pastagens (Nova Zelândia). Atualmente é professor de pós-graduação na FAZU (Uberaba) e na Rehagro; assina artigos regularmente na Revista DBO e é sócio da Consultoria e Planejamento Pecuário (Consupec), além de profissional disputado para realizar palestras em eventos de pecuária. “Me sinto realizado com todos os projetos que desenvolvi, seja como consultor, professor, escritor ou palestrante. Eles envolveram desafios, superações e entrega de resultados”, garante.
Sila Carneiro da Silva, professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), é considerado um dos “papas” do manejo de pastagens no Brasil. Graduado na renomada faculdade paulista, ele completou sua formação na Nova Zelândia, onde fez mestrado e doutorado. “Durante três anos, estudei a relação planta- animal-meio para entender como funciona uma gramínea forrageira e quais suas características, para planejar o uso dela. Foi um aprendizado riquíssimo”, relembra. De volta ao Brasil, em 1994, Sila se dedicou à mesma linha de pesquisa dos neozelandeses, porém com foco em forrageiras tropicais. Nos últimos 10 anos, coordenou uma série de estudos sobre interceptação luminosa, o que possibilitou o desenvolvimento do método de manejo do pasto pela altura de entrada e saída dos animais do piquete. Também ajudou a difundir, junto aos produtores, o conceito de “colheita” adequada do capim. Mais recentemente, tem se dedicado ao estudo sobre consórcios de gramíneas tropicais ou pastos “biodiversos”.
Ao longo de mais de 20 anos, o zootecnista Carlos Maurício Soares de Andrade se consolidou como liderança científica e peça-chave na diversificação forrageira no oeste amazônico. Desde 2001, ele integra o grupo de pesquisa em Produção Animal Sustentável da Embrapa Acre. Durante sua carreira, contribuiu para o desenvolvimento de cultivares de amendoim forrageiro, com destaque para a BRS Mandobi, hoje largamente cultivada na região. Sua produção técnica é extensa (mais de 200 publicações). Realizou importantes trabalhos para se desvendar as causas da Síndrome da Morte do Braquiarão/Marandu (SMB), que afetou grandes extensões de pastagens no Estado do Acre. Nos últimos anos, tem se dedicado ao estudo de cultivares resistentes à síndrome, além do controle do capim-navalha (invasora que tira o sono dos produtores da região) e sistemas para recuperação, reforma e replantio de pastos afetados pela SMB. “Atualmente, o Acre possui pastagens muito mais diversificadas e protegidas contra crises semelhantes”, garante o pesquisador.
A contribuição de Paulo César de Faccio Carvalho, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para o manejo de pastagens é inegável. Idealizador do sistema batizado de “Pastoreio Rotatínuo”, a partir de pesquisas sobre o comportamento de consumo do bovino, ele criou um modelo de manejo focado mais no animal do que no capim. O método já está sendo usado em 3.000 fazendas de quatro biomas brasileiros (Pampa, Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia) e começa a ser testado no Uruguai, Bélgica e Estados Unidos. “É fato raríssimo uma pesquisa se tornar inovação tecnológica com adoção tão significativa. Sinto-me gratificado”, confessa. Atualmente Faccio é presidente da Sociedade Brasileira de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária e diretor da Aliança SIPA. Contabiliza 750 publicações. Em outubro de 2022, seu nome foi incluído pela Universidade de Stanford (EUA) em duas listas: os 2% pesquisadores mais influentes do mundo em 2021 e ao longo da carreira, até o ano passado.
Ela é chamada carinhosamente de a “mãe das braquiárias”. Mais do que justo. Cacilda Borges do Valle contribuiu ativamente para o desenvolvimento de todas as forrageiras deste gênero lançadas pela Embrapa. Da Marandu (1984) até a Ipyporã (2017). Em 2019, se aposentou, mas não sumiu de cena. “Eu ainda estou meio presente. É aquela coisa do prazer sem compromisso”, avisa. Vez por outra, é vista na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS) colocando sua expertise a favor de alguns projetos com sua assinatura. Um deles é a “BRS Ybaté”, nova braquiária para pastejo rotacionado intensivo. “Já está registrada e protegida”, garante. Paralelamente, Cacilda ajuda a tocar um programa envolvendo sequestro de carbono por raízes de braquiária, a ser apresentado pelo Brasil na COP 27, em 2023. Sua agenda também está repleta de palestras em congressos, seminários e encontros técnicos. Com tanto trabalho, garante que ainda encontra tempo para desfrutar a aposentadoria: “Recentemente, fui a Londres assistir um torneio de tênis, passei o mês de agosto com meu filho no Canadá e vou curtir o Natal com minha família na América do Norte”.
Moacyr Bernardino Dias Filho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), começou a trabalhar com recuperação de pastagens degradadas em 1979, tornando-se referência no assunto. Hoje, é um dos difusores do conceito de “manejo preventivo”, tema da reportagem de capa desta edição. Boa parte de seu trabalho está condensado nos livros “Degradação de Pastagens: processos, causas e estratégias de recuperação” (2003) e “Recuperação de Pastagens Degradadas na Amazônia” (2019). Um marco de sua carreira foi o estudo comprovando que a Braquiária brizantha é intolerante ao excesso de água no solo. “A partir desse trabalho, publicado em 2000, passou-se a compreender um pouco melhor a Síndrome da Morte do Braquiarão”, salienta. Dias Filho permanece antenado e derramando conhecimento na pecuária brasileira. Desde 2015, com a publicação técnica “Controle de Capim-Capeta em Pastagens no Estado do Pará”, ele vem monitorando e subsidiando pecuaristas com alternativas de controle da invasora, principal praga dos dias atuais.
Liana Jank é responsável pelos projetos de desenvolvimento de cultivares de Panicum maximum que já resultaram na liberação comercial dos capins Tanzânia-1, Mombaça, Massai, Zuri, Tamani e Quênia. Ou seja, em sua carreira ela liderou trabalhos que colocaram no mercado as principais forrageiras do gênero produzidas pela Embrapa, e que, hoje, ocupam uma área estimada em 20 milhões de ha. Só isso já bastaria para justificar o título de “dama dos Panicuns”. Ela também é curadora do Banco Ativo de Germoplasma do gênero, um conjunto de 427 materiais coletados na África, disponibilizado pela França e introduzido no Brasil em 1982. Liana é graduada em Agronomia e tem doutorado em Melhoramento de Plantas pela Universidade da Flórida (EUA). O desenvolvimento do Tanzânia foi um marco em sua carreira. “Algum tempo após o lançamento desse capim, assisti na televisão um produtor do Rio de Janeiro contar como a forrageira mudou sua vida positivamente. Isso me deixou muito feliz”, relata a pesquisadora.
Entusiasmo, inspiração, referência. É difícil encontrar uma palavra capaz de definir a trajetória do agrônomo e pesquisador gaúcho Carlos Nabinger. Apaixonado pelo bioma Pampa, ele ingressou como professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1977 e dedicou boa parte de sua vida acadêmica à pesquisa em defesa dos campos nativos. Com o afinco daqueles que lutam incondicionalmente por uma causa, Nabinger esforçou-se em mostrar aos produtores gaúchos a capacidade produtiva e qualidade das pastagens naturais da região, para que a pecuária pudesse enfrentar de igual para igual o avanço da agricultura sobre o bioma, especialmente da soja. Nabinguer deu régua e compasso aos produtores que toparam o desafio de manejar um pasto de rara diversidade, cheio de nuances, cujo comportamento varia ao longo do ano, de acordo com as espécies que se alternam no inverno e verão. Hoje aposentado da UFRGS, ele dedica seu tempo à orientação de jovens pesquisadores na Universidade da República (Udelar), de Montevidéu, no Uruguai, além de ministrar cursos e palestras no Rio Grande do Sul.
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