A DBO apresenta a terceira edição do ranking com informações riquíssimas sobre o setor, que é pioneiro no uso de tecnologias e mantém compromisso crescente com a sustentabilidade. Juntos eles confinaram mais de 1,9 milhão de cabeças.
Por Maristela Franco, editora da Revista DBO
Pelo terceiro ano consecutivo, a DBO publica o ranking dos maiores confinadores do Brasil, que exigiu muito esforço de levantamento, porém nos deu uma certeza: a atividade de engorda intensiva está crescendo independentemente dos reveses de mercado. As empresas TOP 20 engordaram, em 2023, um total de 1.987.112 cabeças, 3,46% a mais do que em 2022, quando entregaram 1.920.541 animais. Aproveitando a deixa das Olimpíadas, todas são “ouro” no pódio da engorda.
Um dado relevante é que 68,75% dos confinadores que estavam na lista em 2022 e nela se mantiveram em 2023 (ano particularmente difícil para o setor) conseguiram estabilizar ou aumentar o número de animais confinados. Alguns até cresceram de forma expressiva, como é o caso da baiana Captar, que passou de 73.750 para 134.354 cabeças (alta de 82%); a tocantinense Agrojem, que foi de 70.000 para 105.000 (+ 40%); o grupo mineiro Frisa, que ampliou sua engorda a cocho de 68.164 para 100.250 cabeças (+ 47%) e a MFG, campeã do TOP 20 nos últimos dois anos, que cresceu 18,63%, passando de 220.000 para 261.097 cabeças.
Houve, contudo, quem reestruturasse seus negócios (caso da Maximus, que entregou uma planta arrendada em Sabino, SP) ou quem preferisse colocar o pé no freio preventivamente em 2023, fechando menos animais, como é o caso da LF Pec, da Grande Lago e do Frigoestrela. Quem trabalha principalmente com prestação de serviços sentiu a crise do mercado, com menos procura por parcerias. Em função disso, alguns projetos listados no ranking de 2022 ficaram de fora em 2023. Houve desistências, como a JBJ, segunda melhor colocada no ano passado (168.980 cabeças confinadas), que optou por não responder nosso questionário, base da pesquisa para identificação dos campeões da engorda intensiva no País. Também não quiseram participar o Grupo Ribeiro (que termina mais de 80.000 cab/ano, segundo informações de mercado), e a Companhia Sulamericana de Pecuária, ligada à Família Vilela, controladora da Minerva, cuja produção confinada situa-se na mesma faixa. Se essas empresas estivessem no ranking, o número de animais confinados pelos TOP 20 seria superior a 2 milhões de cabeças, mas a participação é voluntária e, por isso, não temos como ser 100% exatos.
Ainda assim, trata-se de um levantamento único, feito exclusivamente pela DBO, com dados chancelados pelas empresas participantes. Temos muito orgulho desse trabalho, que parte de indicações de consultores da área e prospecções da equipe DBO, à qual agradeço pelo empenho. Neste ano, inclusive, inserimos três novos integrantes na lista (3i, Abacaxi Quebrado e Ponto Alto). Todas as empresas são convidadas a responder um questionário simples sobre suas atividades, infraestrutura, eventuais serviços, visão gerencial e projeções para o ano em curso. As estimativas para 2024, inclusive, são bastante positivas. Juntos, os TOP 20 pretendem confinar 2.315.017 cabeças. Quase todas as empresas projetaram resultados superiores aos de 2023, indicando melhoria nas condições de mercado e na rentabilidade do confinador.
A história do confinamento é repleta de inovações e evoluções, desde a sua origem mais rudimentar até as modernas práticas sustentáveis usadas na pecuária atual.
Veja a linha do tempo completa desta história!
Processando os questionários recebidos, constatamos predominância de confinamentos que, além de engordar gado próprio, também prestam serviços a terceiros. São 15 dos 20 listados no ranking. Apenas cinco informaram não explorar essa modalidade de negócio (Campanelli, Better Beef, Queiroz de Queiroz, Abacaxi Quebrado e Cara Preta). Os tipos de parceria mais citados foram: diária, @produzida e consumo de matéria seca por cabeça. A concorrência nesta área é acirrada (veja notas sobre o que oferece cada empresa), daí a necessidade de se trabalhar cada vez mais com tecnologia, visando atingir os ganhos de peso projetados ou acordados com os parceiros. É o que faz a MFG Agropecuária, de Marcos Molina (sócio-fundador da Marfrig), sagrada bicampeã TOP 20. “Todos os nossos confinamentos têm as operações de trato 100% automatizadas, com gestão por indicadores e uso de ração adensada, com nível mínimo de fibras para garantir alto desempenho”, informa Vagner Lopes, gerente corporativo da empresa.
A JBS – que se ausentou no ranking anterior, mas ficou em segundo lugar neste ano – informou que também “está automatizando todas as suas unidades de engorda (são sete) e investindo em alta precisão nas fábricas de ração”. Muitas das empresas do ranking são altamente tecnificadas e reconhecidas pelo mercado. Todas usam dietas de alto concentrado, seguindo uma tendência já apontada pela tradicional pesquisa com nutricionistas coordenada por Danilo Millen, professor da Unesp-Dracena. A edição mais recente deste levantamento, divulgada em junho, mostrou que 84,3% dos 33 especialistas entrevistados recomendaram dietas de alto concentrado em 2023, mas apenas 44% adotaram formulações contendo entre 51% e 65% de grãos, ante 51,5% na pesquisa de 2021. Houve aumento no uso de coprodutos, o que também foi registrado por nosso questionário.
Perguntamos ainda, aos participantes do TOP 20, se eles usam ferramentas de gestão de risco (75% disseram que sim); se adotam práticas de bem-estar animal (100% de adesão) e se têm foco em sustentabilidade (também 100%). Os confinamentos forneceram informações riquíssimas sobre o que vêm fazendo nessas áreas, desde a compostagem de resíduos (esterco) até o manejo de baixo estresse no curral, passando por uso de sombrites, economia circular e qualificação de fornecedores (alguns já estão levantando informações relativas a irregularidades socioambientais dos produtores de quem compram gado). Há também quem faça coleta seletiva de lixo e adote programas voltados aos colaboradores e à comunidade mais próxima. Pretendemos trabalhar esses dados em outras reportagens.
Dentre as tendências apontadas, os confinamentos TOP 20 citaram maiores investimentos em sustentabilidade (com eventual uso de aditivos para redução das emissões de gases de efeito-estufa), aprimoramento da gestão com emprego de Big Data, monitoramento do trato por meio de drones e câmeras de raios infravermelhos, rastreabilidade total (desde a fazenda), inteligência artificial na automação e foco em pecuária regenerativa. Agradecemos a todos pela participação e até 2025.
Nome | Nº de cabeças em 20231 | Projeção para 2024 |
1º MFG Agropecuária | 261.097 | 350.000 |
2º Boitel JBS | 234.000 | 240.000 |
3º Fazenda Conforto | 170.000 | 174.000 |
4° Captar Agrobusiness | 134.354 | 170.000 |
5º Campanelli | 110.000 | 130.000 |
6º Agrojem | 105.000 | 120.000 |
7º Grupo Frisa | 100.250 | 110.000 |
8º Vista Alegre (Better Beef) | 100.000 | 110.000 |
9º Queiroz de Queiroz | 81.178 | 95.000 |
10º Mantiqueira | 71.409 | 69.017 |
11º Maximus | 70.319 | 72.000 |
12º Abacaxi Quebrado | 70.000 | 85.000 |
13 º Real Beef | 68.771 | 80.000 |
14º LF Pec | 65.000 | 60.000 |
15º Agropecuária 3i | 62.796 | 90.000 |
16º Frigoestrela | 60.000 | 70.000 |
17º Cara Preta | 62.000 | 95.000 |
18º CMA | 56.407 | 60.000 |
19º Grande Lago | 55.234 | 90.000 |
20º Ponto Alto | 49.297 | 45.000 |
Total | 1.987.112 | 2.315.017 |
1 O ranking é estabelecido com base em dados de 2023 |
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