Conteúdo Original | Revista DBO

Sombra de longa duração no confinamento

Plantio de linhas de eucalipto entre os piquetes, no sentido norte-sul, garante um clima mais agradável para os animais, favorecendo seu desempenho a cocho.

Renques de eucalipto nos piquetes do confinamento.
Por Renato Villela 

Quando se pensa em garantir uma sombrinha para que os animais confinados possam se refrescar nas horas mais quentes do dia, a imagem que logo vem à cabeça são as telas sombrites, as cobertura metálicas ou qualquer outro tipo de sombreamento artificial. A Fazenda Madras, localizada no município de Theobroma (RO), no entanto, decidiu inovar. Dedicada ao ciclo completo, optou pelo plantio de árvores em seu confinamento, utilizado para a preparação de tourinhos PO e engorda de vacas de descarte.

Como se sabe, a sombra natural é mais eficiente na redução da temperatura ambiente, além de melhorar a umidade relativa do ar, criando um microclima agradável para os animais. Há outras vantagens em relação aos demais modelos. “Estruturas metálicas têm um custo inicial alto. Já as telas sombrite são mais baratas, porém rasgam muito, duram pouco e demandam manutenção, além de não proporcionar o mesmo conforto térmico da sombra natural”, explica o agrônomo Arthur Cezar.

Responsável pelo plantio das árvores, o consultor explica que o sombreamento natural é mais trabalhoso no início. “Quando as mudas estão pequenas, é preciso fazer o coroamento ao redor do pé, combater ervas daninhas com roçagem ou aplicação de herbicidas seletivos, controlar formigas cortadeiras, cercar a área para evitar que os animais vandalizem as mudas, mas depois de dois/três anos, dependendo do crescimento das árvores, já dá para remover as cercas”, afirma.

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Espaçamento maior

O consultor plantou as linhas de eucalipto nas divisas laterais dos piquetes do confinamento, no sentido norte-sul. Deste modo, a sombra se desloca no decorrer do dia, de acordo com a posição do sol. “Pela manhã, ela fica à esquerda e à tarde à direita. Por isso, para que os piquetes tenham sombra durante todo o dia, é preciso que as árvores sejam plantadas nas laterais que dividem um piquete do outro”, explica. Um cuidado que Cezar tomou foi deixar o acesso livre na região dos bebedouros, interrompendo o plantio nas proximidades. Da mesma forma, respeitou uma faixa de 7 m de distância da linha de cocho, de modo a não “afunilar” a chegada dos animais para comer.

Como as árvores, plantadas no final de outubro do ano passado, ainda estão pequenas (2 a 3 m), o único acesso da pá carregadeira para fazer a limpeza é pelo fundo dos piquetes. Por esse motivo, também ficou uma faixa livre no final. Foram plantadas três linhas de eucalipto em cada divisa de piquete, com espaçamento de 4 m entre as ruas ou linhas e 3 m entre plantas.

O consultor explica que optou por deixar um espaço maior entre as linhas para facilitar operações rotineiras com o maquinário. “Hoje, temos de fazer a roçagem. Quando as árvores estiverem grandes e as cercas forem removidas, poderemos passar com a pá carregadeira por entre as ruas para fazer a limpeza dos piquetes”, explica.

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Fornecer sombra no confinamento proporciona não somente bem-estar para os animais, como pode garantir uns quilos a mais na balança no final do ciclo de engorda. Em algumas localidades, com maior incidência de radiação solar, o estresse térmico é grande, dependendo da época do ano.

“Nossos resultados mostram um ganho extra de, no mínimo, 80 g cab/dia e de, no máximo, 120 g/cab/dia, em animais confinados com acesso à sombra”, afirma a pesquisadora Fernanda Macitelli, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Economia Animal (Etco), ligado à Unesp de Jaboticabal (SP).

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