Da África do Sul, conversas sobre a aftosa de lá e mais emoções da visita a um grande parque natural; leia na coluna de Enrico Ortolani
Por Enrico Ortolani – Professor titular de Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ortolani@usp.br
No artigo anterior, narrei minha viagem pela savana do centro da África do Sul, onde visitei um confinamento, um frigorífico e uma reserva natural voltada à “caça esportiva”. Depois de permanecer por três dias por lá, voltei para Joanesburgo. Atravessei a metrópole com 8,2 milhões de habitantes para participar de um “pingue-pongue” científico, com veterinários e empresários de confinamentos, sobre a febre aftosa. Eles me relataram seus problemas e dei minha opinião sobre como enfrentá-los, baseado na experiência brasileira.
Esse país africano registra casos de febre aftosa desde 1930. Em nosso Brasil varonil, circulavam (anos atrás) cepas dos subtipos do vírus aftósico “A”, “O” e “C”. Por lá, ainda reinam o SAT 1, SAT 2 e SAT 3. Aqui, todos os subtipos provocavam severas úlceras na boca, entre os cascos e nas tetas das vacas, atingindo boa parte do rebanho (50% a 70%), especialmente os não vacinados, e, nos casos mais drásticos, causavam morte de até 15% dos bezerros. Por lá, um dos subgrupos (SAT 1) praticamente não gera sintomas clínicos e os demais (SAT 2 e SAT 3) causam quadro leve na boca, em gado de corte, e quadro mais severo na cavidade oral e tetas de vacas leiteiras, atingindo, em ambos os casos, não mais do que 40% dos animais, com um mínimo de mortes.